set 11, 2021 Air Antunes Angatuba 0
A vida palpita em todos e tudo vive uma harmonia misteriosa… não seria a alma celebrando a vida?
No decorrer da nossa existência, também vivenciamos fatos reais como a morte, levando-nos a crer que há um Deus, todo poderoso, que pela fé e pelo batismo nos restaura para a vida eterna.
“Deus, nosso Pai, fonte de vida e princípio do bem viver, criastes o ser humano e lhe confiastes o mundo”.
Para assumir a vida como dom e compromisso, no dia 22 de agosto de 1923, em Angatuba, nasceu Rolf Nazareth Orsi.
Seus pais, Sr. Giovanni Nicolao Orsi, conhecido João Orsi e Srª. Fiorellina di Martella Orsi, conhecida dona Fiora; eram imigrantes italianos toscanos que fixaram-se em Angatuba, por volta do início de 1900. Estabeleceram-se na praça da matriz, e instalaram a “Padaria Italiana”. Os “Orsi”, assim conhecidos, desenvolveram também o transporte de veículos de passageiros (Empresa de ônibus, carros de aluguel) e de mercadorias.
A família também era formada pelos filhos: Domingos, Júlio, Raphael, Arnaldo, Palmiro, Vicente, João e Florindo.
E o Rolf?
Desde o ventre materno, somos amados por Deus e escolhido por Ele para uma missão que se prolonga por toda a vida!
Luz de todo ser humano que vem a este mundo, tal como a “chama” que emana de uma vela; e, Deus concebeu a seu filho Rolf essa forma de ver, de conduzir, de iluminar a vida da família, dos amigos, das pessoas, das coisas e do mundo ao seu redor e transformá-la em lições.
A “vela” tem prazo para permanecer acesa: para ganhar as referências de sua existência, e Rolf fez com que a “vela da vida”, buscasse a claridade, o ardor, o inflamar, enfim, o seu maior lampejo de luz quando:
– Ao nascer!
Se o mundo com seus erros, paixões e ódios, amor e esperança… nos atravanca o caminho, Rolf foi capaz de remover os espinhos e balsamizar de forças excelsas a sua alma!
– Pela profissão!
A chama que inflama mais e mais como que refletindo luz ardente, radiante, rósea e feliz anunciando um novo tempo; foi quando Rolf abraçou a profissão de “motorista”.
A princípio, na empresa da família, dirigiu veículos, mas, foi no decorrer das décadas de 1940 em diante ao adquirir seus próprios caminhões, que perpetuou sua “sagrada” profissão.
Em 1940, adquiriu seu primeiro caminhão Ford 37. Em 1946, era no seu caminhão Chevrolet que transportou cargas para São Paulo e tantos outros lugares.
Depois, com um Ford 51, trabalhou com os americanos no Conselho Nacional de Petróleo (atual Petrobras), na sondagem de petróleo na divisa dos municípios de Angatuba e Guareí. Através dessa mesma forma de trabalho lidou em cidades do Paraná (Jacarezinho e Ponta Grossa) e de Santa Catarina (Urussanga).
Em 1954, retorna a Angatuba, trabalhando com seu caminhão, até se aposentar em 1975.
O motorista:
È aquele que ama o movimento, a velocidade!
Transborda de atividade, de saúde física para a mobilidade; sempre livre e sempre grande!
Eis o motorista Rolf, que fez arder a chama, o entusiasmo ao dirigir seu próprio rumo!
O casamento com Maria Aparecida Marques, a “Cida”!
Uma luminosidade plena, vibrante de esperança, misturam-se à claridade da partilha: o enlace matrimonial com sua amada Cida, em 23 de janeiro de 1955.
“Cida”, assim chamada essa jovem angatubense Maria Aparecida Marques, era filha dos nossos tios paternos: Roque Marques dos Santos e Rosaria Rodrigues, descendentes das famílias tradicionais de Angatuba da velha cepa dos fundadores.
Esposa Cida:
Alma aberta, generosa;
Serenidade e firmeza nas discórdias;
Estimulo nas indecisões;
companheira fiel, devota;
hábil conselheira;
lampejo de luz da Providência Divina, o olhar vigilante do anjo da guarda!
