Há, na capacidade humana de enganar, uma estranha combinação de inteligência e decadência moral. Quando alguém, por trás de uma voz suave ao telefone, simula a autoridade de uma instituição e tenta extorquir dinheiro de um desconhecido, não é apenas um ato isolado de fraude, é o espelho de algo mais profundo: a fragilidade do vínculo de confiança entre as pessoas. Pois então, agora golpistas estão aproveitando as investigações feitas pela Operação Sem Desconto para prejudicar ainda mais aposentados e pensionistas do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). Segundo o Ministério da Previdência Social, há relatos de pessoas recebendo mensagens por diversos meios, prometendo ressarcimento dos descontos ilegais feitos pelas entidades investigadas pela Polícia Federal e pela Controladoria Geral da União. Ocorrências deste fato já foram constatadas inclusive com aposentados de Angatuba.
Como se diz, o golpe não depende apenas da mentira, mas da fé alheia na ordem das coisas, na ideia de que ainda se possa confiar em alguém que se diz ser quem é. A verdadeira crueldade está aí: manipular a boa-fé como uma ferramenta. E essa perversão exige cálculo, frieza e uma compreensão perversa da natureza humana. Em cada ligação falsa, há um pequeno teatro onde a ganância se disfarça de necessidade, e a vítima, surpreendida, se torna parte de um jogo que nunca pediu para jogar. É um lembrete incômodo de que, entre todos os talentos do ser humano, o de enganar talvez seja o mais inquietante, porque exige, paradoxalmente, um conhecimento profundo do que é ser confiável.
O alerta , por enquanto, é para que os aposentados ou pensionistas do INSS que tenham dúvidas se houve desconto de mensalidade associativa no extrato de pagamentos (contracheque) fiquem atento ao que fazer, e como pedir o ressarcimento. O que se sabe até então é os valores descontados no mês de abril ficarão retidos, conforme informado pela Controladoria Geral da União (CGU), e serão devolvidos na folha de maio, que vai de 26 de maio a 6 de junho. O ressarcimento dos valores relativos a mensalidades não reconhecidas pelos beneficiários descontados antes de abril deste ano serão avaliados por um grupo da Advocacia Geral da União (AGU), que estudará a melhor forma de devolver o dinheiro.
No que consistiu a Operação Sem Desconto– A Polícia Federal deflagrou na quarta-feira, 23 de maio de 2025, a operação Sem Desconto, que investiga um esquema de descontos indevidos em aposentadorias e pensões do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) que começou em 2019. A ação apontou que 70% das entidades auditadas pela CGU (Controladoria Geral da União) não estavam com a documentação em dia. Foram realizadas auditorias em 29 entidade que tinham ACTs (Acordos de Cooperação Técnica) com o INSS e entrevistas com 1.300 beneficiários. A maioria dos entrevistados afirmou não ter autorizado os descontos aplicados na folha de pagamento….