abr 14, 2015 Air Antunes Angatuba 0
Na quarta-feira (1º/04), artistas e alunos de oficinas culturais do estado de São Paulo fizeram uma manifestação em frente à Secretaria de Cultura do Estado contra o corte de verbas do governo estadual para o setor, que chega a R$ 13 milhões. A redução levou nove oficinas do interior a encerrar seus trabalhos de forma involuntária, acarretando em demissões de funcionários e diminuição de programações em entidades importantes, como Museus da Arte Contemporânea (MAC), Museu Afro, Museu da Imagem e do Som (MIS) e a Pinacoteca. Esse é um fato que desmente a administração municipal de Angatuba que, no afã de promover seu grande circo, deixa ser propagado aos quatro cantos da cidade de que sua mega festa do peão recebe verba da cultura. E se não recebe do estado, da União muito menos.
A produtora musical paulistana Intiane Queiroz paulistana afirma que o investimento precisa crescer. “O orçamento de cultura não chega a 0,2% do ICMS de São Paulo, é minúsculo. A cultura junto com a educação é o que vai mudar o país. O ideal é que ele cresça 1,5%, de acordo com a PEC da cultura”. Viajando 600 quilômetros, moradores de Araçatuba estiveram em São Paulo participando do ato e se queixaram do fechamento da única oficina da região. “O workshop atende 43 municípios, e fechando ele vamos deixar cidades sem acesso à cultura, porque é a nossa principal ferramenta de difusão cultural no interior”.
A oficina de Santos, litoral sul de São Paulo, além de fechada, foi transferida para um local precário. “As oficinas estão passando por um processo de sucateamento. Nos últimos dez anos, as atividades estão se reduzindo aos poucos, estamos vivendo uma situação específica, fomos transferidos do prédio da cadeia velha, ao lado da rodoviária, que atendia nove cidades da região, para uma casa muito pequena no bairro nobre da cidade e este lugar não atende de forma adequada”, afirmou o integrante do Movimento Teatral da Baixada Santista Caio Martinez Pacheco.
Para se ter idéia da gravidade do fechamento das oficinas culturais basta citar a importância da Oficina Cultural Grande Otelo, de Sorocaba, que atendia a todos os municípios da região interessados em cultura, de forma exemplar. A Coordenadoria da Cultura de Angatuba, por exemplo, até final de 2008, se servia quase que com freqüência da oficina de Sorocaba, foi através dela que foram possíveis os cursos de artes-plásticas, maquiagem de teatro, aulas de dança, apresentações de peças teatrais, curso de arte-sacra, de vídeo, enfim, o relacionamento entre coordenadoria e a Grande Otelo era tão intenso que no ano de 2005 o julgamento regional da modalidade Vídeo do Mapa Cultural Paulista foi realizado na Casa da Cultura local. As oficinas propiciavam aos municípios promover atividades culturais basicamente sem custos, o que a prefeitura providenciava era alimento para os técnicos e artistas que aqui vinham desempenhar seus trabalhos. Reiterando, isso tudo desmente o mito que se criou no governo tucano do município que, especializado em milhões, e que não tem qualquer intimidade com o que realmente é cultural, vive enganando o povo de que “a cultura mandou” a verba milionária para a popularesca festa do peão.
Cultura só funciona com gente compromissada, criativa e ideologicamente envolvida com o trabalho a que se propõe fazer, e foi com este espírito que a Coordenadoria de Cultura de Angatuba ainda promoveu espetáculos memoráveis de MPB, música raiz, e até vale lembrar de eventos como a Noite Sertaneja, a Noite da Seresta, a comemoração do Dia do Saci (Municipal e Nacional) na praça da matriz, feira de arte e artesanato, o Projeto Cinema no Bairro, a participação de Angatuba no Revelando São Paulo com shows de viola, do Fandango Mirim, artesanato, bonecões, quadrilha da terceira idade e a cachaça artesanal. Não se pode esquecer ainda do intenso movimento que era a Biblioteca Municipal Deputado Araripe Serpa, livros sempre estavam chegando e estudantes usavam constantemente aquele espaço. Na música, ainda, sob o comando do maestro Nenê Basile a banda de música infanto juvenil Antonio Lisboa revelava músicos de talento que acabavam indo estudar no Conservatório Musical de Tatuí, para lá eles iam com todo o respaldo da prefeitura, inclusive alguns deles até se apresentaram no exterior e foram destaques em festivais na TV Cultura. Havia também a banda de mùsica na versão adulta, regida pelo saudoso maestro Deny Lisboa. Uma e outra estavam sempre a se apresentar na praça da matriz nas manhãs de sábado.
Não há dúvida alguma de que com a iniciativa de Alckmin em cortar verba cultural e fechar as oficinas, fica provado que o PSDB além de não ter programas sociais, ser deficiente nas questões ambientais, ainda não tem preocupação que deveria ter em relação à cultura. Por sua vez o tucanato local, dando um tiro de misericórdia no último contato que o cidadão angatubense podia ter com a cultura, corta as assinaturas de jornais para a biblioteca municipal.
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