jul 30, 2014 Air Antunes Ilustrada 2
As expressões ou ditados populares são recursos de linguagem que o povo usa até para se fazer entender num diálogo. Em algumas regiões o seu uso é excessivo, em outras nem tanto, mas não há uma localidade sequer em que não existam os ditados populares. São tantas vezes repetidos e entendidos nos seus significados mas suas origens são pouco conhecidas. Onda 21 apresenta nesta oportunidade as origens de 50 expressões ou ditados populares, vale a pena conhecê-las:
171 – 171 é um artigo penal que, judicialmente, significa estelionatário. É por isso que as pessoas que enganam os outros são chamadas de 171. O “171” é um trambiqueiro.
ACABOU EM PIZZA- Uma das expressões mais usadas no meio político é “tudo acabou em pizza”, empregada quando algo errado é julgado sem que ninguém seja punido. O termo surgiu por meio do futebol. Na década de 60, alguns cartolas palmeirenses se reuniram para resolver alguns problemas e, durante 14 horas seguidas de brigas e discussões, estavam com muita fome. Assim, todos foram a uma pizzaria, tomaram muito chope e pediram 18 pizzas grandes. Depois disso, simplesmente foram para casa e a paz reinou de forma absoluta. Após esse episódio, Milton Peruzzi, que trabalhava na Gazeta Esportiva, fez a seguinte manchete: “Crise do Palmeiras termina em pizza”. Daí em diante o termo pegou.
AGORA É QUE A PORCA TORCE O RABO- “Agora é que a porca torce o rabo” é uma expressão usada para designar uma situação de extrema dificuldade, geralmente um momento de tomar uma decisão importante. Como a porca entrou nessa, é outra história. De acordo com o professor Ari Riboldi, no seu livro ‘O Bode Expiatório’, a frase provavelmente vem de um antigo modo de apartar porcos no chiqueiro, cena comum em nosso meio urbano ou rural. A maneira mais prática de dominar o animal era pegá-lo pela cauda. Ele reagia, torcendo o traseiro de um lado para o outro. Se o homem resistisse e não largasse a cauda, após várias voltas, o porco acabava indo para o lugar desejado. Cabe lembrar que chiqueiro é o lugar de guardar os chicos, nome que os portugueses davam aos porcos. Chico não é a forma carinhosa de Francisco, embora assim seja usual no meio popular. Por sua vez, a porca, que enrosca no parafuso, deve seu nome à semelhança com a anatomia do órgão genital do porco – em forma de parafuso – e da vagina da fêmea, internamente, tem forma rosqueada.
AMIGO DA ONÇA- Amigo da onça é o indivíduo que se mostra amigo, e ao mesmo tempo, é alguém que não se pode confiar, pois é uma pessoa falsa, que trai as amizades, hipócrita e infiel. A origem do termo amigo da onça surgiu com o cartunista Péricles Maranhão, para designar uma pessoa cafajeste, debochada e irônica. O personagem tornou-se extremamente popular, e o termo espalhou-se para todo o Brasil. Chamar outra pessoa de amigo da onça é considerado uma ofensa. Amigo da onça pode ser utilizado tanto como ofensa, em um sentido pejorativo, mas também como uma brincadeira entre amigos, uma forma de descontrair e chamar o outro com esse apelido, geralmente para designar pessoas que costumam pensar mais em si que nos outros. Amigo da onça é também uma brincadeira, geralmente feita em épocas do Natal, é uma versão “malvada” para o famoso amigo secreto, também chamada de inimigo secreto. O nome é amigo da onça, pois nessa brincadeira cada pessoa leva um tipo de presente, então sorteia-se um amigo, que escolhe um presente fechado, abre, e então o amigo da onça escolhe se fica ou troca seu presente por um outro presente já aberto de outro amigo, “prejudicando”, de certa maneira a outra pessoa.
ANDAR À TOA- ”Toa” vem do inglês ”tow”, que é a corda usada por um barco para rebocar outro maior. Então, quando o barco menor está rebocando o navio, os marinheiros do navio ficam sem fazer nada. À toa é algo feito sem esforço, algo sem importância. Os portugueses, resolveram dar um sentido figurado a esse procedimento marítimo, e já faziam isso desde o século 17..
ARROZ DE FESTA- Usada para designar pessoas que não perdem nenhuma festividade, a expressão “arroz de festa” pode ter surgido a partir da tradição de jogar arroz em casais recém-casados. Entretanto, a hipótese mais aceita capaz de explicar a origem do termo conta que o mesmo surgiu em razão da existência de uma sobremesa muito famosa em Portugal. Esta, feita a partir do arroz (corresponde ao nosso “arroz doce”), era uma iguaria obrigatória em todas as festas da época. Desta forma, passou-se a fazer uma analogia entre a sobremesa, ou melhor, entre o arroz e aqueles que não perdem uma festa por motivo algum.
AS PAREDES TEM OUVIDOS- Nascida na França e originada da perseguição contra os huguenotes, que resultou na matança conhecida como a Noite de São Bartolomeu (em 24 de agosto de 1572). A rainha Catarina de Médicis, esposa de Henrique II (rei da França), era muito desconfiada e uma perseguidora implacável dos huguenotes. Para poder escutar melhor as pessoas de quem mais suspeitava, mandou fazer uma rede com furos, nos tetos do palácio real. Foi este sistema de espionagem que deu origem à esta expressão muito famosa. Usada para avisar alguém sobre o que vai falar, para não se comprometer.
BATER AS BOTAS- A macabra expressão difundiu-se durante a Guerra do Paraguai, para significar morrer, na linguagem dos soldados. Quando os soldados eram gravemente feridos, eram estendidos no chão ou numa maca, pelos companheiros ou pelo corpo médico, e, nos estertores finais, sacudiam espasmódicamente as pernas, batendo as botas uma na outra.
