maio 12, 2019 Air Antunes Efeméride Musical 0
HERMÍNIA SILVA – Hermínia Silva Leite Guerreiro, fadista de renome portuguesa. Chegou a ser aprendiz de costureira numa alfaiataria na rua dos Fanqueiros, mas cedo começou a interessar-se por uma vida artística. Frequentadora da Sociedade de Recreio Leais Amigos, acabou por se inscrever no grupo como amadora na arte de representar, em 1925, tendo cantado os primeiros fados acompanhada ao piano. Cedo se tornou presença notada nos retiros de Lisboa, que não hesitaram em contratá-la, pela originalidade com que cantava o Fado. A Canção dos Bairros de Lisboa estava-lhe nas veias, não fora ela nascida, ali mesmo junto ao Castelo de São Jorge. As “histórias” dos amores da Severa com o Conde de Vimioso estavam ainda frescas na memória do povo. Rapidamente, a sua presença foi notada nos retiros, e passados poucos anos, em 1929, Hermínia Silva estreava-se numa revista do Parque Mayer. Era a primeira vez que o Fado vendia bilhetes na Revista. Alguns jornais da época, referiam-se a ela, como a grande vedete nacional, chegando a afirmar-se, quea fadista tinha “uma multidão de admiradores fanáticos”. A sua melismática criativa, a inclusão nn Fado, de letras menos tristes, por vezes com um forte cunho de crítica social, e o seu empenho em trazer para o gênero e para a guitarra portuguesa, fados não tradicionais, compostos por maestros como Jaime Mendes, compositores como Raul Ferrão, criando assim o chamado “fado musicado”, aquele fado cuja música corresponde unicamente a uma letra, se bem que composto segundo a base do Fado, e em especial, tendo em atenção as potencialidades da guitarra portuguesa. Hermínia Silva torna-se assim, sem o haver planeado, num dos vértices do Fado, tal qual ele existe, enquanto estilo musical:Alfredo Marceneiro foi o primeiro vértice, o da exploração estilística do Fado Tradicional. Viria a trazer o Fado para as grandes salas do teatro de Revista, e viria a “inaugurar” a futura Canção Nacional, com acompanhamentos de grandes orquestras, dirigidas pot maestros, que também eram compositores. A sua fama atingiu um tal ponto que o Cinema, quis aproveitar o seu sucesso como figura de grande plano. Efetivamente, nove anos depois de se ter estreado na Revista, Hermínia integra o elenco do filme de Chianca Garcia, Aldeia da Roupa Branca (1938), num papel que lhe permite cantar no filme. Nascera assim, a que viria a ser considerada, a segunda artista mais popular do século 20 português, depois de Amália Rodrigues, o terceiro vértice do Fado, ainda por nascer. Depois de várias presenças no estrangeiro, com especial incidência no Brasil e na Espanha, Hermínia apostou numa carreira mais concentrada em Portugal. O seu conhecido e parodiado receio em andar de avião, inviabilizou-lhe muitos contratos que surgiam em catadupa. Mas, Hermínia estava no Céu, na sua Lisboa das sete colinas. Em 1943 é chamada para mais um filme, o Costa do Castelo, em 1946 roda o Homem do Ribatejo, passando regularmente pelos palcos do Parque Mayer, fazendo sucesso com os seus fados e as suas rábulas de Revista. Efetivamente, consegue alcançar tal êxito no Teatro, que o SNI, atribuiu-lhe o “Prémio Nacional do Teatro”, um galardão muito cobiçado na época. Até 1969, em “O Diabo era Outro”, a popularidade da fadista encheu os écrans dos cinemas de todo o país. Vieram mais revistas, mais recitais, muitos discos de sucesso. No ano de 1949, casou com Manuel Guerreiro, mas como verificámos a sua carreira prossegue muito ligada ao teatro, atuando em diversas peças nos palcos do Teatro Maria Vitória, Variedades, Apolo, Politeama ou Avenida. Neste último Teatro Avenida foi lhe prestada uma homenagem em dezembro de 1945. Mas, para quem quisesse conhecer a grande Hermínia bem mais de perto, ainda tinha a oportunidade de ouro, de vê-la ao vivo e a cores, sem microfone, na sua casa: o Solar da Hermínia, restaurante que manteve quase até ao fim da sua vida artística. Felizmente, o Estado Português, o Antigo e o Contemporâneo, reconheceu Hermínia Silva. São vários os prêmios e condecorações, as distinções e as nomeações, justíssimas para uma artista, que fez escola, e que hoje, constitui um dos três maiores nomes da Canção Nacional, ao lado de Marceneiro e de Amália, que por razões diferentes, pelos “apports” de forma e conteúdo distintos que trouxeram à Canção de Lisboa, fizeram dela, o Fado, tal qual hoje é entendido, cantado, tocado e formatado. A fadista cantou quase até falecer,a 13 de junho de 1993, aos 85 anos. Morria assim uma das maiores vedetas do Fado e do Teatro de Revista português. Está sepultada no Cemitério dos Prazeres. Nasceu em Lisboa, em 23 de outurbro de 1907, morreu em Lisboa em 13 de junho de 1993.
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