set 06, 2017 Air Antunes Ilustrada 0
Ao custo de muitas vidas o Brasil se liberta do jugo português
Ao contrário da transição pacífica sem derramamento de sangue- mantida pela historiografia tradicional- a conquista da independência em todo o território brasileiro exigiu muita luta e muitas vidas. Por longo tempo, ficou ignorado o episódio no Pará em que 254 civis e soldados presos no porão de um navio morreram asfixiados. Quando d.Pedro I foi aclamado imperador em outubro de 1822, apenas Rio, Minas, São Paulo, Santa Catarina e Rio Grande do Sul apoiavam a independência.
Só em janeiro de 1823, Mato Grosso e Goiás aderiram, seguidos por Alagoas, Sergipe e Rio Grande do Norte. No extremo norte, os ventos e as correntes tornavam mais fáceis as comunicações com Lisboa do que com Rio e as províncias do Pará, Maranhão, Piauí e Ceará, uma parte da Bahia e da província Cisplatina no extremo sul, resistiam em prestar juramento ao novo Império. Na Bahia, os partidários dos lusos detinham o poder, mas em meados de 1822 a cidade de Cachoeira, no Recôncavo, aderiu ao príncipe d. Pedro e , com o apoio de outros povoados e escravos animados pela promessa de alforria, deu combate às tropas do brigadeiro Inácio Luís Madeira de Melo. Enquanto isso, liderando a nascente Marinha de Guerra do brasil, o oficial britânico Thomas Cochrane sitiava Salvador por mar. Com a capacitação e a retirada das tropas lusas, deu-se a separação oficial a 2 de julho de 1823.
Conquistada a Bahia, Cochrane partiu para o norte e – valendo-se de um ardil, ao arvorar a bandeira lusa- entrou no porto de São Luís, que se rendeu no dia 28 de julho. Em 11 de agosto, outro inglês John Pascoe Grenfell, subordinado a Cochrane, valendo-se do mesmo estratagema, tomou o Pará. Restava a Cisplatina, ainda em poder das tropas leais a Lisboa, mas em 18 de novembro de 1823, sem receber reforços- e enfrentando a cisão de parte das tropas- o comandante d. Alvaro da Costa de Souza Macedo se rendeu e partiu para Portugal.
Com as afirmações de independência ao longo de 1822 e a adesão de todas as províncias, nascia o Império do Brasil. Não foi uma conquista fácil, sem “os horrores da guerra civil e da anarquia”, como pretendia a visão ufanista, no comentário da historiadora Lúcia Bastos Pereira das Neves. Nem cessariam aí os conflitos: sob a coesão aparente do Império , havia fissuras decorrentes das contradições sociais e do desequilíbrio do poder entre o governo central e as províncias, muitas delas extremamente afastadas e marginalizadas”.
Do livro “A Construção do Brasil” da coleção Nossa História
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