
set 19, 2024 Air Antunes Angatuba 0
Em 21 de abril de 1926, nascia Araripe Serpa no bairro operário do Belém,em São Paulo. Aos 18 anos vai trilhar seu caminho na Política e com ela buscar uma forma de convivência que oferecia condições para a realização do bem comum, o exercício do poder democrático e a luta para conquistá-lo.
O apoio inconteste ao presidente da República Getúlio Vargas, junto ao movimento Trabalhista, impulsionado por Hugo Borghi, permitiu a Araripe estar entre os fundadores do Partido Trabalhista Brasileiro – PTB e da dissidência que originou o Partido Trabalhista Nacional – PTN, considerado um dos mais expressivos grupos políticos de São Paulo.
Nessa seara encontrou a base da sustentação para sua práxis política, congregando, no mesmo escopo, Trabalhismo e Nacionalismo, onde em 1947, como forma de se fazer conhecido politicamente, participou, por todo estado de São Paulo, da campanha de Hugo Borghi para governador.
Aos 24 anos, elegeu-se Deputado Estadual, e juntamente com o Deputado Jânio Quadros, enfrentou desafios acerca do universo político. Em 1954, Jânio foi eleito Governador do Estado, entregando a Araripe a liderança da bancada governista; como também Jânio Quadros ao ser eleito Presidente da República em 31 de março de 1961 o nomeou para a 1ª subchefia do Gabinete Civil da Presidência, em Brasília, em cuja função permaneceu até a renúncia do presidente em 25 de agosto de 1961.
A grande importância dada ao Capital Político de Araripe foi um dos motivos do seu engajamento, possibilitando eleger Faria Lima Prefeito de São Paulo (o último Prefeito eleito pelo voto direto em plena revolução), em cuja administração ocupou o cargo de 1º Secretário da pasta de Serviços Municipais.
Com a instituição do bipartidarismo criaram-se as legendas: Aliança Renovadora Nacional- ARENA, pró Revolução e o Movimento Democrático Brasileiro- MDB, oposição ao governo e, Araripe, como membro dessa agremiação, se torna em 1966 o primeiro candidato ao Senado da República por São Paulo.
Diante das mazelas sociais, políticas, econômicas que a nação brasileira estava vivendo, Araripe, imbuído de uma postura ímpar de cidadania afinada com os princípios e valores verdadeiramente democráticos, parte para o confronto ao regime tirânico, ditatorial, ora imposto ao país.
Em 1972, Araripe elegeu-se o vereador mais votado, por São Paulo, graças ao seu dinamismo como “emedebista”, sua participação junto à Fundação Oscar Pedroso Horta, e a sua consonância com os grandes líderes Ulisses Guimarães e Pedro Simon.
Araripe, o agente legislativo, cuja grandeza de espírito público ao colocar a lisura do jogo democrático à frente das injustiças, preferiu “sair de cena” ao se deparar com o autoritarismo que emanava do regime militar, somada a persistência da violação dos direitos humanos, da liberdade de expressão reprimida, culminando com o fechamento das Casas Legislativas. Outrossim, pode ver, também, a “tribuna”, esse seu espaço político por excelência sendo aviltado e tantas outras imposições arbitrárias acontecendo.
A Formiplac Nordeste S. A., situada no município de Paulista, em Pernambuco, o contratou para trabalhar na referida empresa, motivando a mudança de Araripe e família para essa região. Como Diretor da Formiplac, criou a Assedipi arregimentando empresas industriais do eixo norte do Estado e, por dois mandatos exerceu a presidência do Centro das Indústrias de Pernambuco.
Em 21 de fevereiro, em Recife no Instituto Ricardo Brennand, recebeu a Medalha e a Comenda “Pacificador Sérgio Vieira de Mello” da ONU, do Parlamento Mundial para a Paz e a Segurança; e no mês seguinte aos 21 de março de 2005 a Assembleia Legislativa o agraciou com o título de Cidadão Pernambucano.
O período presencial de Araripe em terras pernambucanas, fruto de sua verve intelectual, política, de um homem verdadeiramente cristão, foi passível de reconhecimento, de gratidão, de respeito e de consideração, registrado nos anais da História desse povo.
Em Angatuba, a década de 1950 foi marcada por uma verdadeira inflexão na forma de praticar política. A razão desse evento ocorreu em virtude do ingresso de dois novos militantes nesse cenário, Levy Lisboa, que vai se consolidando como chefe político local, e Araripe Serpa eleito duas vezes como deputado estadual, com expressiva votação no município, que passa a ser sua principal base eleitoral.
O elo da política entre esses dois personagens é que ambos se inspiravam no trabalhismo desenvolvimentista de Getúlio Vargas, que tinha como perspectiva a universalização dos direitos básicos do cidadão, como saúde educação e justiça social.
Graças a labuta desses dois políticos que nesse período, a pequena Angatuba transformou aquilo que parecia ser uma utopia, em realidade: A construção da Santa Casa, a Criação do Ginásio, a criação da Casa da Lavoura e a elevação da cidade à Comarca, entre outros.
Sem sombra de dúvida, foi uma das fases mais férteis do desenvolvimento do município, pois a realização desses bens contribuíram e continuam contribuindo para a melhoria da qualidade de vida e para o bem-estar do povo angatubense.
A gratidão que o deputado Araripe Serpa nutria pela cidade era tão grande, que num de seus memoráveis discursos em praça pública, movido pela inteligência e brilho de seus insights confere à querida Angatuba a alcunha de Rosa do Sul Paulista, qualificativo que reforçou o sentimento de orgulho da cidadania Angatubense.
No dia 28 de julho de 2024, aos 98 anos Araripe, o ser humano único, insubstituível, que construiu uma história de vida surpreendente, a qual lhe conferiu um valor infinito, partiu para a eternidade, deixando um grande legado para a sua amada Angatuba!
Maria Aparecida Morais Lisboa
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