Aloísio Araújo, economista, professor e pesquisador da Fundação Getúlio Vargas do RJ, em entrevista ao jornal O Globo, de 13 de dezembro de 2009, defende investimentos na educação infantil, especialmente nos primeiros anos de vida, quando se forma o cérebro das crianças. Meninos e meinas que recebem mais estímulos cognitivos até os 4 anos de vida, chegam à escola com melhores condições de aprender.
Para o professor Aloísio a educação infantil é tão importante porque do ponto de vista da neurociência, o cérebro se forma muito cedo. Aos 6 anos de idade, o cérebro de uma criança é igual ao de um adulto. Portanto, se a criança não recebe certor estímulos nessa fase em que se estabelcem certas conexões neuronais, ela dificilmente vai se recuperar isso depois.
Hoje, através de medições e imagens mais modernas, fica claro que essa criança dificilmente atingirá o mesmo nível de uma outra que foi submetida aos estímulos lógicos, que dispõem de recursos para oferecer jogos, brinquedos, livros…Isto foi medido num trabalho realizado por James Heckam (prêmio Nobel de Economia de 2000). Com 1 ano de idade as diferenças são pequenas, ao 4, muito grandes, depedendo do nível de renda. Essas diferenças que existem por educação da mãe ou faixa de renda são irreversíveis. O sistema educacional não recupera mais.
O Brasil, por ter grande número de crianças que veem de família com baixa escolarização da mãe,, dos pais em geral, é muito afetado. Como a mãe passa mais tempo com a criança não basta oferecer assistência nessa faixa que antecede o período escolar, é preciso chegar até as famílias. O desafio do Brasil é dar atenção a essas intervenções precoces.
Alguns especialistas, como o professor Heckman, realizam experiências para saber qual a idéia, quantas horas, se você deixa a criança em casa e vai uma pessoa assistí-la , ou se você leva a criança por umas horas a um centro, enfim, qual o método mais adequado. Há alguns especialistas que acham que se deve estimular mais o sentimento, o que os economistas chamam de habilidades cognitivas: a perseverança, a disciplina. Ou se é o caso de se estimular mais a descoberta, a inteligência, a criatividade.
A partir de várias experiências feitas isoladamente nos EUA com crianças em idade muito precoce e que foram acompanhadas ao longo de décadas, pode-se dizer que não existem fórmulas prontas para a intervenção precoce.
Combater a pobreza seria uma das formas de melhorar a educação, porém é um processo menos imediato, demoraria mais tempo. O fator chave da pobreza é o nível escolarização dos pais. Tem-se que olhar as crianças. ?elas estão ali. um bom exemplo é o de Cuba onde o investimento na infância é muito grande, muito maior do que no resto da América latina. Sabe-se que Cuba tem uma performance muito melhor nos testes internacionais. Seu nível é da OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico) acima da América Latina. Outro exemplo é dos USA que tem experiências isoladas.
O Congresso Brasileiro aprovou no ano passado a obrigatoriedade do ensino dos 4 aos 17 anos. Em 2010 já a partir dos 6 anos para todas as crianças. Especialistas são unânimes em afirmar que as intervençõe4s devem ser precoces, porém, as pesquisas continuam para saber como fazer essas intervenções da forma mais adequada possível. É preciso não somente educar o cérebro, como também a afetividade, a emotividade para haver equilíbrio.
Na média, muito poucas crianças que chegam à escola aos 7 anos com defasagem conseguem concluir a universidade ou mesmo chegar até o doutorado. É muito pouco provável.
Artigo transcrito do Jornal de Angatuba edição de julho de 2011.
Teresa Plens Manfredini é professora , psicopedagoga em Linguística Aplicada pela UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro).
Nossa adorei está matéria até porque trabalho com a Educação Infantil e sou grande defensora que toda a base educacional de aprender começa na EI.