BODE EXPIATÓRIO- A expressão “bode expiatório” teve sua origem no dia da expiação, como relata a Bíblia. O dia da expiação, era um ritual para purificação de toda nação de Israel. Para a cerimônia, eram levados dois bodes, onde um deles era sacrificado e o outro, o bode expiatório, era tocado na cabeça, pelo sacerdote, que confessava todos os pecados dos israelitas e, os enviava para o deserto, onde todos os pecados eram aniquilados.
CASA DA MÃE JOANA- A expressão “casa da mãe Joana” teve origem no século 14, segundo Câmara Cascudo (historiador, antropólogo, advogado e jornalista) foi criada graças a Joana I , rainha de Nápolis e condessa de Provença, que viveu entre 1326 e 1382. Teve uma vida conturbada e em 1346 mudou de residência para Avignon, na França. Alguns autores afirmam que esta mudança ocorreu porque Joana se envolveu em uma conspiração em Nápoles que resultou na morte de seu marido André, enquanto outros indicam que Joana foi exilada pela Igreja por viver de uma forma sem regras e permissiva. Em 1347, quando tinha 21 anos, Joana normatizou os bordéis da cidade onde vivia refugiada, criou certas regras para impedir que alguns frequentadores agredissem as prostitutas e saíssem sem pagar. Para as meretrizes, Joana era como uma mãe e por isso os bordéis eram conhecidos como “casa da mãe Joana”. Em Portugal, a expressão paço-da-mãe-joana era um sinônimo de prostíbulo. A expressão chegou ao Brasil e como “paço” não é uma palavra comum, foi mudado para “casa”, e a expressão “casa de mãe Joana” passou a significar o lugar onde cada pessoa faz o que bem entende, sem respeitar nenhum tipo de normas.
CALCANHAR DE AQUILES- A expressão “Calcanhar de Aquiles” surgiu a partir da lenda grega de Aquiles, filho do rei Peleu e da deusa Tétis. Esse termo é usado para fazer referência ao ponto fraco de uma pessoa. A lenda que originou a expressão conta que Aquiles, ao nascer, foi banhado por sua mãe nas águas do rio Estige para que o bebê se tornasse forte e indestrutível. Acontece que a deusa Tétis deixou de molhar o calcanhar de Aquiles nas águas, o que tornou essa parte do corpo do bebê vulnerável. Aquiles cresceu e passou a se destacar por sua velocidade e sua força, mas durante a guerra de Troia, ele acabou sendo atigindo em seu calcanhar e foi derrotado.
CAVALO PARAGUAIO- Cavalo paraguaio é uma expressão usada para designar os times de futebol que iniciam um campeonato com excelente atuação e, no decorrer dos jogos, são superados pelos outros times. A expressão “cavalo paraguaio” também é usada para nominar um jogador, quando este se destaca, com um excelente futebol, no início dos jogos e, depois cai de produção. Cavalo paraguaio é uma expressão popular que teve origem no turfe.Quando um cavalo dispara na largada, indicando que vai ganhar o páreo e, no meio da corrida é ultrapassado pelos outros competidores, diz-se que ele é um cavalo paraguaio. Na Ciudad del Este, no Paraguai, localizada na região conhecida como Tríplice Fronteira, encontra-se uma zona franca de comércio, o que atrai um grande número de compradores, pelos baixos preços das mercadorias. Vários compradores identificaram produtos falsificados vendidos na zona franca de Ciudad del Este, o que fez a palavra paraguaio, ser empregada no sentido pejorativo, como algo que tem qualidade duvidosa.
CHATO DE GALOCHAS-Acredita-se que a expressão tenha se originado a partir do costume que os homens da década de 50 tinham de usar galochas, calçados de borracha que eram colocados por cima dos sapatos e os protegiam em dias de chuva. Desta forma, o termo popular surgiu a partir da imagem de uma pessoa que não retirava as galochas para entrar em casa, sujando todo o chão de barro e lama: “o chato de galochas”.
CHORAR AS PITANGAS- A expressão “chorar as pitangas”, usada no Brasil para designar o ato de chorar e lamentar, se originou a partir de uma adaptação da frase portuguesa “chorar lágrimas de sangue”. “Pitanga” é uma palavra de origem indígena e significa vermelho. Desta forma, os índios fizeram uma analogia e começaram a usar a expressão que conhecemos hoje em dia, isto é, de alguém que chora tanto que seus olhos ficam avermelhados.
CORREDOR POLONÊS- Corredor polonês é uma expressão comumente utilizada para denominar uma passagem estreita formada por duas fileiras de pessoas que se colocam lado a lado, uma defronte à outra, com a intenção de castigar quem tenha de percorrê-la. A expressão faz referência à região transferida por parte da Alemanha para a Polônia ao fim da Primeira Guerra Mundial, em virtude da assinatura do Tratado de Versalhes. O Corredor Polonês dividiu a Alemanha ao meio, isolando a Prússia Oriental do resto do país. Através de uma extensão de 150 quilômetros e largura variável entre 30 a 80 quilômetros, permitiu que os poloneses circulassem livremente em território alemão, bem como possibilitou o acesso da Polônia ao Mar Báltico. Posteriormente, tanto o Corredor quanto a Prússia foram incorporados ao território polonês. A disputa pela região do Corredor Polonês provocou inúmeros atritos entre os dois países. Em 1939, durante a invasão da Alemanha à Polônia, os poloneses foram encurralados pelos alemães, os quais se posicionavam dos dois lados do Corredor e atiravam contra os poloneses, que estavam no meio.
