abr 18, 2018 Air Antunes Angatuba 0
A prefeitura de Angatuba realizou através da Secretaria de Esportes, Cultura, Lazer e Turismo a 1ª Semana Cultural de Angatuba, evento ocorrido entre os dias 9 e 14 de abril, que recebeu efusivos elogios de grande parte da população. Não há dúvida de que diante da hibernação cultural que a cidade viveu no período 2009/2016, quando a administração municipal de então tentou impor a todos, indistintamente, o conceito de cultura confundido com o popularesco, “muito bem” representado por fatídicas festas do peão e shows de descartáveis e caríssimas duplas sertanejas universitárias, a 1ª Semana Cultural surgiu de forma impactante, afinal a cultura na sua essência voltou sendo exposta através da arte-plástica, da exposição de acervo literário (leia-se professora Teresa Plens Manfredini), lançamento de livro, de gêneros musicais classificadamente detalhados e virtuosos como o clássico, a genuína MPB (Música Popular Brasileira) e o choro, ou chorinho, gênero de música instrumental que surgiu no Rio de Janeiro no século 19 e que tem como origens estilísticas o lundú, rítmo de inspiração africana miscelaneado com gêneros europeus; também teve o teatro de rua. Pode ser dito que a Semana acenou para o início de uma caminhada rumo ao resgate da cultura no município, não obstante considerações mais acirradas acerca desta realização se fazem necessárias.
Antes de se inteirar mais profundamente sobre a questão aqui proposta, é interessante ressaltar que a maioria das prefeituras das pequenas cidades, até para reduzir custos, optou por incluir tudo numa mesma natureza o esporte e a cultura,uma secretaria fundida. Nada a ver. O pessoal do esporte tem sua competência mas não a obrigação de entender o plano cultural em seus variados aspectos, não é obrigado a saber ou entender se o povo prefere música clássica ou funk na sua forma brasileira, se a arte plástica é um acumulado de rabiscos numa tela ou uma aprimorada e requintada pintura, ou ainda tudo isso misturado. Até é admissível o esporte em sintonia com o lazer, simplesmente, considerando que a cultura é lazer, mas nem todo o lazer é cultura. O lazer apenas pelo lazer naquilo que até muitos gostam, o rodeio (este marcadamente “atração” anti-ecológica), os shows popularescos (sertanejo universitário, por exemplo), isso até pode ser vinculado ao esporte, mas não a cultura na sua mais real expressão, que, caso seja inviabilizada como secretaria por questão econômica não a seria como coordenadoria vinculada à Educação como ocorreu até 2008.
Caminhando para as considerações baseado naquilo que foi apresentado pela 1ª Semana Cultural de Angatuba, para as próximas edições fica a sugestão de uma amostragem da arte plástica como algo antecipadamente orientado. A exposição apresentada nesta edição de 2018 foi de obras do gênero abstrato, ou abstracionismo, aquilo que em síntese se conceitualiza como uma forma de arte, em especial na visual, que não representa objetos próprios da realidade concreta exterior. Resumindo, seria viável para a exposição da pintora Elisabete Teodoro Muniz que o público visitante, alunos e interessados em geral, anteriormente já estivesse sido preparado, didatizado, sobre a arte exposta, o abstrato, e até com a presença da artista plástica para maior esclarecimento o que não ocorreu.
Sobre a parte musical, sabe-se que uma grande maioria de angatubenses não é afeita à autêntica MPB e muito menos ao chorinho, daí a pequena presença de público nas apresentações da banda Requinte, na quarta-feira, 11, e do Grupo de Choro do Conservatório de Tatuí , no sábado, 14 de abril, mas mesmo assim seria interessante, para as próximas edições, encontrar uma maneira de atrair as pessoas para tais gêneros além da divulgação convencional, valendo reconhecer que nem sempre os cantores e músicos são famosos. Quanto à apresentação do histórico 12 de abril, do concerto da Bachiana Filarmônica Sesi regida pelo famoso maestro e pianista João Carlos Martins, há quem diga que o acontecimento seria digno do fechamento da Semana Cultural, mas o quesito data neste caso não dependeu exclusivamente dos organizadores locais, no caso prefeitura de Angatuba, através da Secretaria de Esportes , Cultura, Lazer e Turismo. Afora isso, o concerto ficou e ficará na memória de muitos angatubeses como um dos maiores espetáculos que Angatuba já viu.
De restante, aplausos para o teatro de rua da Companhia Paulista de Teatro que atraiu público considerável levando-se em conta que naquela sexta-feira, 13, no mesmo momento, final de campeonato de futsal da TV Tem lotou o ginásio de esportes Jorge Abdelnur, o Zizão, para o jogo entre Angatuba e Itapetininga. Sábado, 14, no último dia da Semana, o lançamento do livro “Um Novo Olhar para o Idoso” e a palestra sobre seu conteúdo pela autora Elisabete Teodoro Muniz (também a pintora da exposição do abstrato), apesar da relevância do assunto, da sua importância para a sociedade, seriam algo plausível mais para uma agenda da Secretaria Municipal da Saúde.
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