maio 15, 2014 Air Antunes Artigos 0
AFONSO MOTTA
Num filme que provoca profunda reflexão política, Tony Ramos interpreta Getúlio Vargas no seu fim. Através da ficção procura as razões que levaram o então presidente a dar um tiro no coração. Optou pela morte, como expresso na Carta Testamento, para entrar na história.
A narrativa dos últimos dias do presidente até o suicídio despertam o interesse pelo mito Getúlio Vargas, sua trajetória e a contribuição para a constituição da nação brasileira. As cenas marcantes da multidão carregando o corpo de Vargas e a repercussão nas ruas da maior comoção nacional de todos os tempos revelam a sintonia dele com o povo.
Foi um Congresso Municipalista que aclamou Getúlio como candidato de conciliação do Rio Grande do Sul para alcançar a união nacional. Vejam bem e considerem a realidade atual, foi uma união suprapartidária até então impensável, que viabilizou a frente única gaúcha. A plataforma na época era inovadora porque pregava a concessão de direitos sociais aos trabalhadores, o fim das leis repressoras, aferição dos serviços oferecidos pelo Estado à população, combate rigoroso da inflação, reforma fiscal, implementação de um parque siderúrgico próprio e ampliação dos direitos da cidadania.
Apesar das críticas radicais da imprensa e setores mais conservadores, Getúlio fez mais do que prometeu. Não sem antes perder a eleição por larga margem de sufrágios e liderar uma revolução que explodiu nas ruas. “Rio Grande de pé, pelo Brasil” era a frase que se misturava a hinos patrióticos e vivas à revolução que alcançou o Catete.
Este um capítulo que poderia se transformar em outro filme. Em 1950 Getúlio voltou ao debate nacional, prometendo nacionalizar o petróleo, aumentar o salário mínimo, ampliar as leis trabalhistas ao homem do campo e reforma agrária. Eleito, novamente fez mais do que prometeu. Controlou as moedas estrangeiras para favorecer as exportações e evitar as perdas internacionais, criou o BNDE e limitou a remessa de lucros ao exterior, ampliou os direitos políticos e aumentou o salário mínimo em 100%.
Não conseguiu realizar as reformas de base depois proclamadas por Jango e que ainda são fundamentais para o desenvolvimento do país, nem tampouco venceu a conspiração permanente das forças conservadoras. Certo é que o presidente Getúlio Vargas moldou a cidadania e ofereceu a vida pela democracia. Revivido na tela porque nosso personagem político mais intenso e autêntico, trajetória que não se esgota e é desafio constante para os produtores culturais.
Afonso Motta, advogado e produtor rural, ex-secretário de estado , do Rio Grande do Sul
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