ago 14, 2021 Air Antunes Angatuba 0
Angatubense, autor de mais de 40 livros que transitam entre realidade e fantasia, o escritor Élcio Mário Pinto é também formado em Filosofia, Teologia e Pedagogia. Identificando-se como um angatubense-taperoaense que mora em Sorocaba, Élcio, que em 2018 lançou livro também na Bienal Internacional do Livro, concedeu entrevista ao blog Onda 21 editado pelo jornalista Air Antunes na qual discorre sobre sua atividade literária; sobre o momento atual falando do impacto da pandemia que estamos vivendo, sobre o trânsito de sua obra por várias localidades, inclusive já com agenda para lançamento de algumas obras no exterior, e sobre a experiência da interatividade via on-line tão necessária neste período que estamos passando.
A entrevista:
Onda 21- Se não me engano foi Carlos Drummond de Andrade que identificou o escritor como aquele que tem não somente uma certa maneira de ver as coisas, senão também uma impossibilidade de as ver de qualquer outra maneira. Pois então, já estamos no ano dois de uma situação inédita dentro de praticamente mais de um século, um isolamento social devido a doença denominada Covid 19. Estatísticas deram conta de uma enorme mortandade que assolou o mundo todo e, infelizmente, tendo o Brasil como um dos países que mais colaboraram para isso. A minha pergunta: na sua visão de escritor, como você vê toda esta situação além das tristes sequelas que ela proporcionou, você acredita num mundo diferente depois da passagem disso tudo ?
ÉLCIO- Olá, Air! É, sempre, muito bom conversar com você! Tristemente, ainda estamos debatendo um assunto que já poderia estar quase resolvido, ou então, muito bem encaminhado, com, pelo menos, 75% da população brasileira vacinada, criando assim, o que a Saúde define como bloqueio. É a condição mínima de segurança coletiva. Bem, falando da pandemia que atingiu o planeta em 2019 e, especialmente, o Brasil a partir de março de 2020, você tem toda razão: ficam as tristes sequelas para milhões de pessoas. Mas, tratando do nosso país, vejo que a situação poderia ser diferente, não tenho dúvida. O que nos atingiu, como nação, compete à primeira instância da Administração Pública, que é o Governo Federal. Então, é raciocínio simples e direto, causa e efeito, que a ele seja apontada a responsabilidade pela gestão nacional de vacina e enfrentamento à doença. Ora, sabemos o quanto houve de omissão e até desserviço em informações falsas e propaganda contrária à saúde de nosso povo partindo de autoridade contrária à vacina. Será que conseguiríamos imaginar o mundo sem vacina contra a poliomielite, o sarampo, a varíola, o tétano e outras doenças? É claro que não! Nem é preciso ser especialista para defender a importância das vacinas para a saúde de todas as pessoas. Negar tal fato é como defender que a Terra é quadrada, plana, reta ou outras coisas bobas que voltaram a divulgar. Quando ouço coisas assim, não quero rir para caçoar, quero chorar de tristeza. Ao leitor que estiver lendo, faço questão de lembrar que o matemático grego Eratóstenes de Cirene, que viveu entre 276 e 194 antes de Cristo, já havia calculado a circunferência da Terra e já sabia que ela não é plana. E, se o mundo sairá diferente depois da pandemia, creio que sim, ao menos para as pessoas que se abriram ao diálogo e à convivência acreditando que precisamos superar o limite do quintal para entendermos que a Terra é uma só casa e é nossa casa comum, como já disse o Papa Francisco. E mais, não temos outra. Ela é única! Então, penso que para quem acredita que é necessário lutar pela vida coletiva, deixando o egoísmo e partindo para a defesa de todas as pessoas, sem dúvida, o mundo ganhará em consciência, conhecimento, convivência, pesquisa, convicção e luta pela vida de todos! De modo especial, para aqueles que entenderam a importância de unir Fé e Ciência, Pesquisa, Conhecimento e Crença. Você acredita que ainda tem gente dizendo que a Fé e a Ciência não podem se unir e que uma nega a outra? Pura enganação de quem quer dominar consciências e torná-las escravas das suas ideias de controle sobre a liberdade alheia. E o raciocínio é simples: se tenho fé e acredito que temos capacidades para pesquisar e compreender a Natureza, porque o Criador me concedeu tais habilidades, então, o desenvolvimento da Ciência é resultado daquilo que recebemos do Criador para o bem coletivo: o conhecimento oferecido a todos! Quem nega tal condição, não está de boa-fé.
