fev 13, 2018 Air Antunes Artigos 0
A vida prega peças. Imagina só: a Globo, que transmite com exclusividade o Carnaval há décadas, e escolhe qual escola irá passar ou não (as primeiras a desfilar em geral são ceifadas), está transmitindo a festa que já foi popular e….. pimba! Entra na avenida uma das escolas mais modestas do Rio com um enredo arrebatador. A ponto de surpreender até quem, na emissora, se especializou em Carnaval. O enredo fala do Brasil atual onde um golpe político, patrocinado pela mesma Globo, está ameaçando direitos dos trabalhadores. Faz uma analogia com a escravidão para mostrar que muitos dos brasileiros jamais foram livres de fato.
Mais? Claro, muito mais. A escola apresenta o presidente golpista, Michel Temer, acusado de corrupção, na figura de um vampiro. Sobra ainda para a população, que vestida de verde e amarelo, se deixou manipular pela Rede Globo. Para isso mostra a turma inanimada que representa marionetes.
Claro que a narradora oficial, Fátima Bernardes, ficou sem voz. Ela e Alex Escobar e o carnavalesco Milton Cunha. Boa repórter que é, Fátima driblou para lá e para cá de modo a ocupar o espaço de áudio que não pode ficar vazio.
Findo o desfile, a Tuiuti ganhou o coração dos brasileiros. Loas a uma escola pobre, lutadora e valente que resolveu usar a arte para denunciar ao mundo o golpe político que ocorre no Brasil.
A escola incomodou tanto que houve quem lembrasse tragédia do ano passado onde um acidente vitimou uma jornalista e até hoje o caso permanece impune – sem culpados. Esta turma, que na verdade odiou o desfile denunciador, queria ofuscar o brilho da vedete não convidada à festa.
Mas agora a Globo vive um dilema. Se a escola Paraíso do Tuiuti vencer o Carnaval a desgraça estará completa. A razão: vai ficar evidente, no reprise do desfile, o quanto os narradores e comentaristas ficaram desnorteados com a temática. Não surpreenderia se fizessem uma nova narração do desfile para substituir. Ou acrescentassem outros comentários.
O melhor que poderia acontecer, aos golpistas e, claro, à própria Globo seria o rebaixamento da escola. Assim, o ato transgressor viraria uma punição pela audácia. Algo que aconteceu a escola pobre que décadas atrás homenageou o Pasquim.
Médio se a escola não cair e não voltar a avenida no sábado. O motivo? Se a Tuiuti retornar a arquibancada irá festejá-la como a grande campeã. E aí é que o bicho vai pegar…..
Matéria do site Conexão Jornalismo
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