JAIME SAUTCHUK
As crises econômicas, como sabemos, são cíclicas e até necessárias ao sistema capitalista. Em sua vasta obra, especialmente em “O Capital”, Marx já destrinchou isso de cabo a rabo. Mostrou que o sistema é injusto por natureza, pois depende da exploração do homem pelo homem, ou seja, não sobrevive sem o que nós chamamos de desigualdade social.
Mas, há diferenças dentro do próprio capitalismo. Há aquele chamado de selvagem, da exploração cruenta, com trabalhadores vivendo na semiescravidão e os poucos da elite rasgando dinheiro. E há aquele que acochambra um pouco, tentando reduzir as disparidades através de programas sociais.
Isso não é novidade, pois se baseia numa tese antiga, sintetizada por Keynes ainda durante a 2ª Guerra e implantada em vários países europeus desde então, a começar pelo famoso Welfare State britânico. Com adequações, foi implantado no Brasil a partir de 2003.
Com a crise atual, que faz parte do ciclo, e que assola o mundo inteiro, as ideologias fascistas ganham espaço também no mundo inteiro. As elites cooptam grande parcela da classe média. Esta, com medo de perder seu status consumista, faz o jogo sujo e irresponsável contra as camadas menos favorecidas da sociedade.
Não há humanismo nisso. O sonho da liberdade, fraternidade e igualdade, imortalizado pela Revolução Francesa, no século 18, parece cada vez mais distante. As guerras e golpes tolhem a liberdade, o individualismo sufoca a fraternidade e a ganância aniquila a igualdade.
A corrupção é hoje um problema mundial. Os lucros nos negócios, nos parâmetros preconizados por Adam Smith, já não são suficientes. É preciso mais, sempre mais, pra poucos. Pra que, não se sabe.
Cai a venda de feijão, mas não as de carros de luxo.
E, em momentos difíceis, o controle dos estados nacionais e de seus governos passa a ser ainda mais crucial, pra que se mantenham os privilégios, ainda que aumentando as desigualdades. É o que se passa hoje, tristemente, também no Brasil.
No entanto, por mais que as pesquisas científicas evoluam, até o momento não há indícios de vida inteligente (?!) em nenhum outro canto do Universo, a não ser aqui, na Terra. Seria, talvez, um local divino.
Mas, se houver o Céu em que a maioria dos terráqueos acredita, podemos ter a certeza de que esse espaço da salvação eterna não é aqui, na Terra. Cada vez mais, em verdade, as pessoas de bem levantam dúvidas sobre o futuro do próprio Planeta.
O dinheiro está acima da vida. Uma vida de liberdade, igualdade e fraternidade que se lasque. O objetivo da chegada ao poder é cessar a partilha da riqueza, por menor que seja. E contam com a colação de parcela significativa da Justiça e do Ministério Público.
Por isso, a luta contra um golpe, venha ele por impeachment de Dilma ou por outro mecanismo qualquer, é mais que uma luta política. Falamos de uma preocupação com o futuro da sociedade tupiniquim e de toda a Humanidade.
Jaime Sautchuk : trabalhou nos principais órgãos da imprensa, Estado de SP, Globo, Folha de S.Paulo e Veja. E na imprensa de resistência, Opinião e Movimento. Atuou na BBC de Londres, dirigiu duas emissoras da RBS.
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