– Nascimento da filha Maria Antonieta
No perpassar da brisa, que faz agitar suavemente a chama cintilante da alegria, nasceu a filha Maria Antonieta Marques Orsi; era 17 de outubro de 1955.
Uma grande esperança, uma grande alegria, uma grande paz, invadem o lar de Rolf e Cida. A menina com saúde, meiguice e graça inunda a família de amor, de felicidade e de gratidão…
Com isso brilha para o pai Rolf, o nascer de uma nova vida, plena de luz que anima e enobrece; afasta a monotonia, todos os dissabores, todas as tristezas.
– Casamento da filha Maria Antonieta
O casamento implica num compromisso de amor, sério, exigente… para se construir relações fraternas, revisão de vida, tomada de consciência dos anseios mais profundos na certeza de se constituir uma nova família.
Em 25 de julho de 1982 ocorreu o enlace matrimonial de Maria Antonieta Marques Orsi e Carlos de Oliveira Silva.
O genro Carlos, conhecido “Bodinho”, é acolhido pelos sogros no meio familiar, como o “filho do coração”, aquele que na missão de esposo fiel e prudente, junto a esposa Maria Antonieta, terão a luz divina para iluminar o casamento, capacitando-os na nova jornada constituírem uma descendência plena de amor, de união e de fraternidade.
Certamente, Rolf já imaginava a casa repleta de seus descendentes.
– Netos e bisnetos: vidas em profusão!
Quanto mais o tempo passa, mais luz irradia: é a prole que cresce! Seus netos: Gracielle, Andressa e Giovanni; bem como seus bisnetos: Amanda, Rafael, Bárbara, Beatriz e Carolina.
Deus! É d’Ele que emana todo bem e toda graça! Na escuridão que nos rodeia, é o clarão tênue que se alarga com todos os tons rosados tingindo a caminhada, soprando auras de vida!
Sua família: – o bem mais valioso que Rolf pode acumular durante a jornada da vida.
– Lições de vida: entrevistas!
Quando chamado às lembranças do tempo passado, Rolf transformou suas memórias em verdadeiras lições para que as crianças, os jovens e os adultos pudessem construir a maturidade necessária do conhecimento.
O tempo lhe foi generoso, sábio o suficiente para não desgastar suas memórias!
Os lugares “têm alma”, no sentido de que a eles Rolf atribui grande significado. A amada Angatuba era “o lugar” que a sua memória privilegiou para a construção da sua identidade.
Seus causos, suas estórias tinham uma ressignificação ímpar, sobretudo quando da sua apresentação na Festa do Folclore de 1989, que tanto entusiasmou o jornalista Júlio Lerner em “A cidade faz o Show”; Rolf brilhou, acalorou, cintilou!
– Manifestações politicas!
A participação política “dos Orsi”, constituída por divergências ideológicas no seio familiar, fez com que Rolf e seu irmão João Orsi (diferentemente de outros membros da parentela) , mantivessem vivos os vínculos com os partidos políticos: PTB, PTN, conhecido “Pescoceiras” , liderado por Levy Lisboa; contrário aos integrantes da agremiação: UDN, PSD, os “Cupinchas” do Cel. Toniquinho Pereira e depois dirigido pelo filho Ivens Vieira.
Uma divergência política histórica!
Os laços de solidariedade que pendiam Rolf ao “lado do Levy”, do Dep. Araripe Serpa, constituíram para si a celebração do pertencimento para integrar-se junto à história familiar da esposa Cida, “Pescoceiras de raiz” e que marcou um tempo social e político que perdurou por muitas décadas.
Entre perdas, perseguições, conquistas, realizações, Rolf, “fiel companheiro político” se engajou à essa luta política ajudando a manter a “chama viva” da esperança, da coragem e da determinação.
– Amigos… amigos em profusão!
No brilho e no calor da chama da vela num lampejo de luz e de amizade Rolf angariou muitos amigos.
Tempo de encontro entre colegas motoristas como: Benedito Simões de Almeida, Humberto Simões, Janguinho Monteiro, Silvino Prado, Jose Benedito Queiroz, Sebastião de Medeiros, o “Bastião Lagarto”, entre outros… de passatempos divertidos, com familiares, com conterrâneos.
Encontro com os amigos, abrindo-lhe o coração às necessidades, à compreensão dos seus semelhantes, o tempo mais propicio à caridade fraterna!
