out 02, 2018 Air Antunes Ilustrada 0
Estamos num período aqui no Brasil em que a grande maioria das pessoas se acha no direito de debater política, algo que não deixa de ser saudável e que também atende democraticamente a liberdade de expressão, no entanto muitas bobagens são ditas, a desinformação é imensa, o desconhecimento sobre as posições ideológicas, sobre o posicionamento do país perante à expectativa mundial, são abundantes. Para as pessoas, ao que parece, basta assistir o Jornal Nacional para se sentirem PHDs no assunto, e a coisa não é bem assim. Hoje vivemos num mundo globalizado em que acontecimentos externos refletem internamente assim como os internos representam expectativas externas. Para entender um pouco mais de alguns aspectos políticos, diplomáticos e ideológicos, através de meu blog Onda 21 sugiro dez documentários bastante esclarecedores.
Na sequência os dez documentários sugeridos:
“A Corporação”, documentário canadense de 2003, dirigido e produzido por Jennifer Abbot e Mark Achbar, descreve o surgimento das grandes corporações como pessoas jurídicas e discute, do ponto de visa psicológico que, em sendo pessoas, que tipo de pessoas elas seriam. Começa com um breve histórico das grandes empresas e trás uma análise profunda do modelo corporativo americano com mais de 40 depoimentos, dentre eles o de Noam Chomsky, Milton Friedman, Mark Moody-Smith (ex-presidente da Royal Dutch Shell) e dos jornalistas Jane Akre e Steve Wilson, ex-funcionários da Fox News.
“Fahreneit 9/11”, documentário norte-americano de 2004, escrito, estrelado e dirigido pelo cineasta Michael Moore, trata das causas e consequências dos atentados de 11 de setembro no Estados Unidos e a posterior invasão ao Iraque determinada pelo então presidente George W. Bush tendo a Inglaterra como aliada. O documentário tenta também decifrar os reais alcances dos vínculos que existiriam entre as famílias do presidente Bush e a de Osama Bin Laden. O documentário ganhou o Palma de Ouro, em Cannes.
“Trabalho interno” , documentário norte-americano, de 2010, dirigida por Charles Ferguson, detalha como teve início a crise financeira de 2007-2008, e aprofunda-se sobre a corrupção sistêmica dos Estados Unidos pela indústria de serviços financeiros e suas consequência.Dividido em cinco parte, o documentário explora as mudanças no ambiente político e as práticas bancárias colaboraram no estabelecimento da crise financeira “Trabalho Interno” destacou-se no Festival de Cannes de 2010 e ganhou o Oscar de melhos documentário de 2011. Nomes importantes do mundo financeiro e diplomático como George Soros, Barney Frank, Lee Hsien, Cristine Lagade, Eliot Spiltzer, Dominique Strauus-Kahn são alguns dos que aparecem entre os entrevistados.
“ASSASSINO ECONÔMICO- COMO SE DESTROI UM PAÍS”
“Assassino Econômico-como se destrói um país”- documentário alemão de 2008 dirigido por Erwin Wagenhofer é baseado na autobiografia “Confissões de um Assassino Econômico” (2004) escrita por John Perkins na qual ele relata a história de sua carreira como membro da Agência de Segurança Nacional dos Estados Unidos. Seu trabalho consistia em atuar como um assassino econômico. O documentário, de altíssimo nível , é essencial para se entender o mundo em que vivemos pela ótica financeira internacional. Apesar de todo o velho discurso feito pelos neoliberais de que a globalização traria benefícios para todos os países ajudando a diminuir a pobreza no 3° Mundo, o que viu-se de fato foi em geral aumento desenfreado da miséria, onde o salário de um indivíduo geralmente mal cobre uma pobre subsistência.O documentário mostra as chamadas “economias emergentes” por dentro, na visão de grandes investidores, bem como o cotidiano miserável dos homens, mulheres e crianças trabalhadoras nesses países.O trabalho do assassino econômico é garantir que os Estados Unidos interfira na política do país do terceiro mundo colaborando com um grupo que lê sua cartilha para derrubar o que está no governo e não tem apreço algum pela interferência norte-americana.
“A REVOLUÇÃO NÃO SERÁ TELEVISIONADA”
“A Revolução não será televisionada”, documentário irlandês, de 2003, dirigido pelos cineastas Kim Bartley e Donnacha O`Brian, detalha o golpe de estado de 2002 contra o presidente eleito da Venezuela Hugo Chavez que manteve o empresário Pedro Carmona por dois dias no poder, declarado chefe de estado. O golpe durou apenas 48 horas, perdeu a força, e Chavez retomou o poder. Ao perceber a agitação política no país, os documentaristas direcionaram seu foco para os acontecimentos que levaram à deposição e ao retorno de Chávez. O documentário ganhou doze importantes prêmios internacionais e foi nomeado para mais quatro. A obra foi um retrato fiel dos eventos ocorridos na Venezuela a propósito do golpe. O documentário é regularmente exibido na televisão estatal venezuelana, muitas vezes transmitido durante “conjunturas políticas controversas”.