CUSTAR OS OLHOS DA CARA-Há quem diga que a expressão “custar os olhos da cara” tenha se originado quando o conquistador espanhol Diego de Almagro perdeu um de seus olhos durante um conflito em uma fortaleza inca, fato que rapidamente ficou conhecido por todo o povo. Entretanto, é sabido que diversos povos da Antiguidade tinham a tradição de arrancar os olhos de seus prisioneiros de guerra, especialmente dos governantes inimigos. Tanto é que o próprio escritor romano Plauto (254-184 a.C.) já havia registrado a expressão em uma de suas peças de teatro.
DAR COM OS BURROS N´ÁGUA-A expressão surgiu no período do Brasil Colonial, no qual tropeiros que escoavam a produção de ouro, cacau e café precisavam ir da região Sul à Sudeste sobre burros e mulas. O fato era que muitas vezes esses burros, devido à falta de estradas adequadas, passavam por caminhos difíceis, regiões alagadas e muitos deles morriam afogados. Daí em diante o termo passou a ser usado para se referir a alguém que faz um grande esforço para conseguir algo e não tem sucesso nisto.
DAR DE MÃO BEIJADA- A expressão “dar de mão beijada”, usada para se referir ao ato de dar algo de forma espontânea e gratuita, sem esperar nada em troca, possui suas origens na Idade Média. Nesta época, era comum que ricos fiéis dessem generosos presentes, como terras e palácios, à Igreja. Como recompensa, estes tinham o privilégio de beijar as mãos do papa. A partir de então a expressão se popularizou.
DE MÃOS ABANANDO-Na época da intensa imigração no Brasil, os imigrantes tinham que ter suas próprias ferramentas. As “mãos abanando” eram um sinal de que aquele imigrante não estava disposto a trabalhar. A partir daí o termo passou a ser empregado para designar alguém que não traz nada consigo. Uma aplicação comum da expressão é quando alguém vai a uma festa de aniversário sem levar presentes.
DO ARCO DA VELHA- Do arco da velha é uma expressão popular da língua portuguesa que significa “fantástico”, “incrível”, “espantoso”. Muitas vezes a expressão completa é: “são coisas do arco da velha”. Esta expressão também pode servir para qualificar uma história ou alguma coisa que é absurda ou inverossímil. Do arco da velha faz referência a um fato passado, antigo. “O meu avô começou a falar dos seus tempos de infância e contou muitas histórias do arco da velha”. É sabido que por volta do século XIX, a expressão “arco da velha” servia para descrever o arco-íris, algo que já não é tão comum nos dias de hoje. Uma das explicações por trás dessa expressão é que essa denominação foi criada graças à história bíblica de Noé, quando depois do dilúvio, Deus criou o arco-irís para demonstrar a sua aliança com o ser humano, e que não voltaria a enviar outro dilúvio dessa magnitude. Assim, na expressão “do arco da velha”, o termo “velha” representa a velha aliança que Deus formou com o Homem. Por esse motivo o arco-irís também é conhecido como arco-da-aliança. Uma explicação alternativa para a origem desta expressão é que originalmente ela seria “arca da velha” e não “arco da velha”. Isto porque senhoras de certa idade tinham o hábito de guardar coisas incríveis e espantosas nas suas arcas
DOR-DE-COTOVELO- A expressão “dor-de-cotovelo”, muito usada para se referir a alguém que sofreu uma decepção amorosa tem sua origem na figura de uma pessoa sentada em um bar, com os cotovelos em cima do balcão, enquanto toma uma bebida e lamenta a má sorte no amor. De tanto o apaixonado ficar com os cotovelos apoiados daquela forma, os mesmo deveriam doer. Esta é a ideia por trás desta expressão.
DRIBLE DA VACA- Improvável que uma vaca fosse capaz de fazer a jogada em que o atleta lança a bola por um lado do adversário e a alcança correndo pelo outro lado (o mesmo que meia-lua). A expressão teve origem na prática do futebol em campos improvisados, nos potreiros do interior, nas fazendas, em plenas pastagens de gado. Era comum, durante a partida, um desses animais atravessar pelo meio do espaço onde se realizava o jogo. Diante dessa situação, além de driblar o seu oponente, o atleta tinha que se livrar da vaca. Para tanto, jogava a bola para um lado do animal e corria para o outro, lá adiante, para alcançá-la e dar continuidade à sua trajetória. Se a vaca fosse dócil e mansa, tudo bem; caso contrário, se ela não concordasse com o drible e ameaçasse usar os chifres ou patas, o mais prudente era interromper o jogo por alguns minutos e esperar que ela mesma se afastasse para além dos limites das quatro linhas..
ELEFANTE BRANCO- De acordo com o professor Ari Riboldi, no seu livro ‘O Bode Expiatório’, a expressão teve origem em um costume do antigo Reino de Sião, atual Tailândia. Lá, o elefante branco era raríssimo e considerado animal sagrado. Quando um exemplar era encontrado, deveria ser imediatamente dado ao rei. E, se um dos cortesãos, por alguma razão, caísse na desgraça do rei, este o presenteava com um desses raros animais. Não podia recusar o presente, nem passá-lo adiante, afinal era um animal sagrado e um presente real. A obrigação era cuidar, alimentar e manter o pelo do animal sempre impecável – o que representava grande custo e trabalho constante, sem nenhum retorno ou utilidade prática.
ENGOLIR SAPOS- credita-se que a expressão tenha se originado a partir dos relatos bíblicos das pragas que atingiram o Egito no tempo de Moisés. Uma destas pragas era, justamente, a infestação de rãs, de forma que até mesmo durante as refeições os egípcios se deparavam com os animais pulando por todos os lados, inclusive para dentro de seus pratos. Hoje em dia, o termo “engolir sapo” é usado para designar o ato de suportar uma situação desagradável sem hesitar.
