Difícil imaginar como era a vila do Espírito Santo da Boa Vista, como era chamada Angatuba há 109 anos mas, com certeza, o procedimento do Poder Legislativo, que também fazia as vezes do que hoje é o Executivo, não era muito diferente, como se pode comprovar através dos trabalhos da sessão ordinária do dia 1° de maio de 1905, quando, entre outras incumbências, tratou-se de assuntos relacionados aos bairros Faxinal e Campina do Monte Alegre além de colaborar com o maestro Antonio Lisboa que, através de ofício, pediu um auxílio.
O presidente da Câmara era José Alberto de Oliveira e, os demais vereadores eram o capitão Lindolpho de Morais Rosa (também o intendente), Antônio Libânio de Medeiros, e tenente Antônio Arantes de Souza Sobrinho. Faltaram a esta sessão, sem qualquer justificativa segundo a ata, os vereadores José Francisco de Oliveira e José Balbino de Souza Leite.
Vale ressaltar que, naquela época, os pedidos dos munícipes também eram chamados de requerimentos. O primeiro requerimento apresentado naquela sessão foi o do munícipe Benedito Joaquim de Meira, no qual pediu abertura de um caminho no bairro do Faxinal. Para este pedido houve o seguinte despacho: “Ficam nomeados os vereadores Antônio Libânio e José Balbino, para em comissão, dar parecer”.
Foi citado na sessão, o anunciado de outro munícipe, Manoel Lopes de Oliveira, explicando que “está feito o fecho (cercado) no bairro do Faxinal e somente dois moradores, os senhores Salvador Lopes de Oliveira e Antonio Joaquim de Oliveira Rocha negam-se a fazer o fecho”. Para este fato, foi dado o seguinte despacho: “(….), a câmara marca o prazo de trinta dias paras os requeridos Salvador Lopes de Oliveira e Antônio Joaquim de Oliveira Rocha fazerem o fecho que lhes toca, sob pena de multa estabelecida no Código de Postura”.
Tratado os assuntos Faxinal, foi lido o ofício do maestro Antônio Lisboa por ele assinado e por Lucídio Augusto de Siqueira, pedindo três instrumentos para a banda de música da vila. Foi resolvido que a câmara ajudaria com cem mil réis, “ficando desde já o intendente habilitado para autorizar o pagamento”.
Diversos moradores do bairro Campina do Monte Alegre pediram para a câmara “pensar bem” sobre um requerimento que, “por notícia”, souberam que estava chegando à Casa de Leis. O requerimento estaria pedindo que os moradores fizessem fechos (cercados) nas plantações, o que eles achavam um absurdo porque, “1° não têm madeiras para fazerem esse enorme fecho; 2° Se lhes derem madeiras, não têm meios de conduzirem para o lugar do fecho; 3° (……)”. No seu despacho a câmara argumentou: “Não tem razão o que expõem”.
Padre Antônio, vigário , enviou ofício pedindo auxílio para as obras da igreja matriz. No seu despacho a câmara afirmou: “A Câmara pode dar cem mil réis, sendo cinco já e outro mais tarde”.
Um grupo de “diversos negociantes desta vila” pediu o direito de instalar um “botequim”, “independentemente de impostos”. A Câmara respondeu: “Indeferido o que pedem”.
Ainda na sessão, “A Câmara resolveu por unanimidade de votos declarar que de agora em diante, fica o bairro da Campina do Monte Alegre declarado como criador a parte onde compreende o campo”.
Antes de terminar a sessão, outro despacho: “Fica o intendente municipal autorizado a fazer contato com o senhor José Basile para a edificação do mercado municipal”.
E como ainda ocorre até os dias de hoje o presidente anunciou: “Nada mais havendo a tratar-se está encerrada a sessão”, Terminando a ata, “Eu Benedito pinto de Mello, secretário da Câmara, escrevi.
No final, ainda, “Em tempo: declara-se que o bairro da Campina fica sendo criador de toda espécie de gado, inclusive porcos à parte já mencionada”.