fev 17, 2014 Air Antunes Angatuba 6
O acervo da Biblioteca Municipal Deputado Araripe Serpa de Angatuba é rica não apenas na quantidade do seu acervo mas também na qualidade. Embora seja evidente o abandono em que se encontra aquele espaço é certo que trata-se do local em que está abrigado o pouco que restou da cultura angatubense, do acervo ali instalado ao longo de várias décadas, uma conquista que contou com a importante colaboração da angatubense Dinah Lisboa, renomada atriz da dramaturgia brasileira. Sobre o tal acervo é válido destacar seus livros antigos, edições do século 19 e do século 20, pérolas da literatura brasileira reunidas entre outros tantos que foram lançados nas últimas décadas e chegaram até alguns anos atrás.
Entre inúmeras livros antigos alguns destaques, com alguns trechos , são os seguintes:
“Ipês- Versos”, de Ricardo Gonçalves, edição do início do século 20
( )
Porque será que as doces melodias
Que brotam do teclado,
Levam ninh´alma aos venturosos dias,
Aos venturosos dias do passado? “
Do poema “Tesoromio”
“Novas Poesias”, de Bernardo Guimarães, editora B. L Garnier – edição de 1876
“(….)
Pára e hesita; porém não desalenta
A valente crusada ante esse dique,
De dia em dia mais e mais alenta
Para vencer a sanha do cacique,
E a pé quêdo em seu posto, firme espero,
Que dentro do covil ruja a panthera…”
Do poema Tuyuty
Marília de Dirceo – Thomas Antônio Gonzaga, Editora H. Garnier Livreiro, edição de 1910.
“….Que prazer não terão os pais ao verem
Com as mães um dos filhos abraçados;
Jogas outros a luta, outros correrem
Nos cordeiros montados!
Que estado de ventura!
Que até naquilo que de peso serve
Inspira amor, doçura.
de Lyra XIX
“Apotheoses”- Hermes Fontes – Editado por Livraria Francisco Alves- edição de 1915
“…
Esse, não foi o Prometheu das lendas,
Nem possuía a ossatura, o torso legendário,
o conspecto feróz….
E, entretanto, planeou batalhas nais tremendas,
andou por mais candente itinerário,
e emmudeceu canhões e defez tendas
a sua voz…..”
Do poema “Prometheu”
“Você (Cancioneiro)” – Guilherme de Almeida -Desenhos de Anita Malfatiti- edição de 1931
“E na minha pretenção
Não sou o que
À toa . sem intenção,
Não sei p´ra que,
Pensando com convicção
Não sei em que,
Foi que fiz esta canção,
Eu sei porque….”
Do poema “Canção à toa”
“Poesias” – Medeiros de Albuquerque- Impresso pela Editora H. Gardner – edição de 1904.
“…
Si um feminino olhar formoso e brando
Por estas folhas perpassou, bondoso,
E, aos poucos, doce e triste, foi sondando
D´este meu coração o antro lodoso…”
Do Poema Grito de Naufrágio
“Mulher Nua (Poesias)” – Gilka da Costa de Mello Machado – Impresso por Jacintho Ribeiro dos Santos Editor- edição de 1922
“…Danças, e fico, à quando e quando,
Prezo de gozo singular;
E sonho que me está acariciando,
E sinto em todo o corpo o teu gesto passar…”
“Poesias” – Augusto de Lima – Impresso por H.Garnier Livreiro-Editor – edição de 1909
“…A moça que mora em frente
É uma moça indifferente
Não sei que mysterio tem:
Não chega nunca à janela,
Ninguém olha para ella,
Nem ella para ninguém”.
“Sonetos”- Julio Dantas –Impresso por Livraria Nacional Estrangeira- Edição de 1916
“Não te amei. E porquê ? Poque não há em ti
A graça que pertuba, o sorriso que enleia:
Porque eu sou cego, filha, e porque tu és feia;
Porque te olhei, amor, e porque não te vi “.
Do poema “Feia
“A sala dos passos perdidos” – Rodrigues de Abreu – Prefácio de Menotti Del Picchia- Impresso pela Editorial Paulista- edição de 1932.