ERRO CRASSO- Em 59 a.C, o poder em Roma foi dividido entre três figuras: Júlio César, Pompeu Magnus e Marco Licinius Crasso. Enquanto os dois primeiros eram notáveis generais, que ampliaram os domínios romanos, Crasso era mais conhecido pela sua riqueza do que por seu talento militar: César conquistou a Gália (França), Pompeu dominou a Hispânia (Península Ibérica) e Jerusalém, por exemplo. Crasso tinha, assim, uma idéia fixa: conquistar os Partos, um povo persa cujo império ocupava, na época, boa parte do Oriente Médio – Irã, Iraque, Armênia e outros. À frente de sete legiões, ou 50 mil soldados, confiou demais na superioridade numérica de suas tropas. Abandonou as táticas militares romanas e tentou atacar simplesmente – na ânsia de chegar logo ao inimigo, cortou caminho por um vale estreito, de pouca visibilidade. As saídas do vale, então, foram ocupadas pelos partos e o exército romano foi dizimado – quase todos os 50 mil morreram, incluindo Crasso.A bobagem feita por Crasso, virou, em várias línguas, sinônimo de estupidez..
ESTÁ TUDO COMO DANTES NO QUARTEL D´ABRANTES- A frase “está tudo como dantes no quartel d’Abrantes” remonta ao início do século 19, quando Napoleão Bonaparte invadiu a Península Ibérica e Portugal foi tomado pelas forças francesas sob o comando do General Junot. Àquela época, uma das primeiras cidades invadidas pelos franceses foi Abrantes, próxima a Lisboa, em 1807 e lá, o general francês instalou seu quartel-general e se fez intitular Duque d’Abrantes. Como Portugal se encontrava politicamente acéfalo, pois, D. João VI e sua corte se encontravam no Brasil, o General Junot permaneceu no poder sem resistências, provocando o surgimento de um dito irônico, pois, a quem se perguntasse como iam as coisas, a resposta era sempre a mesma: “Está tudo como dantes no quartel d’Abrantes”.
FAZER DAS TRIPAS CORAÇÃO- Fazer das tripas coração é uma expressão popular que significa transformar as adversidades em forças ou para descrever um esforço sobre-humano. A expressão é usada quando a pessoa supera os próprios limites, faz o possível e o impossível para conseguir o que deseja. A expressão “fazer das tripas coração” está ligada a função anatômica do intestino e do coração. O intestino humano é um tubo com mais de seis metros de comprimento, onde ocorrem as transformações finais da digestão e a parte mais significativa da absorção dos alimentos. O coração tem a função de bombear o sangue através dos vasos sanguínios para todo o nosso corpo. O funcionamento do coração é tão importante que, se houver uma parada de 4 minutos, poderão ocorrer lesões graves no cérebro e até a morte.
FAZER UMA VAQUINHA- Tudo indica que ela tenha sido criada pela torcida do time de futebol do Vasco, durante a década de 20. Na época, os fãs do clube carioca adotaram uma tática bastante eficiente para estimular os jogadores em campo. A cada resultado positivo, os atletas recebiam um prêmio em dinheiro arrecadado pelos torcedores. O valor dependia do placar e era inspirado em números do jogo do bicho. Um empate, por exemplo, valia “um cachorro”, que corresponde ao número 5 no bicho. Nesse caso, os boleiros embolsavam 5 mil réis. Uma vitória comum geralmente rendia “um coelho”, o número 10 no jogo, ou o equivalente a 10 mil réis. Mas a recompensa mais cobiçada era justamente “uma vaca”, o número 25 – ou seja, nada menos que 25 mil réis, pagos somente em vitórias históricas ou em conquistas de títulos. Com o tempo, a expressão “fazer uma vaca”, ou “fazer uma vaquinha” passou a ser usada sempre que um grupo de pessoas rachava uma despesa comum. Décadas depois, a palavra “vaca” ou “vaquinha” também foi usada para apelidar as cédulas de 100 cruzeiros. “No jogo do bicho, ela representa também o grupo de números terminados em 00. A associação deve ter surgido daí”, afirma o filólogo (estudioso da língua e das palavras) José Pereira da Silva, da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ).
FICAR A VER NAVIOS- Ficar a ver navios é uma expressão popular que significa ser enganado, ludibriado, ver suas expectativas serem frustradas e ficar desiludido. A expressão “ficar a ver navios” surgiu em Portugal e há algumas histórias que podem explicar a sua origem. No tempo das grandes navegações e descobertas, muitos portugueses ficavam em Lisboa, num morro chamado Alto de Santa Catarina. Para alguns autores, eram armadores esperando as caravelas que vinham de continentes além-mar, trazendo vários tesouros; para outros eram sebastianistas que acreditavam no retorno de D. Sebastião, rei de Portugal, desaparecido na África, na batalha de Alcácer-Quibir, em 1578. O povo português se recusava a acreditar na morte do seu rei e por isso, era comum pessoas ficarem no Alto de Santa Catarina, em Lisboa, para esperar pelo rei. É certo que o D. Sebastião nunca regressou, e por isso essas pessoas ficaram a ver navios, ou seja, ficaram desiludidas porque aquilo que esperavam não se concretizou. Uma explicação bastante parecida, consiste no fato de na altura, as mulheres ficarem em casa, esperando os maridos que tinham zarpado com as embarcações. Depois de muito tempo, as mulheres ficavam observando os navios que chegavam aos portos para encontrarem seus maridos, muitas vezes sem sucesso. Então surgiu a expressão: Ficou a ver navios, ou seja, ficou esperando por algo que não veio. A terceira explicação revela a expressão “ficar a ver navios” no sentido de ser enganado por alguém. Em 1492 foi determinado que os judeus que não se convertessem ao catolicismo teriam de deixar a Espanha até ao fim de julho. Milhares então se deslocaram para Portugal. O casamento do rei D. Manuel com D. Isabel, filha dos Reis Católicos, fez com que aceitasse a exigência espanhola de expulsar todos os judeus que moravam em Portugal que não se tornassem católicos, num prazo que ia de janeiro a outubro do ano de 1497. O rei Dom Manuel precisava dos judeus portugueses, pois representavam toda a classe média e a mão-de-obra, e eram também uma grande influência intelectual. Se Portugal os expulsasse como fez a Espanha, o país teria que enfrentar uma grande crise. Contudo, D. Manuel não tinha qualquer interesse em expulsar esta comunidade. O rei de Portugal tinha esperança que, retendo os judeus no país, os seus descendentes pudessem talvez vir a ser cristãos, como resultado da influência da cultura católica em Portugal. Para que isso acontecesse, tomou medidas extremamente drásticas, chegando a ordenar que os filhos menores de 14 anos fossem tirados aos pais para que fossem convertidos. Depois fingiu marcar uma data de expulsão na Páscoa. Quando chegou a data do embarque dos que não aceitaram o catolicismo, ele afirmou que não havia navios suficientes para os levar e ordenou um batismo em massa dos que estavam reunidos em Lisboa esperando o transporte para outros países. No dia marcado, estavam todos os judeus no porto esperando os navios que não vieram. Todos foram convertidos e batizados. O rei então declarou: não há mais judeus em Portugal, são todos cristãos (cristãos-novos). Muitos foram arrastados até a pia batismal pelas barbas ou pelos cabelos. Deste acontecimento surgiu a expressão: “ficaram a ver navios”, porque tinham sido enganados.
