maio 12, 2016 Air Antunes Politica 0
LULA MIRANDA
Cá entre nós, eu moro em SP, cidade que é mais conhecida, você bem o sabe, como “Coxinlândia” ou “Tucanistão”. E, para acabar de acabar, ainda moro num bairro onde também mora a tal “elite branca” – aquela que, nos dias que correm, bate panelas e caçarolas. Por isso, pensei que não iria conseguir dormir na noite de domingo, 17.04.2016, dia em que foi dado o primeiro passo vacilante do golpe. O dia da infâmia.
Mas não.
Exceto por alguns poucos fogos e buzinas, suficientes para assustar, brevemente, o meu gato, o Hobbes, pude dormir, tranquilamente. E olhem que estava a poucas quadras da Paulista.
Uma coisa, porém, deixou-me encafifado naquela noite: por que essa celebração tão contida, tão “sem graça”?
Não entendi.
A resposta só me ocorreu depois. E era de uma obviedade ululante.
Porque eles não tinham o que comemorar.
Simples assim.
Pois tratou-se, em verdade, de uma vitória de Pirro.
Ou, melhor dizendo, uma vitória “fuleira”. Ou uma vitória de “fuleiros”.
Impeachment comandado por Eduardo Cunha, e com aquelas três centenas de deputados corruptos e/ou medíocres envergonhando a nação em cadeia nacional?!
Comemorar o quê?!
Outra: se os que se vestiram (e se foderam) de verde e amarelo para “derrubar” o governo da presidenta Dilma lutavam de fato contra a corrupção, como legitimar um governo composto por Temer, Cunha, Jucá, Bolsonaro, Geddel, Eliseu Padilha, Aloysio Nunes et caterva?! Todos, para não falar nos demais, às dezenas, de alguma forma implicados na Lava Jato!
Mais outra: afinal, quem é que vai pagar o pato mesmo? Não só pela CPMF (tão combatida pelos “patriotas” da Fiesp), mas pela diminuição dos direitos trabalhistas e outros arrochos?
Lutamos tanto pelas “Diretas Já!” e agora dão o golpe das “indiretas já”?
Por isso, agora, provavelmente, o sorriso amarelo dos “Jumentolinos” golpistas.
Oi???
“Acuma”???
Esse golpe ora em curso, assim como o de 1964, é vexame e constrangimento que irão durar décadas.
Depois, decerto, alguns “jornalões” e emissoras de TV virão a público pedir “desculpas” em editorias tão plenos de “honestidade” quanto de “sinceridade”.
Mas aí já terão conseguido o seu intento.
Mas aí já terão enchido as burras com o dinheiro que financia o golpe.
A gente já conhece de cor e salteado essa história.
História que ora se repete. Mas que, com o perdão do clichê, já sabemos tratar-se de mera farsa. Não é mesmo?
Farsantes!!!
Hipócritas!!!
“Jumentolinos”!!!
Lula Miranda, poeta, cronista e economista. Publica artigos em veículos da chamada imprensa alternativa, tais como Carta Maior, Caros Amigos, Observatório da Imprensa e Fazendo Média
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