REUTERS/Washington Alves
Pedro Gomes
O lamaçal ferrenho rejeito ferroso veio,
Ligeiro e frenético veio arrastando tudo,
Veio e arrastou para o lamacento fundo,
Vidas vividas; vidas! Vidas ainda por viver.
Foi levando tudo: Estrada, ponte, poste, carro, trem,
trator, carroça, carroceiro, motorista, tratorista, maquinista.
Levou casa, levou casebre, levou palhoça,
Pomar, horta, o alimento da plantada roça.
Levou o boi, a boiada, o vaqueiro, a vaquejada,
Levou chiqueiro, galinheiro, até o farto celeiro.
Levou a vibrante fauna! Acabou com a bela flora.
Levou noivado, casamento, batizado, sacramento,
Levou até a sagrada, senhora nossa mãe Aparecida,
Agora desaparecida no fundo fundo da lama profana.
Levou o pensamento, o silencio, a profunda reflexão,
Levou ao fundo; o cordel, a prosa, o poema, a canção.
Só nos deixou no fundo fundo do coração dorida oração,
Pros irmãos, que no profundo fundo do barro mortuário estão.
E agora?! Agora, a ganância lucrativa está ativa escondida atrás da porta.
O ganho imperativo?! Ah, esse dorme tranquilo, nem sonha com a bancarrota.
happy wheels