Onda 21- Quanto a sua atividade literária, Élcio, já temos praticamente um ano e meio de isolamento social, as aglomerações de pessoas sejam para o trabalho tanto quanto para a vida social foram abolidas, nos fechamos em casa, passamos a usar máscara e, ao modo brasileiro de momento, estamos sendo vacinados, mas é sabido que a atividade do escritor é solitária, ou seja, ele se isola para escrever, algo que ainda não foi incluído entre os atos proibidos. Você, como sabemos, sempre esteve atuante na sua lida literária, quando não é lançando mais um novo título está participando de palestra, falando com estudantes, e até participando do nosso sarau literário na Casa da Cultura de Angatuba. E então, como foi, ou está sendo seu isolamento social, escreveu mais, escreveu menos, este novo e inusitado momento que estamos vivendo de alguma forma o inspira, ou o inspirou sobre algo diferente ?
Élcio- Tenho me esforçado para cumprir o isolamento social. Hoje, 11/08/2021, enquanto respondo à entrevista, quase um ano e meio que não visito Angatuba, minha família e meus amigos da terra natal. Aproveitei para tirar férias e licença-prêmio, assim pude ficar o maior tempo possível em isolamento social. Se para mim não é fácil, imagino para quem gosta de movimentos, festas, viagens, passeios e encontros com as pessoas, multidões e shows, por exemplo. O isolamento coloca os nervos à prova. Quanto à escrita, sim, enquanto se escreve, a ação torna-se isolada, reflexiva, pensativa e introspectiva. Nisso, o isolamento social pode contribuir, sem dúvida, mas é preciso pensar que quando se escreve inspira-se, em muito, na convivência, nas pessoas, em lugares, em experiências do cotidiano. Então, ao mesmo tempo que o isolamento colabora, atrapalha, porque impede que o escritor entre em contato com suas fontes de inspiração. Aí, é a imaginação que vai buscar por imagens e situações para iluminar a escrita. Quanto aos trabalhos, sim, pudemos lançar sete títulos em 2020 e quatro em 2021, até o momento:
Foram os trabalhos em 2020.
Já, em 2021, publicamos:
Próximos lançamentos – três:
Onda 21- Apesar das pessoas não se reunirem por causa do que também chamamos de quarentena, vimos que a tecnologia aproximou a todos, grupos específicos debatendo seus assuntos, na área técnica, na área das artes, e mesmo na aproximação entre amigos e familiares. Observamos que você, com a assessoria da esposa Adriana, usa muito este mecanismo e o faz muito bem, em seus bate-papos tudo é muito claro, bem elucidado. Eu gostaria que você relatasse esta experiência on-line entre vocês e seus leitores.
ÉLCIO-A experiência on-line é a grande alternativa para os contatos em tempos de isolamento social, ao menos, para nossos trabalhos literários. Sim, você tem toda razão, Adriana faz tanto que sem sua atuação eu não conseguiria realizar as caravanas literárias e as lives, que continuam. Inicialmente, nossas conversas com leitores(as) aconteciam semanalmente. Mas, o volume de trabalho cresceu tanto que fizemos algumas mudanças e passamos a fazer as lives de 15 em 15 dias. Quando temos lançamento de livro, pode acontecer de mudarmos o dia da semana, de quinta-feira para a data especial do assunto do livro, como será no próximo dia 01 de setembro. Quando você diz que em nossos bate-papos tudo é muito claro e bem elucidado, também pensamos assim, porque queremos que as pessoas saibam, exatamente, do que estamos tratando. Queremos esclarecer e não aceitamos qualquer tipo de notícia falsa, o que é chamado de fake, (fake news = notícias falsas). Atualmente, prefiro os contatos – lives – por plataformas que permitam áudio e vídeo ao mesmo tempo, assim podemos ouvir e ver as pessoas e todas podem se ver e se ouvir. Mas, às vezes, os problemas tecnológicos acontecem e nem sempre conseguimos resolver. Mesmo em universidades que contam com departamento de tecnologia, não raro, os problemas surgem e atrapalham bastante. Apesar disso, os leitores são muito compreensivos e, aos poucos, conseguimos superar tais limites, descobrir formas novas e orientar a todos para que os contatos virtuais sejam compartilhados. Temos conseguido! E, como você já disse, todo o trabalho virtual é realizado pela Adriana, minha esposa, a quem, publicamente, faço questão de agradecer! Contar com quem faz e faz com o coração na dedicação de alcançar o melhor é um privilégio que reconheço ter.A ela, muito, muito obrigado!
Onda 21- Não é novidade para ninguém que o conhece, mesmo que à distância, que você é um escritor bem interagido não apenas em Angatuba, sua cidade natal, ou em Sorocaba onde mora, e neste aspecto gostaria que falasse sobre seus livros que aludem outras paragens, ou mesmo temas mais amplos. E sabemos também que você, momento ou outro, é homenageado. Explique-nos, por favor, sobre isso tudo.
