Cultuar a obra de Eduardo Galeano é ter amor-próprio pelo chão que se pisa e sobre o qual se vive. É entender a formação da América Latina a partir de conhecimentos históricos decisivos para a construção das nações e do Homem latino-americano . É ter resistência e dignidade frente o colonizador e o imperialismo. É ter clareza sobre as causas e os efeitos do subdesenvolvimento. É ter consciência que o desenvolvimento para uns desenvolve desigualdade. É questionar os mitos de opulência divulgados pelo capitalismo “central”. É saber que a vitória alheia sempre esteve entrelaçada e arraigada a nossa riqueza, por eles (imperialistas opressores) usurpadas. “Nossa riqueza gerou sempre a nossa pobreza para alimentar a prosperidade dos outros. Na alquimia colonial e neocolonial, o ouro se transforma em sucata e os alimentos em veneno”. É compreender o papel do Banco Mundial e a emergência de políticas públicas malthusianas. É conhecer os mecanismos de espoliação e a história da pilhagem que os opressores imprimiram à América Latina. É compreender para ousar rumo a outros rumos.
BRASIL-A atualidade de suas discussões podemos verificar por meio da definição que o autor dá ao termo PROXENETAS DA DESGRAÇA. É instigante e provocador se levado em consideração aos perfis de “alguns” membros avistados nas manifestações atuais no BRASIL.
Eduardo Galeano
Aqui, por estas bandas brasileiras, em épocas de manifestações esquisitas, nunca é demais relembrar a definição que GALEANO tinha para os PROXENETAS DA DESGRAÇA, AÍ VAI: Aqueles que “dão-se ao luxo de acumular cinco milhões de dólares em suas contas privadas na Suíça e malbaratam na ostentação e luxo estéril – ofensa e desafio – e em inversões improdutivas, que constituem nada menos do que a metade da inversão total, os capitais que a América Latina poderia destinar à reposição, ampliação e criação de fontes de produção e de trabalho. Incorporadas desde sempre à constelação do poder imperialista, nossas classes dominantes não têm o menor interesse em averiguar se o patriotismo poderia ser mais rentável do que a traição ou se a mendicância é a única forma possível de política internacional. Hipoteca-se a soberania porque não há outro caminho; os álibis da oligarquia confundem interessadamente a impotência de uma classe social com presumível vazio de destino de cada nação”.
Para arrematar Galeano sentencia: “A chuva que irriga os centros do poder imperialista afoga os vastos subúrbios do sistema. Do mesmo modo, e simetricamente, o bem-estar de nossas classes dominantes – dominantes para dentro, dominadas de fora – é a maldição de nossas multidões, condenadas a uma vida de bestas de carga”.
HOMENAGEAR GALEANO É DEBATER E CONSTRUIR UMA AMÉRICA LATINA MAIS LIVRE DOS TENTÁCULOS OPRESSORES DOS COLONIZADORE S E IMPERIALISTAS DE ONTEM E DE HOJE
Levy Lisboa Neto: de Angatuba, jornalista, pesquisador político e trabalhista. Doutorando em ciências sociais pela Universidade Federal da Bahia (UFBA). Mestre em ciências sociais pela Universidade Estadual de Londrina (UEL).