jan 29, 2020 Air Antunes Angatuba 0
Entra ano e sai ano a cantilena é a mesma, como atender ao povo naquilo a que se refere ao lazer… Angatuba tem o carnaval, festa bastante exigida pela população, o angatubense talvez seja sem sombra de dúvidas o povo mais carnavalesco de toda a região sudoeste paulista. O aniversário da cidade, em março, é outra mobilização que gera grande expectativa entre a população, “quem vem este ano?”, muitos perguntam acerca das atrações artísticas, e a esperança sempre é a de que, geralmente, seja uma dupla sertaneja universitária, a de maior sucesso do momento. Na verdade, muitos são aqueles que, nas redes sociais, elogiam um prefeito do nordeste, ou do sul, seja lá de onde for longe daqui, que afirma vai deixar de fazer carnaval alegando que com o dinheiro aplicará na saúde, nas estradas, na educação, mas odeiam a idéia de que o prefeito local possa ao menos reduzir o repasse financeiro para as escolas de samba ou que vai trazer um show de artista menor para o aniversário da cidade.
A prefeitura de Angatuba tem que se preocupar com as festividades do final do ano, com shows da virada, entra no marasmo de janeiro, não demora para se preocupar com o carnaval e , logo após, com o aniversário da cidade, “oba este ano vai ter rodeio!”, exclamam com alegria desmedida aqueles que creditam ser ótimo prefeito o que faz festas glamurosas. Muito contraditório isso tudo quando se vê os serviços básicos do município em crise. A saúde, por exemplo, vive o caos, a educação consumindo muito além do permitido pelo Fundeb dentro do período. Tem ainda a precariedade das estradas rurais, as ruas do perímetro urbano exigindo cuidados urgentes, mato invadindo, sujeira nas calçadas, etc. e etc.
De parte do Tribunal de Contas do Estado tem havido uma pressão enorme contra a prefeitura acerca da exorbitante folha de pagamento dos funcionários, mas reduzir nem pensar devem salientar o prefeito e sua equipe econômica, assim como “nem pensar” em cortar as gordas gratificações para um seleto grupo, anomalias criadas pelo administrador anterior e que são mantidas pelo atual. Aliás, o atual até tem enviado projetos para a criação de novas e consistentes gratificações, os quais a câmara municipal, acertadamente, não tem aprovado.
Sobre as festas, Angatuba é o único município da região que ainda investe alto no carnaval, e que tem uma população que cobra shows muito caros acompanhados das fatídicas e ecologicamente incorretas festas de peão de rodeio. Durante o ano todo esta mesma população critica em demasia a prefeitura pela ineficiência dos serviços da Santa Casa, pelo truculento atendimento do Centro de Saúde, pelos buracos nas ruas e sujeiras nos terrenos baldios. Quer dizer, de parte dos munícipes há também falta de consciência, há uma inconsistência moral sobre como e o quê se deve exigir do poder público. O prefeito e seu primeiro escalão importado geográfico e ideologicamente com certeza devem estar atentos sobre como resolver, ou o que fazer, em relação às festas que a massa tanto exige, até porque este é um ano de eleições municipais. Não fosse o curioso boicote do prefeito e sua equipe contra este jornal, até poderia estar inserido aqui, com exatidão, as providências eventualmente tomadas.
Não há dúvida de que a crise nacional proporcionada por um governo que só tem atendido as demandas do grande empresariado e dos interesses dos Estados Unidos, que vem dilapidando o patrimômio público do país e demonstrando odiar a classe pobre mais que nunca, também afeta as prefeituras, as pequenas e médias empresas, o pequeno comércio em geral. Angatuba, como uma célula da federação, naturalmente não escapa dos efeitos destes descalabros todos, na cidade se vê estabelecimentos comerciais fechando, uma crise imobiliária bem visível (placas de vende-se ou aluga-se estão por todo o lado), ainda, o desemprego desenfreado, o aumento da pobreza, enquanto que instituições que poderiam reagir contra tudo isso ficam de braços cruzados assistindo a banda passar. Enfim, num momento como este exigir festas patrocinadas pelo poder público chega a ser irresponsabilidade.
Quanto ao lazer há o mito de que este é um direito. De fato, este é um ítem assegurado a todos os cidadãos brasileiros na Constituição da República Federativa do Brasil em seu artigo 6º. No Direito do Trabalho não é diferente ao trabalhador, nesse caso não amparado somente pelo princípio da dignidade da pessoa humana, mas também tendo como alicerces o valor social da ordem econômica amparada pela valorização do trabalho humano. O direito social ao trabalho contribui para o crescimento e desenvolvimento da sociedade. O estado , no caso dos municípios as prefeituras, tem o dever de gerar lazer mas não significando que seja necessário esvaziar o cofre público para a realização de megashows com artistas muito caros . Interessante salientar que de parte da prefeitura, o lazer passa pela construção de uma praça, pela manutenção e o aperfeiçoamento de sua banda de música, pelo fomento para a formação de jovens na arte teatral, musical, na dança, na literatura, ou seja lá qual seja aquilo que irá desenvolver intelectualmente, culturalmente, o cidadão. Do Jornal de Angatuba.
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