ago 11, 2022 Air Antunes Angatuba 1
Nícolas, ao centro, com o candidato ao governo do estado de São Paulo Tarcísio de Freitas em evento recente.
Não importa quem vai vencer a eleição presidencial no próximo pleito, em 2 de outubro, mas sempre existe a curiosidade sobre quem obteve mais votos no município, no caso Angatuba. Nem estão sendo necessárias pesquisas locais para comprovar o fato de que o bolsonarismo angatubense é consideravelmente maior do que outras frentes políticas da cidade, e isso se observa nas reações via redes sociais, quase sempre de formas agressivas, ou mesmo ouvindo comentários nas caminhadas pelas ruas. Não apenas entre a população este fator é observável, mas também no meio político a preferência por Jair Bolsonaro (PL) para uma reeleição é visível. A direita local, ou extrema-direita, tem grande representatividade “bolsomínia” entre aqueles que foram eleitos nas últimas eleições municipais.
O prefeito Nícolas Basile abandonou a discrição em relação à politica nacional e já esteve recentemente com o candidato de Jair Bolsonaro ao governo do Estado, Tarcisio de Freitas, que é de seu partido, o Republicanos, ocasião em que garantiu o seu apoio, ficando assim o “Angatuba é 10”, jargão de sua campanha, sendo uma extensão do 22, o número do PL, partido de Bolsonaro. O Republicanos, sigla cujo número eleitoral é 10, conta com 498.049 filiados em todo o país, é o décimo maior partido em nível nacional atualmente, conta com 41 deputados federais e um senador da República. Foi uma das principais bases para a vitória de Bolsonaro em 2018, tem ligação com a Igreja Universal do Reino de Deus, do bispo Edir Macedo, e tem como presidente Marcos Pereira, bispo da referida seita. Com raras exceções, a equipe do atual prefeito é praticamente bolsonarista, assim como a grande maioria dos vereadores da sua bancada na Câmara Municipal. Aliás, no legislativo local tem-se o conhecimento de que apenas dois vereadores não votam em Bolsonaro, Manoel Vieira de Oliveira (Podemos), o Manoel do Transporte, e Pedro das Dores Hergesel (PV), o Saci, ambos eleitores de Luiz Inácio Lula da Silva. Vale ressaltar ainda que o Republicanos local é inclusive idealizador do Marcha para Jesus na cidade, evento que será realizado no dia 7 de setembro, uma data até incentivada por Jair Bolsonaro para manifestações de índole eleitoreira por todo o país, até com pretensões de iniciar um golpe.
Considerando as trajetórias políticas dos candidatos a prefeito de Angatuba em 2020 (na eleição que não valeu), com exceção de Humberto Neder, do PT com “Lula Lá” , não é difícil prever que eles preferem Bolsonaro, assim como os últimos prefeitos do município , incluindo o interino João Damasceno (Republicanos), que assumiu a prefeitura por quase um ano enquanto não houvesse uma nova eleição majoritária no município, ele que posteriormente voltou para seu cargo de presidente da Casa de Leis. Não é difícil prever também que os ex-prefeitos Luiz Antônio Machado (eleito pelo MDB em 2016) e Carlos Augusto Calá Turelli (PSDB) também não deixarão de apertar e confirmar “sim” para Bolsonaro na urna eletrônica, considerando a supremacia direitista de suas administrações. De perfil progressista, José Emilio Carlos Lisboa, prefeito de quatro gestões, é eleitor de Luiz Inácio Lula da Silva, assim como o líder político Antônio Nogueira Terra, o Toninho Terra, e Akamilton Gomes de Almeida, presidente do diretório municipal do MDB.
A vitória de Bolsonaro, na eleição de Angatuba, com certeza destoará da votação nacional que, segundo as pesquisas, será estrondosa em favor de Lula, dando-lhe a vitória talvez até no primeiro turno, contudo o perfil angatubense conforme o previsto para o próximo pleito não é novidade. Angatuba, assim como outras cidades do sudoeste paulista, sempre preferiu candidatos da direita, conforme se viu nas votações das eleições de 1994 para cá, algo que não valeu muito considerando esta região ainda como uma das mais pobres do estado. Uma exceção ocorreu em Angatuba no ano de 2002 quando Lula foi o mais votado na cidade. Levando-se em consideração que o maior benefício que a região já recebeu em sua história , o campus universitário Lagoa do Sino, da UFSCar, foi mérito do governo do PT, Lula poderia vencer pelo menos nas cidades em torno, no entanto isso parece difícil de ocorrer.
Nas eleições de 2018, Jair Bolsonaro, então no PSL, no primeiro turno em Angatuba alcançou 6279 votos, percentual de 50,87%, contra 2.692 votos (21,81%) de Fernando Haddad. Naquele pleito Geraldo Alckmin (PSDB) chegou a 1613 votos (13,07%); Ciro Gomes (PDT), 804 votos (6,51%); João Amoedo (Novo), 500 votos (4,05%), estes os cinco mais votados no município. No segundo turno, Bolsonaro obteve 7903 votos (66,09%), com percentual superior ao que ele conquistou em nível nacional (55,1%); Haddad obteve 4055 (33,91%). Para governador, em Angatuba, João Dória obteve 3925 votos (35,91%) no primeiro turno; Paulo Skaf (MDB), 2252 (20,61%), Márcio França (PSB), 1869 (17,10%) e Luiz Marinho (PT), 1548 (15,08%).
As votações para presidente (dos principais candidatos) em Angatuba desde 1994
Ao longo do tempo as eleições em Angatuba dão o perfil exato de seu eleitorado, uma grande maioria favorável à direita conservadora, mas que, em 2002, somada ao eleitorado de esquerda, ajudou na vitória de Lula, que foi o mais votado na cidade naquele pleito, como se observa na sequência das votações dos principais candidatos desde 1994:
-Ano 1994, Fernando Henrique Cardoso, 4020 votos; Lula 2125.
-Ano 1998, Fernando Henrique Cardoso, 4689; Lula 2706.
-Ano 2002, no primeiro turno, Lula 5027; José Serra, 3245; no segundo turno, Lula 6274; José Serra, 4225.
-Ano 2006, no primeiro turno, Geraldo Alckmin, 7017; Lula, 4082; no segundo turno, Alckmin, 6504, Lula 5502. –
Ano 2010, primeiro turno, José Serra, 5974; Dilma Roussef, 4670; no segundo turno, Serra 7088; Dilma 5447. –
Ano 2014, primeiro turno, Aécio Neves, 5624, Dilma 4189; no segundo turno, Aécio, 7438 votos, Dilma, 5396.
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Não por acaso, é visível e de fácil constatação, o retrocesso administrativo e socioeconômico que originou nas administrações do prefeito do PSDB, manteve-se na gestão do ex-prefeito do MDB e agora se acentua ainda mais na atual gestão. E já se vão mais de uma década perdida para Angatuba…