abr 15, 2014 Air Antunes Artigos 1
AFONSO MOTTA
Lembrei do meu pai na sessão da Câmara de Vereadores de Porto Alegre que simbolicamente restituiu o diploma do prefeito trabalhista Sereno Chaise, cassado pelo golpe de 64, e outros vereadores.
O velho Cassiano Pahim Motta, que já havia sido vereador, vice-prefeito e assumido a Prefeitura de Alegrete, não tinha mandato na ocasião, mas era preso sempre que acontecia qualquer fato de repercussão política local. Tenho vívida a imagem de menino vendo o pai entrar no jipe do quartel para repetidos interrogatórios.
Passados 50 anos, o debate volta em todas as suas matizes, especialmente na construção de perspectivas para as novas gerações. Talvez uma das piores heranças tenha sido o afastamento da vida pública, pela força, de homens que privavam da confiança do povo. Como disse Sereno Chaise, com simplicidade, nunca nutriu ódios mas lamentou as perdas da cidade.
As biografias interrompidas em 1964 tinham propósitos de grandes transformações sociais a partir da consolidação dos direitos do trabalhador e algumas reformas que foram vistas na época como radicais e até propositivas para um estado intervencionista e dominador dos meios de produção. Tratava-se de homens jovens que nutriam forte apoio da juventude da época, especialmente dos universitários. Incompreendidos por uma parcela da população, foram perseguidos, presos, mortos e exilados, inaugurando um período sombrio de nossa vida institucional.
Refazendo nossos caminhos políticos através da plenitude democrática, assistimos aos poucos o florescimento da militância jovem, como tem acontecido com frequência nas ruas de Porto Alegre, com um cunho político completamente diverso daqueles tempos de acirramento ideológico. Agora, através do ativismo das redes sociais, os direitos são reclamados pedindo espaço e segurança nas ruas para os ciclistas ou, ainda, a generalizada inconformidade com a qualidade dos serviços públicos, uma constante nos debates on line.
As manifestações de rua e da rede atualmente são outras, não se pede mais a interrupção da biografia de homens públicos por seu pensamento político ou ideológico, mas sim pelos procedimentos errados, pela falta de interesse público, pelos malfeitos e atos de corrupção.
Na verdade, a sociedade procura ansiosamente biografias para representá-la com dignidade e capacitadas para fazer as reformas que o país necessita.
Afonso Motta, advogado e produtor rural do Rio Grande do Sul
nov 12, 2023 0
out 12, 2023 0
jul 06, 2023 0
maio 31, 2023 0
Feliz Páscoa Brasil. Feliz ressurreição, Feliz passagem, Feliz travessia, Feliz vida nova.
Para os judeus, esta data tem a ver com a prisão e o êxodo destes do Egito ( 1250 a.C), conforme o Velho Testamento da Bíblia, no livro Êxodo, relacionada tb com a passagem dos hebreus pelo Mar Vermelho, liderados pelo libertador Moises, em fuga do Egito.
Para os Cristãos da primeira hora, a data tem tudo a ver com a ressurreição de Jesus Cristo, o Leão da Tribo de Judá, com a reunião da sua alma ao seu corpo, após a sua morte.
Para nós, brasileiros, essa data nos obriga a pensar, séria e profundamente, tb no martírio de Tiradentes (a ser lembrado aos 21/04/2014), esquartejado (21/04/1792, nascido aos 12/11/1746)) pela fúria, loucura e crueldade do domínio português e seus representantes encastelados no poder sobre o Brasil, então colônia, pelo fato de o Libertador ter ousado se expor e lutar pela libertação do povo brasileiro e do Brasil ( indignado com o volume de riquezas tomadas pelos corruptos da época e a pobreza em que o povo permanecia), cujo projeto de libertação, caso tivesse vingado , a partir de Vila Rica (abortado pelos “velhos do restelo”, corruptos da época e CiA…), hoje, provavelmente, já seriamo uma Confederação de Primeiro Mundo, como nos propõe o HoMeM do Mapa da Mina do bem comum do povo brasileiro, com a RPL-PNBC-ME, o Novo Caminho para o Novo Brasil de Verdade, porque evoluir é preciso, antes tarde do que nunca.
Portanto, tanto para os judeus quanto para os cristãos, Páscoa, tem tudo a ver com a esperança de uma vida nova.
Nesse contexto, pois,TRAVESSIA, coragem e medo, continuam sendo as palavras chaves da história, da semana e do período histórico que estamos todos vivenciando.
” Para quem tem medo, e a nada se atreve, tudo é ousado e perigoso. É o medo que esteriliza nossos abraços e cancela nossos afetos; que proíbe nossos beijos e nos coloca sempre do lado de cá do muro. Esse medo que se enraíza no coração do homem impede-o de ver o mundo que se descortina para além do muro, como se o novo fosse sempre uma cilada, e o desconhecido tivesse sempre uma armadilha a ameaçar nossa ilusão de segurança e certeza. O medo, já dizia Mira Y Lopes, é o grande gigante da alma, é a mais forte e mais atávica das nossas emoções. Somos educados para o medo, para o não-ousar e, no entanto, os grandes saltos que demos, no tempo e no espaço, na ciência e na arte, na vida e no amor, foram transgressões, e somente a coragem lúcida pode trazer o novo, e a paisagem vasta que se descortina além dos muros que erguemos dentro e fora de nós mesmos. E se Cristo não tivesse ousado saber-se o Messias Prometido? E se Galileu Galilei tivesse se acovardado, diante das evidências que hoje aceitamos naturalmente? E se Freud tivesse se acovardado diante das profundezas do inconsciente? E se Picasso não tivesse se atrevido a distorcer as formas e a olhar como quem tivesse mil olhos? “A mente apavora o que não é mesmo velho”, canta o poeta, expressando o choque do novo, o estranhamento do desconhecido. Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas, que já têm a forma do corpo, e esquecer os nossos caminhos, que nos levam sempre aos mesmos lugares. É o tempo da travessia: e se não ousarmos fazê-la, teremos ficado, para sempre, à margem de nós mesmos.” Feliz Páscoa a todos. HMM-RPL-PNBC-ME, saudações.