Enquanto outras regiões do estado são privilegiadas com boas rodovias, como pode se observar no norte, em torno de Ribeirão Preto; na noroeste, em torno de São José do Rio Preto; também na região metropolitana de Campinas e Vale do Paraíba, o sul do Estado praticamente tomado pelo Vale do Ribeira é o caos em termos de tráfego rodoviário. Aquela região na divisa com o Paraná tem peculariedades diferentes da maioria das outras, possui uma geografia mais acidentada e não tem estradas retas, curvas e mais curvas são uma constante e, o pior, várias delas sem asfalto, no “puro terrão” como falam, como a SP 165 que liga os municípios de Cajati e Apiaí, num trajeto de pouco mais de 100 quilômetros, uma via que é um convite à tragédia.
A referida rodovia além de ser de uma precariedade sem tamanho, tem sido opção para os caminhoneiros que transportam minérios para Apiaí e Adrianópolis município do Paraná e esta preferência torna o trecho entre Iporanga/Apiaí algo de extrema periculosidade. Caminhões em alta velocidade disputam a estreita rodovia com carros, motociclistas, ciclistas e pedestres expondo todos estes ao perigo. Outra opção para os caminhões é uma rodovia que adentra ao Paraná passando pelos municípios de Tunas e Adrianópolis, e, no estado de São Paulo, em Ribeira, antes de chegar a Apiaí, no entanto, apesar da boa qualidade desta a distância é bem maior, chega em torno de 100 quilômetros a mais.
Acidentado semanas atrás entre Iporanga e Apiaí quando trafegava com sua moto, com fratura na perna, o sorocabano Rogério Antônio Tatu é um usuário constante daquela via e ele lamenta como o trecho é precário e mal preservado, “temos que fazer algo, aquela estrada está recebendo caminhões de mais de 15 toneladas que tornam especialmente aquele trecho muito perigoso, é uma via estreita, na pura terra e pontos de passagem para apenas um veículo”. Ele diz que a empresa contratante Camargo Correia paga empresários, donos dos caminhões, entre eles prefeitos da região, para utilizarem a rota pelo estado do Paraná,”mas por benefícios de alguns tostões a preferência fica por esta estrada perigosa colocando em risco a vida de moradores e até para ônibus que levam jovens às cavernas da região”.
Rogério, que ainda se encontra internado na Santa Casa de Sorocaba, afirma estar indignado com o prefeito de Iporanga, município atravessado pela SP 165, por não decretar o peso da carga máxima das cargas dos caminhões, para o trânsito na sua área urbana, de no máximo 4 ou 5 toneladas, medida que iria restringir o trânsito destes veículos, “não consigo entender a causa desta falta de motivação política para que um decreto desta natureza seja efetuado, é importante que seja oficializado o mais rápido possível. Os condutores destes caminhões abastecem nestas cidades e nada mais, não compram uma marmita sequer e ainda colocam em risco de vida aqueles que moram ao longo da rodovia”