Se o nosso ditador Getúlio Vargas tinha lá suas quedas pelo Nazismo ele não era voz isolada por essas bandas latinas além de que, ele não acentuou este seu sentimento tanto quanto os nossos vizinhos argentinos. Mas o lance aqui não é discutir o GV, e sim comentar o sentimento nazista relatado por Sérgio Correa da Costa em seu livro Crônica de uma guerra secreta com relação à conexão argentina.
A obra apresenta o Nazismo na América, em especial entre os portenhos. De sua parte o autor revela ser essa sua crônica o ocaso de sua vida, algo que tem como pedra angular uma aventura de mocidade ao tempo de Perón e Evita. Afirma que conservou “esta aventura” em segredo até o momento do lançamento do livro. Na tal aventura penetrou nos recintos do “archivo de lá nacion” e fotografou documentos ultra-secretos, altamente comprometedores do governo argentino e, como diz, “isso vale salientar, muito antes de James Bond nos ter ensinado o caminho”.
Na empreitada argentina em favor do nazismo, ecoava a pretensão de Adolf Hitler, em 1933, quando disse “Criaremos no Brasil uma nova Alemanha. Encontraremos lá tudo que necessitamos”. Com certeza a “nova Alemanha” de Hitler não se detinha no que é atualmente o estado de Santa Catarina. “Crônica de uma guerra secreta” dá conta de que a Argentina foi mais do que uma mera simpatizante do regime de Hitler, pelo contrário, foi participante ativa no projeto “Conquista da América”, incluído neste um Brasil ajoelhado, prostrado, perante a hegemonia nazista.
O autor
Diplomata e historiador, membro da Academia Brasileira de Letras, Sérgio Correa da Costa, falecido em 2005, teve longa carreira a serviço do país, chegando a secretário geral do Itamaraty e a ministro interino das Relações Exteriores. Ao deixar a embaixada de Londres, foi nomeado representante permanente junto às Nações Unidas e, a seguir, embaixador em Washington, função que exerceu até sua aposentadoria. Possui significativa bibliografia, onde sobressaem As quatro coroas de D. Pedro I, Pedro I, Methernich, traços de uma guerra diplomática e A diplomacia do Marechal -intervenção estrangeira na Revolta da Armada.
Nos Estados Unidos e na Inglaterra, publicou , pela editora MacMillan, uma biografia de Pedro I: Every Inch a King. Seu livro Mots suas Prontieres recebeu o Grand Prix- 1999 do Institut de France e foi publicado no ano seguinte pela Editora Records. Seu último livro, Brasil.
Quanto a Crônica de uma Guerra Secreta, livro que faz parte do acervo da Biblioteca Municipal de Angatuba, é uma ótima sugestão também para aqueles que acham que o nazismo é o mesmo que o socialismo, que imputam à esquerda brasileira o perfil nazista, entre outras bobagens ditas e escritas.