nov 12, 2017 Air Antunes Ilustrada 0
O movimento republicano começou oficialmente no Brasil com a fundação, em 3 de novembro de 1870, de um Clube Republicano no Rio de Janeiro e com o lançamento do célebre Manifesto Republicano. Redigido por Quintino Bocaiúva e contendo 58 assinaturas, o manifesto foi publicado em 3 de dezembro, no primeiro número do jornal A República. Destacava as contradições do regime entre a teoria e a prática e desafiava os monarquistas a mostrarem os abusos da corte. Afirmava, por exemplo: “De todas os ângulos do país surgem queixas, de todos os ângulos políticos surgem os protestos e as revelações estranhas, que denunciam a existência de um vício grave, o qual põem em risco a sorte da liberdade pela completa anulação do elemento democrático. O perigo está indicado e é manifesto. Sente-se a ação do mal e todos apontam a origem dele”.
Caricatura denominada “A Fala do Trono”, de Angelo Agostini, publicada na Revista Ilustrada, de 1882. Uma sátira à d. Pedro II perante ao movimento republicano.
Pedia o estabelecimento de uma república federativa e aludia ao caráter exótico de uma monarquia no Novo Mundo. Concluía afirmando: “Perante a Europa passamos a ser uma democracia monárquica que não inspira simpatia nem provoca adesões e, perante a América, passamos por ser uma democracia monarquizada onde o instinto e a força do povo não podem preponderar ante o arbítrio e a onipotência do Soberano”.
Curiosamente , o próprio d.Pedro II nunca escondera suas simpatias pela idéia republicana, Mas o republicanismo era um movimento de idéias, não visava à pessoa física do monarca, e prosseguiu na sua marcha avassaladora. Ainda, em 1870, a 20 de dezembro , foi fundado o Clube Republicano de São Paulo que, como o fluminense, acabaria em 1873 para dar lugar ao Clube Republicano Federal. No mesmo ano, em abril, realizava-se a Convenção Republicana de Itu e formava-se o Partido Republicano Paulista, apoiado na cafeicultura e visando à “defesa da federação” como único meio de assegurar às províncias o controle da política econômica e a descentralização das rendas. Somente às vésperas da Abolição, os republicanos de São Paulo se manifestaram contra a escravatura.
Outra força ideológica que exercia um peso cada vez mais considerável no movimento era a dos bacharéis estudantes da Faculdade de Direito do largo de São Francisco, em São Paulo, que manifestavam suas opiniões muitas vezes nas ruas da cidade, obtendo sempre grande repercussão junto à opinião pública.
Já no Rio de Janeiro os republicanos não chegaram a se organizar num partido político, como ocorreu em São Paulo e Minas Gerais, mas apoiados na classe média urbana, principalmente nos profissionais liberais e nos homens de imprensa , faziam uma propaganda republicana que defendia todo um leque de ampliação da cidadania, desde a representatividade política aos direitos e garantias individuais, incluindo a abolição total da escravatura, além de preconizarem também a idéia de uma organização federativa. Essa tendência foi superada pela atuação preponderante de toda uma nova geração de militares: ela abraçou o republicanismo, influenciada pelo positivismo de Augusto Comte. Segundo o historiador José Murilo de Carvalho, os militares se sentiam atraídos pela “versão positiva da república”, que combatia a monarquia em nome do progresso e desejava “um Executivo forte e intervencionista”, apoiando “o progresso pela ditadura, pela ação do Estado”.
Particularmente viperino, no auge da questão militar, foi Rui Barbosa, que redigiu um dos manifestos lançados em defesa do Exército, em 1887: “A jurisprudência do governo exclui da lei o Exército; e dessa proscrição, intolerável porque envolve a nossa vergonha, força é que haja recurso (….) Deploramos que a doença inquietadora de Sua Magestade não permita invocar diretamente o Chefe de Estado (….) Não nos resta, pois, senão recorrer para a opinião dos pais, que desde o princípio esposou a nossa causa”.,
A esta altura os civis não podiam prescindir dos militares para a implantação da República. Foi assim que a propaganda republicana- usando a Questão Religiosa e a Questão Militar e a insatisfação provocada entre os grandes latifundiários pela Abolição- proporcionou o clima que permitiria ao Exército, com o auxílio de lideres republicanos, proclamar a República no Rio de Janeiro em 15 de novembro de 1889.
Da publicação “A Construção do Brasil” da Prol Editora Gráfica.
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