FORRÓ- A origem da palavra “forró” surgiu como corruptela da expressão inglesa “for-all” (para todos). Segundo o professor e folclorista pernambucano, Valdemar de Oliveira, nas décadas de 1920/30, os ingleses dirigentes da Pernambuco Tramways Power Company Limited, juntamente com seus patrícios da Great Western Railway Company, realizavam grandes festas, para as quais eram convidadas figuras importantes da sociedade. Porém, em determinados eventos, os convites eram mais amplos e extensivos aos funcionários das duas empresas. Nessas ocasiões, traziam, no rodapé, a expressão “for all” – promovendo a alegria geral. Sendo uma festa para todos, o forró popularizou-se, numa mistura de baião, samba, xaxado – dentre outras manifestações. Uma das tradições folclóricas mais apreciadas no Nordeste, e até no País, é dançado em diversos períodos e festividades, sobretudo durante o ciclo junino, sendo acompanhado por conjunto regional formado de sanfona, triângulo e bombo. Também merece registro o forró estilizado, tocado por instrumental moderno (órgão, guitarra, contrabaixo, bateria, etc). A sanfona de oito baixos junto com o triângulo e a zabumba são os principais instrumentos do forró. A dança exige um par e já possui muitas variações desde o mais simples do passo, o dois prum lado, dois pro outro. A referida versão, portanto, não tem sustentação etmológica, mas não deixa de ser um “atrativo”, por outro lado tem a versão do filólogo também pernambucano Evanildo Bechara, que afirma: o termo “forró”é uma redução de forrobodó, que por sua vez é uma variante do antigo vocábulo galego-português forbodó, corruptela do francês faux-bourdon, que teria a conotação de desentoação. O elo semântico entre forbodó e forrobodó tem origem, segundo Fermin Bouza-Brey, na região noroeste da Península Ibérica (Galiza e norte de Portugal), onde “a gente dança a golpe de bumbo, com pontos monorrítmicos monótonos desse baile que se chama forbodó“.
GOL DE PEIXINHO- Arnaldo Poffo Garcia, mais conhecido como Peixinho era um jogador que atuava como ponta-direita, conhecido por ter marcado o primeiro gol da história do Estádio do Morumbi.A expressão até hoje repetida deve-se ao primeiro gol ocorrido no estádio do Morumbi, em 1960, quando ele jogava no São Paulo. O gol foi feito no amistoso contra o Sporting, de Portugal, e foi dele. Quando o jogador salta para a frente, quase na horizontal, para cabeçear a bola para o fundo da rede diz-se que este foi um “gol de peixinho”, pois foi assim que o jogador Peixinho marcou o gol na vitória de 1 a 0 naquela partida que marcou a inauguração do estádio.
GOL DE PLACA- O jornalista Joelmir Beting, já falecido, era uma das referências do jornalismo de economia no Brasil. Mesmo assim, Joelmir não deixou de marcar seu nome também no jornalismo esportivo, área em que atuou no início de sua carreira. O jornalista é o criador da expressão “gol de placa”, cunhada após um gol de Pelé em partida do Santos contra o Fluminense, no Maracanã. A partida, vencida pelo Santos por 3 a 1, foi disputada no dia 5 de março de 1961 e estava em seus minutos finais quando Pelé dominou uma bola no campo de defesa de seu time e driblou seis adversários antes de marcar o terceiro gol do alvinegro praiano e dar números finais ao jogo. Para homenagear este golaço do Rei Pelé, Joelmir, na época repórter do jornal “O Esporte” encomendou uma placa com os dizeres “neste campo, no dia 5 de março de 1961, Pelé marcou o tento mais bonito da história do Maracanã”. Joelmir explicou assim sua iniciativa: “Eu tive a ideia, mandei fazer a placa e paguei com dinheiro do meu bolso em nome do meu jornal. Fui ao Maracanã, instalei a placa e depois daquele dia, todo o pessoal dos jornais e de rádio começou a dizer ´este gol também merece uma placa´, daí que veio a expressão”.Quando o referido gol completou 50 anos, Pelé deu uma placa de acrílico a Joelmir com o seguinte texto: “Gratidão eterna ao Joelmir Beting. Gratidão eterna do autor do gol de placa ao autor da placa do gol”.
