jan 05, 2016 Air Antunes Artigos 0
MÁRIO AUGUSO JAKOSKIND
Esta seria uma carta dos leitores de O Globo, se não ocorresse uma censura, possivelmente do lobby sionista. Trata-se de uma contestação ao cônsul honorário de Israel e colaborador assíduo do referido jornal, um tal de Osias Wurman. Na verdade, este senhor e os seguidores de suas ideias são geradores de antissemitismo.
A editoria Internacional não faz por menos e apresenta uma pauta que mais parece seguir as determinações do Departamento de Estado norte-americano do que outra coisa.
Outro dia O Globo editou matéria da Argentina “informando” que a sede do governo, a Casa Rosada, foi deixada pela presidenta Cristina Kirchner “cheia de buracos” e que as televisões não pegavam um canal do grupo Clarin.
O Globo simplesmente edita o que quer o novo governo de Maurício Macri. O jornal dos Marinhos segue apenas o que Macri vai continuar tentando fazer, ou seja, incriminar Kirchner para esconder a crise que a Argentina atravessará em função da política econômica do novo governo, ultra-elogiado pelos seguidores do ideário de Fernando Henrique Cardoso.
Se com Macri acontecer o mesmo que ocorreu com Fernando De la Rua em 2001, quando ele teve se sair da Casa Rosada de helicóptero, porque levou a Argentina para o buraco, vamos ver o que O Globo vai dizer. Por enquanto, a estratégia é continuar queimando a imagem de Cristina Kirchner.
O jornal da família Marinho, o mais vendido do Rio de Janeiro, ainda por cima está sujeito a pressões, como no caso do loby sionista.
Wurman, que há tempos tem espaço garantido em O Globo, simplesmente repete posicionamentos do senso comum e procura sempre vender o peixe sionista, que tenta a todo custo aparecer como vítima. Como diria o psiquiatra africano Franz Fanon, esta turma vestiu a camisa do opressor e repete contra o povo palestino as barbaridades cometidas contra os judeus pelos nazistas.
Netanyahu e sua gente, como Wurman e outros, têm seguidores em várias partes do mundo.
O governo de Israel, achando um fato mais natural do mundo decide nomear como embaixador no Brasil um cara chamado Dani Dayan, defensor incondicional de assentamentos, tendo se tornado uma espécie de porta-voz dos que residem em terras palestinas ocupadas por Israel.
E o governo brasileiro, numa confirmação de seu posicionamento de condenação aos assentamentos judaicos em terras palestinas, decide rejeitar o nomeado (provocativamente) por Netanyahu. E ainda por cima surge a chancelaria israelense fazendo ameaças de que pressionará o governo brasileiro para que mude de posição. AíO Globo edita uma página inteira com o título “Crise diplomática na porta”.
Mas vamos a carta. Ei-la:
Deturpação histórica
O cônsul honorário de Israel, Osias Wurman, utiliza argumento equivocado ao afirmar que rejeitar Dani Dayan (indicado para o cargo de embaixador de Israel no Brasil) ou outro morador de um assentamento é uma atitude semelhante às estrelas amarelas nas camisas usadas (por judeus) na Alemanha durante o período nazista”.
O sr. Wurman repete o argumento de vitimização, sempre utilizado por governos israelenses, para justificar ações repressivas contra os palestinos. Equiparar críticas aos assentamentos, defendidos por Dayan, ao período de perseguição nazista aos judeus é uma aberração histórica que merece o repúdio de todos.
Não venham dizer que a posição acima é antissemita, como fazem habitualmente os defensores de assentamentos judaicos em territórios palestinos ocupados por Israel quando criticados. Até porque, muitos dos críticos dos assentamentos e da ocupação de Israel de territórios palestinos são também familiares de vítimas do holocausto, como no caso do autor destas linhas. Em suma, a posição do governo de Israel e seus defensores são na prática geradoras de antissemitismo. De Caros Amigos
Mario Augusto Jakobskind é jornalista
happy wheels
fev 11, 2024 0
jan 05, 2024 0
nov 12, 2023 0
out 12, 2023 0