ÉLCIO-Com o Projeto “O Escritor em todos os Cantos”, pelas Caravanas Literárias, estivemos em diversos lugares: desde 2015 – no Paraná, cidade de Morretes, e em Santa Catarina, nas cidades de Indaial, Blumenau, Timbó, Dona Emma, Pomerode e São Joaquim; também estivemos em João Pessoa, Lagoa Seca, Campina Grande, Cabaceiras e Taperoá, no estado da Paraíba, e em Caicó, no estado do Rio Grande do Norte em 2017. Para Taperoá voltamos em 2018 além das cidades da nossa região, o que continuou em 2019. Entre 2015 e 2020 realizamos Caravanas Literárias em Angatuba, Itapetininga, Itapeva e Votorantim. Em todas as oportunidades, visitamos escolas, principalmente. Desde 2020, até o presente, o trabalho continua, agora, na modalidade virtual, o que nos confere uma situação inusitada: virtualmente não temos fronteira, assim como deveria ser nossa preocupação com a coletividade humana no planeta Terra. Não deveríamos ter fronteira para atender e socorrer, para defender a vida e a liberdade, para apoiar a luta planetária por dignidade! Sobre algumas de nossas publicações, quero citar: “A Fonte”, em Iguape/SP; “Entr&Nós” 1 e 2, envolvendo Votorantim, Itapetininga e Angatuba/SP; “Clareando”, em Itaporanga/SP; “Bem-te-vi: na terra rasgada, a vida plantada!”, “Seminarium” e “Dom Melhado”, em Sorocaba/SP; “Pererezadas 1”, sobre o nosso Saci-pererê, envolvendo as 36 cidades do Alto Paranapanema/SP; “Pererezadas 2”, envolvendo as 27 cidades da Região Metropolitana de Sorocaba-SP; “Mutamtus”, “Votorantim: Cascata Branca em Cachos de Água Doce”, em Votorantim/SP; “Alma-de-gato”, “Mestre Sapateiro” e “Cidinha: uma menina histórica” para a amada Angatuba/SP; “Bem-tim-bó”, “A menina que virou passarinho”, “A vida que veio do barro – conversando com João”, “Via Láctea: o caminho da volta!”, “A Mata de Al”, “Cor-Uchas: voos da noite”, “Gaturamo-verdadeiro: os presentes do Criador”, nas cidades de Santa Catarina e do Paraná; e “Catulino Capilé”, “Ares de Ariano” e “Tririri” para nosso amado Nordeste brasileiro. O último livro destacado – “Tririri: trilogia pedagógica do Cariri”, só foi lançado, virtualmente, em 2020, mas será lançado, presencialmente, em Taperoá/PB em 2022. Falando em homenagens, permita-me dizer que me sinto transbordando de alegria com dois fatos marcantes em minha vida e que aconteceram recentemente: no final de 2020, eu e minha esposa Adriana, recebemos a titulação da cidadania taperoaense, que nos foi concedida pela Câmara Municipal de Taperoá/PB.Participamos da cerimônia, virtualmente, mas quando lá estivermos em 2022, receberemos presencialmente. E agora, em 01/08/2021, durante a live de número 68, comemorando dois anos da ave-símbolo de Votorantim/SP, o vereador Luciano da Silva informou-nos que receberei o título de cidadão votorantinense. Então, temos muito a comemorar! Também faço questão de destacar que em todas as oportunidades fiz e faço questão de comigo carregar o nome de Angatuba. Digo e repito, que quando me apresento ou sou homenageado, visto-me de Angatuba para dizer de onde sou e de onde venho!
Onda 21- Para finalizar, Élcio, algo rápido e rasteiro como diz a gíria: algum plano mais ousado para o futuro ?
ÉLCIO- As publicações continuarão. Para 2022 temos a previsão de lançamento de sete novos títulos: um deles em homenagem à querida Angatuba; voltaremos a Iguape e viajaremos a Taperoá-PB. Além disso, planejamos lançamentos literários em Cuba, Portugal e Grécia. Mesmo que nem tudo aconteça no ano que vem, já estamos nos organizando, porque tais viagens demandam uma boa preparação com certo tempo de antecipação. Finalizo dizendo aos meus conterrâneos de Angatuba: valorizar a terra natal é ter orgulho por ter nascido em seu chão! Agradeço a você, Air, pelo trabalho jornalístico realizado com tanto carinho por nossa Angatuba. Parabéns! Abraços de saúde!
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