MATAR O BICHO- Este é um processo usado pelos beberrões há mais de quatro séculos para tomar de vez em quando o seu gole de bebida forte. Inicialmente, e até bem pouco tempo, o pretexto medicinal rezava que um gole de bebida alcoólica de alto teor, ingerida pela manhã em jejum, surpreende o bicho que deve existir dentro do beberrão, combatendo-o. A história de Madame La Vernade, filha de um general francês, que morreu em 1519 e que tinha um verme atravessado no coração, resistindo a todos os tóxicos, parece ter dado início a esta crença, que mais parece uma desculpa. Conta-se que Madame La Vernade, falecendo subitamente, foi autopsiada, tendo-se encontrado tal verme atravessado em seu coração. Não morrendo com aplicação de todos os tóxicos disponíveis, os médicos embeberam um pedaço de pão em vinho forte, colocando sobre o pão umedecido o resistente verme. Foi o suficiente para que ele morresse imediatamente. A partir de então, os médicos passaram a aconselhar que se quebrasse o jejum com pão e vinho. Os beberrões, no entanto, não se contentaram com o pão e o vinho. Começaram a tomar bebida mais forte e, depois, aboliram o pão. Atualmente, mata-se o bicho a qualquer hora, e o vinho foi substituído pela cachaça, de preferência. A fraseologia brasileira relacionada com a cachaça é das mais ricas que temos. Com o significado idêntico ao de matar o bicho temos as seguintes, além de outra: Morder a batata; Dobrar o cotovelo; Quebrar a munheca; Acender a lamparina; Alertar as idéias; Molhar a palavra; Molhar o bico; Mudar a camisa; Tomar um oito; Mudar o colarinho; Salgar o galo.
ONDE JUDAS PERDEU AS BOTAS- É difícil saber a origem exata da expressão “Onde Judas perdeu as botas”. Muitos autores acreditam que a expressão surgiu com a história de Judas Iscariotes, o discípulo que traiu Jesus. É certo que a Bíblia não menciona o hábito de Judas de calçar botas, mas uma crença popular afirma que Judas teria escondido num par de botas as trinta moedas que recebeu dos sacerdotes judeus, como pagamento por trair Jesus. Quando encontraram o corpo de Judas (depois de ter se enforcado), este estava descalço, e a lenda conta que muitos tentaram encontrar as botas para ficar com o dinheiro, mas sem sucesso. Por esse motivo, “onde Judas perdeu as botas” serve para descrever um lugar difícil de encontrar, um terreno longínquo. No entanto, a Bíblia refere que Judas, movido por arrependimento, devolveu as moedas aos sacerdotes judeus antes de se suicidar. Por esse motivo, onde quer que estivessem as suas botas, elas não iriam conter as trinta moedas. Posteriormente a Bíblia menciona que os sacerdotes usaram as 30 moedas de prata para comprar o Campo do Oleiro, que ficou conhecido como o “Campo de Sangue”.
OXENTE- A expressão “oxente” surgiu no nordeste mesmo, derivado da mania dos colonos portugueses falarem “Ó, gente!” diante de uma surpresa. Só que, com o sotaque do português nortenho, saía “Ó xente!”. Assim como o “virgem Maria” virou “vish Maria!” e “Ave Maria” virou “armaria”.
PÃO E CIRCO- Na Roma antiga, a escravidão na zona rural fez com que vários camponeses perdessem o emprego e migrassem. O crescimento urbano acabou gerando problemas sociais e o imperador, com medo que a população se revoltasse com a falta de emprego e exigisse melhores condições de vida, acabou criando a política “panem et circenses”, a política do pão e circo. Este método era muito simples: todos os dias havia lutas de gladiadores nos estádios (o mais famoso foi o Coliseu) e durante os eventos eram distribuídos alimentos (trigo, pão). O objetivo era alcançado, já que ao mesmo tempo em que a população se distraia e se alimentava também esquecia os problemas e não pensava em rebelar-se. Foram feitas tantas festas para manter a população sob controle, que o calendário romano chegou a ter 175 feriados por ano.
PAGAR O PATO- A origem da expressão popular “pagar o pato” deu-se por um antigo jogo, realizado nas cidades portuguesas. O jogo consistia em amarrar uma ave – geralmente um pato – num mastro, a qual deveria ser retirada do objeto – pelos jogadores – numa única tentativa. Os jogadores cavalgavam em direção ao mastro e, com um instrumento, tentavam cortar o que quer que amarrava a ave. O indivíduo que não alcançasse o objetivo, deveria pagar – monetariamente – pelo animal sacrificado. Daí a expressão: “Pagar o pato”, ou seja, pagar por aquilo que não deve; assumir responsabilidade por ações realizadas por um grupo.
