jan 14, 2015 Air Antunes Angatuba 0
Imagine seu vizinho, aquele da bicicleta velha que a usa para ir ao trabalho. Ele não tem estudo, não tem qualificação profissional, é o que denomina-se “braçal, para a sua carteira profissional, quando a tem, ele presta “serviços gerais”. É somente um simples trabalhador que se esforça para pagar o aluguel e sustentar precariamente sua família. Imagine que numa bela manhã de outono ao abrir a porta você se depara com seu vizinho chegando ao volante de um veículo de luxo, digamos que seja um Hyunday Tucson 2.0 Flex, ou então um Toyota Hilux CD 4X4 SRV Top (as marcas são apenas exemplos, qualquer semelhança é mera coincidência). Depois você ficou sabendo que ele comprou aquele veículo. Não que você seja daquele tipo que fica de olho nas ações dos vizinhos, mas existem coisas que farão saltar seus olhos tanto quando os fariam as presenças súbitas de espiões russos na sua biblioteca ou de um disco voador aterrissando em seu qintal. Passado o pasmo, você poderá imaginar que seu vizinho ganhou um grande prêmio na loteria ou foi descoberto por um tio milionário que, posteriormente, morreu deixando uma fortuna para ele. Se não for uma coisa nem outra o seu vizinho terá operado milagre jamais visto desde a ressurreição de Lázaro.
Vizinho à parte, enfatizemos algo diferente mas da mesma natureza. Imaginemos, ou melhor, nem é necessário imaginar, é só ver alguns exemplos que são visíveis a olho nu. O que dizer de uma cidade como Angatuba que, aparentemente, tem uma administração descobridora da galinha de ovos de ouro? Em tempo: a tal galinha só bota (ou põe) ovos, exclusivamente, para apenas alguns atrelados ao sistema tucano de governar o município. Se você nada tem a ver com a vida de seu vizinho, mesmo ele tendo adquirido milagrosamente um veículo luxuoso, com as ações da administração pública municipal você deve ter, afinal a matéria prima para gerar o dinheiro público é o suor e sangue da população que paga seus impostos.
Angatuba tem uma população que, toda reunida nas arquibancadas do estádio do Pacaembu, ainda deixaria espaços para as populações de Guareí e Campina do Monte Alegre. O município não é estância turística, não é santuário de algum santo milagroso que gera longas romarias de fiéis nos fins de semana, sua agricultura não chama atenção e seu comércio sofre barbaramente com a concorrência de outras praças. Não fossem as indústrias Klabin e Polenghi , o município estaria se equiparando em IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) a Ribeirão Branco (cidade próxima a Itapeva), que é a última no ranking, no estado de São Paulo; a Barra do Chapéu, Itapirapuã Paulista, Bonsucesso de Itararé e a Nova Campina, sem contar os pobres municípios do Vale do Ribeira.
Numa cidade como Angatuba, o primeiro escalão da prefeitura deveria ter assessores compatíveis com salários não superiores a R$ 3 mil. Consideremos que esses assessores devessem ter bom nível intelectual, formação acadêmica compatível com o cargo, além disso honestos. Pode ser que um assessor desse fosse filho de uma família rica e tivesse um veículo de luxo , mas o privilégio seria apenas por isso, não por sua função na prefeitura. Logicamente, que o assessor não fosse um pobrezinho como o vizinho várias vezes exemplificado aqui , mas é provável que estaria no mesmo plano hierárquico na pirâmide sócio/econômica do município, quem sabe um grau à frente, nada mais que isso.
Uma pergunta: se nos holeriths dos assessores angatubenses estão valores “compatíveis” com Angatuba, em torno de R$ 5 mil, mesmo porque de outra forma o Tribunal de Contas interviria, de que maneira eles conseguem dinheiro para comprar bens só possíveis para milionários ?
Tem sido corriqueiro, de parte dos ofendidos, quando este tema é levantado, dizer que “é inveja”, ou, “é intriga da oposição”. Ora, inveja é algo condenável mas se tivéssemos de nutrí-la, a teríamos em relação a alguém que conquistou um grande mérito intelectual como o título de doutor através de uma grande universidade, alguém que acabou de lançar um best seller efusivamente aclamado pela crítica e até alguém como o adolescente cearense, filho de uma lavadeira, que obteve a maior nota do último Enem em todo o Brasil. Afora isso, não é para se ter inveja de quem obtém bens materiais, especialmente daqueles que os conseguem por meios questionáveis, pois se assim prevalecesse teríamos que ter inveja dos finados Pablo Escobar e Al Capone, de chefões da máfia, de Fernandinho Beira Mar, etc.
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