“Cuba: Paredão & Depois” é um micro-documentário de 2016 dirigido pela brasileira Julia Nassif e pelo argentino Nacho Lemus. Realizado com câmera na mão o documentário narra os efeitos do bloqueio econômico dos Estados Unidos e as expectativas com o novo paradigma que constitui a retomada das relações diplomáticas entre Cuba e Estados Unidos. Lançado naqueles dias em que o então presidente americano Barack Obama desembarcava em Havana para se reunir com o presidente Raúl Castro. Era a primeira vez em 88 anos que um presidente dos Estados ia a “Cuba: paredão & depois” traz relatos de cidadãos da ilha sobre como o embargo econômico afetou suas vidas e quais são as expectativas para a retomada das relações diplomáticas entre os dois países. O material inédito conta com entrevistas do ministro da Cultura Cubano, Julian Gonzalez, do artista plástico Alberto Lescay, entre outros. O documentário também pode ser encontrado no Youtube.
“Jango”, documentário brasileiro de 1984 , dirigido pelo cineasta Silvio Tendler, com trilha sonora de Milton Nascimento e Wagner Tiso. A trama é a trajetória política do 24° presidente da República do Brasil, João Goulart, que foi deposto pelo golpe militar de 31 de março de 1964. Goulart era popularmente chamado de “Jango”, daí o título do filme, lançado exatos vinte anos após o golpe. A reconstituição da trajetória de Goulart é feita através da utilização de imagens de arquivo e de entrevistas com importantes personalidades políticas como Afonso Arinos, Leonel Brizola, Celso Furtado, Frei Betto e Magalhães Pinto. O sugestivo slogan do filme foi “Como, quando e por que se derruba um presidente”. O documentário captura a efervescência da política brasileira durante a década de 1960 sob o contexto histórico da Guerra Fria. “Jango” narra exaustivamente os detalhes do golpe e se estende até os movimentos de resistências à ditadura, terminando com a morte do presidente no exílio e imagens de seu funeral, cuja divulgação foi censurada pelo regime militar. O documentário está disponível pelo Youtube.
“Arquitetura da Destruição”, documentário sueco de 1989 dirigido pelo cineasta Peter Cohen, trata do uso da arte e da estética pela Alemanha Nazista. O filme é considerado um dos melhores estudos sobre o Nazismo. Lembra que chamar Hitler de artista medíocre não elimina os estragos causados por sua estratégia de conquista universal. O arquiteto da destruição tinha grandes pretensões e queria dar uma dimensão absoluta à sua megalomania. O nazismo tinha como princípio fundamental embelezar o mundo, nem que para isso tivesse que destruí-lo. O documentário traça a trajetória de Hitler e de alguns de seus mais próximos colaboradores, com a arte. Muito antes de chegar ao poder, o líder nazista sonhou em tornar-se artista, tendo produzido várias gravuras, que posteriormente foram utilizadas como modelo em obras arquitetônicas. Destaca ainda a importância da arte na propaganda, que por sua vez teve papel fundamental no desenvolvimento do nazismo em toda a Alemanha.
Numa época de grave crise, no período entre guerras, a arte moderna foi apresentada como degenerada, relacionada ao bolchevismo e aos judeus. Para os nazistas, as obras modernas distorciam o valor humano e na verdade representavam as deformações genéticas existentes na sociedade; em oposição defende o ideal de beleza como sinônimo de saúde e consequentemente com a eliminação de todas as doenças que pudessem deformar o “corpo” do povo.
Nasce assim uma “medicina nazista” que valoriza o corpo, o belo e estará disposta a erradicar os males que possam afetar essa obra.
“Cidadão Boilesen”, documentário brasileiro de 2009, dirigido por Chaim Litewski, mostra o perfil de Henning Albert Boilesen (1916-1971), empresário dinamarquês radicado no Brasil acusado de ser um dos grandes financiadores da repressão violenta à luta armada contra a ditadura militar. Através de diversos depoimentos, o documentário revela as ligações de Boilesen, presidente do famoso grupo Ultra, da Ultragaz, com a ditadura militar. Seu apoio, assim como de muitos outros empresários, financeiro ao movimento de repressão violenta e também a sua participação na criação da temível Oban – Operação Bandeirante, espécie de pedra fundamental do Doi-Codi. Você gosta de documentários? Não? Então prepare-se porque Cidadão Com um título notoriamente inspirado no clássico Cidadão Kane, Chaim Litewski produziu ao longo de 16 anos um documento audiovisual de qualidade ímpar em termos de pesquisa, impacto e apuro técnico. Em sua abertura, com uma levada diferente, o filme revela o Curriculum Vitae de Boilesen (batido a máquina) e vai tecendo a sua história através dos depoimentos de vítimas de tortura, diplomatas, militantes de organizações de esquerda, políticos, militares da reserva, religiosos e até ex presidentes.
“Menino 23”, documentário de 2016 dirigido por Belisário Franca, consiste na pesquisa do histroriador Sydney Aguilar Filho. Ele, em 1998, ensinava sobre nazismo alemão para uma turma de ensino médio quando uma aluna mencionou que havia centenas de tijolos na fazenda de sua família estampados com a suástica, o símbolo nazista. A informação despertou a curiosidade de Sidney e desencadeou sua pesquisa. O filme mostra como o historiador avançou com a sua investigação, revelando que além de fatos, ele também descobriu vítimas. O historiador mostrou que empresários ligados ao pensamento eugenista (integralistas e nazistas) removeram 50 meninos órfãos do Rio de Janeiro para Campina do Monte Alegre, SP, para dez anos de escravidão e isolamento na Fazenda Santa Albertina de Osvaldo Rocha Miranda. O título “Menino 23” é uma homenagem a Aloisio Silva, que era chamado apenas por este número durante sua infância, na década de 1930, período que foi escravizado na fazenda em Campina do Monte Alegre.
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