Em sua plena caminhada, como lembrança de sua passagem pela vida, acalorou, entusiasmou a chama que as amizades fortaleceram, também como os amigos: Rodolfo Coimbra, Hélio Cavalcante Springer, e famílias da fazenda Santa Cecilia; Dr. Evaldo Ramalho Fóz e famílias da fazenda Funil, entre tantos amigos que existiram para lhe recobrar a força partilhando alegria, esperanças.
– Carnaval, futebol, vinho!
E o carnaval chegou… chegou o carnaval!
Tempo festivo, brilhante, contagiante em Angatuba!
A razão adormece e as alegrias se intensificam; em tudo paira emoções!
É a juventude vibrante do bloco carnavalesco “Nostravamus” que elege Rolf seu mais entusiasmado folião. Diversas apresentações lhe proporcionaram mais vitalidade e vibrante emotividade.
Junto ao bloco Rolf soube manter acesa a chama para iluminar muitos desfiles momistas, onde “o velho e o novo” se interagiam para recobrar as forças, superar os desalentos e celebrar alegremente a solidariedade.
Domingo… sempre aos domingos tem futebol! Faz parte da “italianidade do Rolf, da sua família, ter a Sociedade Esportiva Palmeiras como o time da sua predileção.
Antigamente, através do rádio, depois, da televisão e mesmo ao vivo, quando das apresentações futebolísticas, entre os torcedores persistem as gritarias, o escarcéu, um vendaval de emoções! Rolf também festejou esses momentos, mantendo viva as tradições dos “oriundi”.
Mas algo é certo:
Tristezas, angústias, saudades… muito mais alegrias… sempre que possível, Rolf as regou degustando prazerosamente o vinho; brindou a vida com a “preciosa” bebida, costume herdado dos filhos da “mama Itália”
Apesar do prazo para a vela permanecer acesa, continuam esparsos lampejos!
O tempo passando e Rolf, sob o “peso” dos anos, vai sentindo a luz se apagando, tingindo-se de escuros clarões…
Sombrio manto, vagarosamente tende-se a apagar o lampejo da vela, comunicando à vida um quê de nostalgia, desesperança, onde Rolf sente a atroz separação da companheira Cida, no dia 14 de junho de 2011, com a qual compartilhou 56 anos de feliz comunhão.
Não podemos afastar de nós a fragilidade e a finitude!
Nem propriamente a tristeza, ou ainda a agonia pela morte da fiel e aguerrida esposa, motivou Rolf a “sobreviver” a ausência do “amor que se quer eterno”; mas foi a dedicação, o zelo do seus familiares que contribuíram para que pudesse avivar a auréola branca da resignação.
Rolf vai enfrentando o tempo, reelaborando as vicissitudes da existência, sabendo ver em cada espinho da sua jornada palmilhada um proveito; em cada tropeço, uma lição; também o lado brilhante, promissor de bonanças!
– 22 de agosto de 2021!
O “velho guerreiro” completou 98 anos de existência! Mas o clarão da vela vai se apagando com um “sopro” do aniversariante, podendo tal ato significar “partida”, “separação”… ADEUS!
Entretanto, é na sua, na “Santa Casa” de todos nós, nesse “sagrado lugar”, que você Rolf ajudou construir, transportando milheiros, infinitos milheiros de tijolos que ela o recebeu de “braços abertos”, num ato de agradecimento pelo valoroso trabalho desse “IRMÃO” que a colocou em pé!
Esse reencontro necessário perdurou apenas alguns dias, finalizando em 4 de setembro de 2021, para aquele que caminhou, apesar da noite, do vento e permitiu cessar os últimos lampejos da sua luz; apontando esse caminho para entrar na verdadeira VIDA!
Adeus nosso amigo Rolf!
Pela bondade Divina, sua alma possa descansar em paz entre os esplendores da LUZ perpétua!
À família enlutada, ofertamos nossas preces e o nosso anseio para que a memória do patriarca Rolf conduza todos nessa ausência, onde possam sustentar laços fecundos e afetuosos no seio familiar e continuar a prevalência da PAZ, da UNIÃO, do AMOR e da SOLIDARIEDADE.
Maria Aparecida Morais Lisboa
happy wheels
mar 05, 2024 0
mar 01, 2024 0
fev 24, 2024 0
fev 21, 2024 0