PARA INGLÊS VER- Não existe uma explicação acima de controvérsia para a conhecidíssima expressão “para inglês ver”, cujo sentido Antônio Houaiss define como “para efeito de aparência, sem validez”. A mais aceita, e que parece também a mais plausível, é a que apresentou o filólogo João Ribeiro em seu livro “A língua nacional”: no tempo do Império, as autoridades brasileiras, fingindo que cediam às pressões da Inglaterra, tomaram providências de mentirinha para combater o tráfico de escravos africanos – um combate que nunca houve, que era encenado apenas “para inglês ver”. O sentido da expressão nesse contexto é exatamente o mesmo que ela tem até hoje. Em seu “Tesouro da fraseologia brasileira”, Antenor Nascentes enumera outras teses. Uma delas (de Mário Sette) diz respeito aos trajes de linho que os ingleses usavam em Pernambuco, diferentes dos de casimira preferidos pela população local – o que levava certos brasileiros gozadores, sempre que viam um nativo trajando linho, a dizer que ele só se vestia assim “para inglês ver”. Entre as teses enumeradas por Nascentes, a mais rica em detalhes – talvez rica demais para ser crível, mas o estudioso anota que Gilberto Freyre e Afonso Arinos lhe deram crédito – é apresentada por Pereira da Costa em seu “Vocabulário pernambucano”: Tocando na Bahia na tarde de 22 de janeiro de 1808 a esquadra que conduzia de Lisboa para o Rio de Janeiro a fugitiva família real portuguesa, e não desembarcando ninguém pelo adiantado da hora, à noite, a geral iluminação da cidade, acompanhando-a em todas as suas sinuosidades, apresentava um deslumbrante aspecto. D. João, ao contemplar do tombadilho da nau capitânia tão belo espetáculo, exclama radiante de alegria, voltando-se para a gente da corte que o rodeava: ‘Está bem bom para o inglês ver’, indicando com um gesto o lugar em que fundeava a nau ‘Bedford’, da marinha de guerra britânica, sob a chefia do almirante Jervis, de comboio à frota real portuguesa.
POR A MÃO NO FOGO- A origem da expressão popular “pôr a mão no fogo” deu-se na Idade Média, durante o período da Inquisição Medieval. A Inquisição era uma forma da Igreja Católica Apostólica Romana manter a população sob controle, através do medo. Uma das formas de tortura para suprimir a heresia consistia em fazer o acusado a amarrar uma espécie de tocha de ferro em sua mão – com um tecido encharcado numa cera inflamável -, causando o derretimento da cera e o aquecimento e inflamação do tecido na pele do réu. Três dias após a tortura, a mão do réu era verificada por juízes e testemunhas que presenciavam o ato irracional à procura de alguma lesão. Caso alguma lesão fosse encontrada, a Inquisição determinava que o acusado não teve proteção divina e deveria ser morto; caso contrário, subtendia-se que o acusado confiou cegamente numa proteção divina e saiu ileso, através de sua fé. Daí a expressão: “Pôr a mão no fogo”, ou seja, confiar cegamente em alguém (ou alguma coisa), sem preocupações ou receios em ser ludibriado.
RODAR A BAIANA- Rodar a baiana é uma gíria brasileira, em especial do povo do Nordeste, e significa tomar satisfação com alguém, tirar a limpo uma situação ou fazer barraco, uma atitude de baixo nível. Quando alguém ameaça outra pessoa com uma frase como “pare com isso ou eu vou rodar a baiana”, qualquer pessoa discreta pára na hora – ou, pelo menos, toma cuidado, senão a ameaça pode se tornar um escândalo público. Diferentemente do que possa parecer, essa expressão não tem sua origem relacionada à Bahia, e sim ao Rio de Janeiro, pois a região era palco, já no início do século 20, de famosos desfiles dos blocos de Carnaval, onde as baianas eram a principal atração. No meio desses blocos, alguns rapazes beliscavam as meninas, e para acabar com o problema, alguns capoeiristas passaram a se fantasiar de baianas, e ao primeiro sinal de desrespeito, aplicavam um golpe de capoeira. As pessoas que assistiam aos desfiles não entendiam nada: só viam a baiana rodar.
SALVO PELO GONGO- Existem diversas versões para explicar a origem dessa expressão usada quando alguém consegue se livrar, no último instante, de um perigo ou uma situação constrangedora. A mais difundida está ligada aos casos de pessoas enterradas vivas com surtos de catalepsia, o distúrbio que impede o doente de se movimentar. Para evitar essas tragédias, as famílias na Europa passaram a amarrar uma cordinha no pulso do defunto, prendendo-a a um sino que ficava do lado de fora do túmulo. Se não estivesse morta, a pessoa seria literalmente salva pelo gongo.
SANGUE AZUL-Há duas explicações para a criação da expressão usada para designar membros de famílias nobres. A mais aceita pelos etimologistas, os estudiosos da língua, é a de que ela teVE origem na Espanha do século 6. Ela nasceu num contexto de preconceito étnico, religioso e cultural. Faz referência à cor clara da pele, sob a qual destacavam-se veias e artérias azuis, quase invisíveis na pele de mouros e judeus, constantemente expostos ao sol durante o trabalho” Porém, alguns pesquisadores defendem que a origem da expressão seja bem mais antiga e esteja no antigo Egito. Segundo eles, os faraós diziam ter sangue azul como as águas do rio Nilo, contrapondo-o ao vermelho do sangue dos súditos.
SANTO DO PAU OCO- No século 17, as esculturas de santos que vinham de Portugal eram feitas de madeira e muitas delas, ocas por dentro, acabavam escondendo dinheiro falso que era trazido para o Brasil. Durante o ciclo do ouro, contrabandistas enganavam a fiscalização recheando seus santos com ouro em pó. Também se utilizaram deste recurso os donos de minas e os grandes senhores de terras, para esconder suas fortunas e assim escapar dos pesados impostos cobrados pelo rei de Portugal. As maiores, geralmente, eram mandadas para parentes de outras províncias e até para Portugal como se fossem simples presentes, levando grandes somas escondidas em seus interiores. Este procedimento pouco católico, deu origem à expressão ‘santo do pau oco’
SERÁ O BENEDITO ? – A origem da expressão popular “será o Benedito” deu-se durante a década de 1930 em Minas Gerais. O presidente Getúlio Vargas, após meses de análises, não decidia quem seria o governador do estado. O tempo decorrido, gerou, naturalmente, uma inquietação entre os inimigos políticos de um dos candidatos ao cargo, cujo nome era Benedito Valadares. Constantemente, perguntavam: Será o Benedito interventor de Minas Gerais? Daí a expressão: “Será o Benedito”, ou seja, expressar-se por situações inesperadas ou indesejáveis.
