maio 20, 2023 Air Antunes Ilustrada 0
Quando lá atrás os romanos surrupiaram o cristianismo daqueles que até então eles perseguiam justamente por ser cristãos, uma das preocupações para difundir a idéia cristã, ao modo deles, é lógico, foi encontrar um rosto que representasse Jesus Cristo. Ora, mas Cristo era daquela região paupérrima, daquele povo queimado da desértica Palestina, e com certeza tinha uma feição morena, cabelos encrespados, quase um mouro, e na época tal perfil não seria muito plausível para mostrar ao mundo e cooptar toda população então existente em torno do cristianismo. Não há dúvida de que os romanos viam o judeu daquele tempo como os racistas brasileiros veem os negros e os nordestinos. O que fazer? Segundo estudiosos, a decisão tomada foi delinear um rosto para Cristo aos moldes do de César Bórgia, príncipe cardeal, nobre italiano da renascença européia, filho de Rodrigo Bórgia que foi eleito papa em 1492 com o nome Alexandre VI. César Bórgia também foi a inspiração para “O Príncipe”, a grande obra literária de Maquiavel. Enfim, com aquele rosto autenticamente caucasiano, europeizado, cabelos aloirados e olhos azuis, Cristo acabou sendo unanimidade em pouco tempo, e até aos dias atuais é a imagem que se tem dele. Cientistas já tentaram compor o verdadeiro rosto de Cristo, considerando as características da região em que ele viveu, mas as matérias sobre o assunto são sempre rapidamente refutadas.
Essa idéia do padrão básico que “galanteia” algumas pessoas enquanto ridiculariza outras é muito comum, vemos exemplos no dia a dia. Veladamente, pessoas dão um caráter enaltecedor para alguns enquanto desconfiam por exemplo da capacidade do médico negro, das avaliações políticas, sociológicas e culturais exaladas por um afro-descendente, como se tudo que fosse qualificado acima da média tem que ter raíz européia, sem falar ainda de quando a referência tem a ver com o aspecto estético, já que ainda existe um padrão de beleza estabelecido que não inclui asiáticos, africanos, indígenas e suas ramificações. Não faz muito tempo, no Brasil, a polícia depois de uma intensa busca encontrou um perigoso bandido que já havia praticado roubos ousados e assassinado várias pessoas, mas ele, branco, cabelos aloirados e olhos azuis, gerou, mais do que revolta, comentários como, “nem parece bandido”. Como se bandido fosse “mérito” de negros, nordestinos, etc.
David Duke, líder da Ku Klux Klan (KKK), movimento racista dos Estados Unidos que assassinou muitos negros desde quando foi fundado no século 19 e ainda é atuante, ficou eufórico com a idéia de que o Brasil podia eleger presidente um extremista de direita em 2018, alguém que tinha idéias de racismo, e então em seu programa de rádio pediu votos para Jair Bolsonaro aos eleitores brasileiros residentes nos EUA: “Ele (Bolsonaro) soa como nós. E também é um candidato muito forte. É um nacionalista”. Disse, ainda: “Bolsonaro é branco como um europeu e ele está falando sobre o desastre demográfico que existe no Brasil e a enorme criminalidade que existe ali, como por exemplo nos bairros negros do Rio de Janeiro”.
Pois, então, a visão estereotipada é largamente vigente entre seres humanos. Vige ainda sobre nacionalidades, regionalidades, profissões, preferências musicais, culturais; estilos de vida, religião, etc.
Os estereótipos são ideias generalizadas ou imagens preconcebidas que as pessoas têm sobre certos grupos de indivíduos. Eles são baseados em suposições simplificadas e muitas vezes são influenciados por preconceitos e descrições. Os estereótipos podem ser prejudiciais, pois limitam a nossa compreensão e compreensão da diversidade humana, levando a uma visão distorcida e simplificada das pessoas e de suas características individuais. É importante reconhecer que os estereótipos são construções sociais e culturais que podem ter raízes históricas e ser perpetuados através de diferentes meios, como a mídia, a educação ou mesmo como sociais . Eles tendem a simplificar realidades complexas e categorizar pessoas com base em características trocadas, como raça, gênero, nacionalidade, religião ou ocupação.
Por exemplo, um estereótipo comum é o de que todas as pessoas de determinada nacionalidade são preguiçosas. Essa generalização injusta ignora as diferenças individuais, experiências de vida e circunstâncias sociais e felicidade que podem afetar a produtividade das pessoas. Os estereótipos também podem acentuar desigualdades e perpetuar formas de identificação. Por exemplo, estereótipos de gênero podem limitar como expectativas e oportunidades para mulheres em determinadas áreas profissionais, enquanto estereótipos raciais podem contribuir para a marginalização e exclusão de certos grupos étnicos.
Para combater os estereótipos, é fundamental questionar as nossas próprias crenças e preconceitos, bem como estar aberto ao diálogo e à aprendizagem. É importante lembrar que cada indivíduo é único, com suas próprias experiências, habilidades e características. A diversidade é uma riqueza e defende e compara as diferenças em vez de categorizar e generalizar. Promover a igualdade, a inclusão e a justiça requer esforços contínuos em todos os níveis da sociedade. Devemos encorajar narrativas diversas e representadas nos meios de comunicação, educar sobre a importância da recepção e respeito mútuo e promover políticas que garantam igualdade de oportunidades para todos. Ao desafiar os estereótipos e reconhecer a complexidade da diversidade humana, podemos construir uma sociedade mais justa, inclusiva e respeitosa, onde cada indivíduo é valorizado por quem realmente é, além de qualquer rótulo ou preconceito.
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