Não há novidade alguma em falar que o povo brasileiro, desde tempos imemoriais, foi solapado com sucessivas e malogradas experiências políticas e econômicas implantadas com o intento de satisfazer suas necessidades. Experiências, estas , estão bem demarcadas no consciente coletivo de nossa gente.
Esses tempos idos nos trazem à memória entre tantos, o aculturamento de nossos índios pelos jesuítas como forma de dominação dos mesmos, a crueza da escravidão negra, os desvios de nossas principais riquezas naturais, a proclamação da República, alcunhada mais tarde de Velha, que visava salvaguardar os interesses inalienáveis de nosso povo, mas acabou por cimentar o imortal elitismo nacional, com todas suas nuanças e formatos. E não demorou muito e surgiu a ditadura militar com o escopo malandro de resguardar a alma de nosso povo, com os prejuízos que todos nós temos ciência.
Com a falência do regime militarista com suas doutrinas por demais nefastas e cerceadoras, a redemocratização ganhou um espaço considerável em nosso meio político e, vem sendo encarada como a tábua de salvação do tão sofrido povo brasileiro, mas os últimos episódios envolvendo o alto clero do governo federal tem ferido, mais uma vez , a fé pública com as constantes denúncias de corrupção e malversação do dinheiro público.
Isso por si só poderia minar as forças de nossa gente, mas, felizmente, isso não aconteceu e tão pouco vai acontecer graças à imensa capacidade que o nosso povo tem ao enfrentar com galhardia as dificuldades resultantes das imperícias e inidoneidades administrativas de nossos governantes (salvo raríssimas exceções). Essa gente, nos momentos mais difíceis de suas vidas, tem ao longo de sua existência, demonstrado coragem e dignidade para suplantar qualquer obstáculo que possa, por ventura, aparecer à sua frente, ficando assim, em contrapartida, mais resistente às intempéries futuras.
Essa alta resistência diante de várias situações, problemas que o brasileiro ostenta, não é fruto do mero acaso, mas sim do exercício contínuo e contumaz do que se chama hoje de brasilidade, que nada mais é a conjugação perfeita e harmoniosa da tenacidade, imaginação e inventividade de nossa gente, realçando as cores nacionais.
Arrisco em dizer que o nosso PIB não é representado por cifras, mas pelo caráter indebelável de nossa gente. E, ouso mais ainda, se o evolucionista Charles Darwin estivesse certo, o status de primeira potência do planeta hoje estaria com o Brasil e não com os Estados Unidos. E isto não é chauvinismo e muito menos xenofobia. Este é o Brasil que temos e o que somos.
Artigo escrito e publicado no Jornal de Angatuba em 2006.
João Luiz Liberato, de Angatuba, é funcionário municipal.