SEM EIRA NEM BEIRA- Expressão popular que significa : não possuir coisa alguma; ser extremamente pobre.Tem origem portuguesa; eira era o quintal,espaço livre; beira era o beiral da casa. Portanto quem não tem nem eira nem beira ,não tem nem terra nem casa.Eira e beiral seria a soleira que tem nas janelas das casas mais antigas. Casas construidas com eiras e beirais, quanto maior eira ou o beiral da casa antigamente, mais importante era a familia na sociedade. Então quando uma pessoa possuía uma casa com eira ou beiral, esta pessoa tinha beira, tinha cartaz, tinha poder, posses e dinheiro. Se a familia que não tinha uma casa com eira ou beiral, se dizia que os descendentes daquela familia não tinham prestigio na sociedade, não tinham nem eira e nem beira. Claro que as casas com eiras eram mais importantes do que as casas com beiras.
TCHÊ- Tchê é uma expressão coloquial utilizada pelos povos gaúchos, em especial do Rio Grande do Sul, além dos países vizinhos, como Uruguai e Argentina. Tchê é uma expressão de saudação, exclamação, para se referir a alguém e tem o mesmo sentido de cara, moço, amigo. Existem duas versões para a expressão, uma que tem origem nos índios, e outra de origem espanhola. Uma antiga tribo indígena da patagônia chamada Mapuche, que quando queriam chamar as outras pessoas de gente, diziam che. Já a versão espanhola, para abreviar a expressão “gente do céu”, diziam apenas “Che!”, para expressar qualquer sentimento de espanto, susto, ou qualquer exclamação. Para os espanhóis, che era a forma de apelar para Deus, mas também de chamar as pessoas. Com a descoberta da América, os colonizadores espanhóis trouxeram essa expressão para as colônias da Amércia do Sul, e como o Rio Grande do Sul é um estado do lado, acabaram incorporando o tchê em seu vocabulário, que é utilizado até hoje, por pessoas de todas as idades, e de toda a parte do estado.
TIRAR O CAVALO DA CHUVA– Pode ir tirando seu cavalinho da chuva porque não vou deixar você sair hoje! No século 19, quando uma visita iria ser breve, ela deixava o cavalo ao relento em frente à casa do anfitrião e se fosse demorar, colocava o cavalo nos fundos da casa, em um lugar protegido da chuva e do sol. Contudo, o convidado só poderia pôr o animal protegido da chuva se o anfitrião percebesse que a visita estava boa e dissesse: “pode tirar o cavalo da chuva”. Depois disso, a expressão passou a significar a desistência de alguma coisa.
UAI – Foi o presidente Juscelino Kubitschek que incentivou dois estudiosos a pesquisar a origem da expressão UAI. Depois de exaustiva busca nos anais da Arquidiocese de Diamantina e em antigos arquivos do Estado de Minas Gerais, foi encontrada explicação provavelmente confiável.Os Inconfidentes Mineiros, patriotas, mas considerados subversivos pela Coroa Portuguesa, comunicavam- se através de senhas, para se protegerem da polícia lusitana. Como conspiravam em porões e sendo quase todos de origem maçônica, recebiam os companheiros com as três batidas clássicas da Maçonaria nas portas dos esconderijos.
Lá de dentro, perguntavam:
– Quem é ? – e os de fora respondiam:
– UAI – as iniciais de ‘União, Amor e Independência’ .
Só mediante o uso dessa senha a porta seria aberta aos visitantes. Conjurada a revolta, sobrou a senha, que acabou virando costume entre as pessoas das Alterosas. Os mineiros assumiram a simpática palavrinha e, a partir de então, a incorporaram ao vocabulário cotidiano, quase tão indispensável como ‘tutu’ e ‘trem’. Uai sô…
VIXE- Vixe é o mesmo que “ige” e “ixe”, exprimindo espanto e surpresa, ou ironia, ou aborrecimento e menosprezo. No Grande Dicionário Sacconi, lemos: “Vixe!” é forma popular que altera “Virgem!”, que é forma reduzida da católica exclamação “Virgem Maria!”.
VOTO DE MINERVA- A expressão tem sua origem em uma história pertencente à mitologia grega. Agamenon, o comandante da Guerra de Troia, ofereceu a vida de uma filha em sacrifício aos deuses para conseguir a vitória do exército grego contra os troianos. Sua mulher, Clitemnestra, cega de ódio, o assassinou. Com esses crimes, o deus Apolo ordenou que o outro filho de Agamenon, Orestes, matasse a própria mãe para vingar o pai. Orestes obedeceu, mas seu crime também teria que ser vingado. Em vez de aplicar a pena, Apolo deu a Orestes o direito a um julgamento, o primeiro do mundo. A decisão, tomada por 12 cidadãos, terminou empatada. Chamada pelos gregos de Atenas (Minerva era seu nome romano), a deusa da sabedoria proferiu seu voto, desempatando o feito e poupando a vida de Orestes. Eis a razão da expressão Voto de Minerva (também conhecida como “voto de desempate” ou “voto de qualidade”)
happy wheelsmaio 20, 2023 0
maio 13, 2023 0
maio 13, 2023 0
maio 07, 2023 0
Air Antunes, parabéns por “matar” a minha curiosidade! Há mais de dez anos eu pesquisava expressões ou ditados mais populares dos nossos falantes da língua portuguesa e não os encontrava. Mas agora, finalmente descobri seu site extraordinário!
Muito obrigado pela sua colaboração ao nosso idioma e aos pesquisadores!
Abraços,
Prof. Helio Santiago
AYR ANTUNES DE PENAPOLIS É UM INTELECTUAL. BRAVOS>>>>^>>>