“…
Eu ia ver a minha doce Amada…
Por isso essa cantiga transparente,
Vibrava na minha alma, suavemente,
Como as cordas de harpa delicada…”
Do poema “Os Pássaros”
“Casa destelhada” – Rodrigues de Abreu- Impresso pela Editorial Paulista- edição de 1933.
“…
Decerto é ópio que esse deus viciado fuma.
Porque eu estou ficando bebado, eu estou,
Sentindo dentro em mim uma felicidade,
Uma esperança que me faz quasi chorar…”
Do poema Tarde de opio.
“Luzes e sombras a morte de Salomé”- João Camara – Impresso pela Editora Pasquino Coloniale- edição de 1922.
“…Cemiterio de aldeia! – Um muro agreste,
Cruzes ladeando um rustico caminho,
E, enorme ao centro, um unico cypreste
Que fôra triste…si não fosse um ninho…”
Do poema Cemitério da Aldeia
“Anciedade”- João de Barros – Impresso pela Typographia José Bastos- edição de 1912
“…Coração” coração” quem chora esquece…
Tu, quando choras, é para lembrar
-Pranto é água do Céo que orvalha e reverdece
Esta saudade immensa em meu peito a aflorar…”
Do poema “Canção da Saudade”
“Eu”, de Augusto dos Anjos – edição de 1912
“…O trem particular que um corpo arrasta
Sinistramente pela via-ferrea,
A crystallisação da massa térrea,
O tecido da roupa que gasta…”
Do poema As Scismas do Destino
“As moreninhas”- Monteiro Lobato- Impresso pela Cesidio Ambrogi Editora- edição de 1928.
“,,,
Morena, quase divina,
Dos annos na floração,
Tão catita, a Nha Barbina
É um mimo de perfeição…”
Do poema Venes Cabocla
“Nevoa”- Amadeu Amaral- Impresso pela Livraria Magalhães- edição de 1936
“…No indeciso fulgor de teus olhos, orlados
De manchas de uma cor dolorosa de lírios,
Há o cançaco e o terror de todos os martirios
E a lassidão final de todos os pecados…”
Do poema Voto
“Espumas”-Amadeu Amaral- Impresso pela Editora Cigarra- Edição de 1917
“…Cai a noite. Um rubor fulge atrás da colina,
Cuja sombra se alonga a pouco e pouco, enorme
A velha arvore, alêm, verde nuvem , se inclina
Para o chão, balançando o vulto desconforme…”
Do poema “Crepúsculo Sertanejo
happy wheelsnov 26, 2023 0
out 10, 2023 0
out 03, 2023 0
ago 25, 2023 0
Bom dia, Cezar. Creio que em Angatuba este livro só existe na biblioteca municipal. Se der vou à biblioteca na segunda para ver se tiro uma cópia do prefácio.
Oi Air Antunes, muito obrigado pela ajuda, ficarei no aguardo. Meu e-mail é: cesarchalegre@hotmail.com …Um grande abraço!
É que vc citou o livro “Luzes e Sombras” do João Câmara e eu procuro o livro há bastante tempo, por causa do prefácio dele. Eu queria pedir pra vc me enviar imagens do prefácio desse livro, ou em xerox, se não for algo difícil pra vc fazer, pois se conseguir isso pra mim vai ser de grande importância pra um trabalho que estou desenvolvendo.
O autor desta matéria sou eu próprio, Cesar. Não sei que tipo de localização queres fazer. A matéria a escrevi porque sempre foi de minha índole escrever sobre literatura. Explique melhor esta localização..
Gostaria de entrar em contato com o autor dessa matéria pra me ajudar na localização de um livro. Obrigado!
E essa riqueza está preservada de ácaros e de traças? Para a conservaçao desse rico acervo é necessário um ambiente livre de umidades … Cuidado! A mão, contaminada pelos ácaros, se colocada nos olhos, pode comprometer a córnea e provocar cegueira! É somente um alerta… Este comentário não pretende denegrir com o valor do acervo… Com ácaros ou sem eles, continua valioso… Nem tudo está perdido…