Livros de consistente bagagem sociológica são parte do acervo da Biblioteca Municipal de Angatuba
jan 10, 2014Air AntunesAngatubaComentários desativados em Livros de consistente bagagem sociológica são parte do acervo da Biblioteca Municipal de Angatuba
Como herança de uma época em que Angatuba tinha um respeitável conceito cultural a Biblioteca Municipal Deputado Araripe Serpa de Angatuba é o que sobrou. O prédio da Casa da Cultura, como é conhecido o espaço da biblioteca, é a única referência que resta no município de um tempo em que a cultura e a educação eram tratadas por pessoas comprometidas com o crescimento intelectual da população. Não há dúvida de que o fruto deste comprometimento é seu respeitável acervo, inclusive com livros de consistente bagagem sociológica.
Clássicos, best-sellers, enciclopédias, didáticos, tudo está disponível para a classe estudantil do município e para todos aqueles que têm a literatura como hobby, como condutora de seu saber. Não há dúvida de que não será por falta de livros que o leitor angatubense deixará de repetir Jorge Luiz Borges quando o imortal argentino afirma “Não me orgulho dos livros que escrevi, me orgulho dos que li”.
Livros chegavam corriqueiramente enriquecento as estantes da biblioteca. Mas uma remessa em especial mereceu e continua merecendo ser destacada uma vez que ela é integrada de livros de consistente bagagem histórico/sociológica, de autores que dispensam comentários. Os livros, que até merecem comentários distintos, são os seguintes:
A Jangada do Sul– Getúlio, Jango e Brizola, de Gilberto Felisberto Vasconcellos, da Editora Casa Amarela.
O Xará de Apicuco-um ensaio sobre Gilberto Freyre, de Gilberto Felisberto Vasconcellos, da editora Casa Amarela.
Depois de Leonel Brizola, de Gilberto Vasconcellos, da editora Casa Amarela.
1889: A República não esperou o amanhecer, de Hélio Silva, da editora L&PM.
1922-Sangue na areia de Copacabana (ciclo Vargas), de Hélio Silva, editora L&PM.
1926- A Grande Marcha-A Coluna Prestes (Ciclo Vargas)- , de Hélio Silva, editora L&PM
1954-Um Tiro no Coração (Ciclo Vargas), de Hélio Silva.
A Jangada do Sul revisita uma importante triologia da história do Brasil
Professor de Folclore e de Sociologia da Arte da Universidade Federal de Juiz de Fora, Minas Gerais, Gilberto Felisberto Vasconcellos esteve em Angatuba em novembro de 2007 e procedeu instigante palestra sobre o biocombustível. Aproveitando o ensejo, discorreu com desenvolvura sobre Darcy Ribeiro e acerca do sistema político brasileiro que ao longo do tempo refutou sistematicamente os propósitos do grande antropólogo, assim como os planos governamentais de Leonel Brizola, nos quais Darcy estava inserido, para um Brasil menos preso às correntes opressivas do imperialismo cultural e econômico primeiro mundista. Quem assistiu àquela palestra, um público basicamente de professores, pode seguir em frente no raciocínio de Vasconcelos lendo A Jangada do Sul-Getúlio, Jango e Brizola, da editora Casa Amarela, cuja sinopse segue transcrita embaixo.
A Jangada do Sul- Getúlio, Jango e Brizola
A Jangada do Sul foi perseguida por um destino trágico na história do Brasil, sendo derrotada três vezes num lapso de tempo de mais ou menos uns dez anos: em 1945, com a deposição de Vargas pelos EUA; em 1954, pelo suicídio de Vargas em resposta ao cerco norte-americano; em 1964, por um golpe de Estado que começou em Washington para derrubar o presidente João Goulart, sem dúvida o acontecimento mais estúpido e nocivo para a civilização brasileira. Vietnã sem sangue, o golpe de 1964 foi concebido e materializado para eliminar o verdadeiro adversário do imperialismo: Leonel Brizola. Que teve um exílio barra-pesada. Exílio de cão. Embora tivesse sido cassado por Castelo Branco, o golpe de 1964 não tinha na mira o simpático ex-presidente JK, cuja carreira política foi impulsionada pelo minuano varguista.