A filha do Cacique Cauré, de nome Saíra, era a mais bela das índias Ipurinã. Os pássaros vinham acordá-la ao amanhecer e as flores curvavam-se quando ela passava;os espinhos nem a tocavam. Um dia, porém, ela engravidou sem ter casado com nenhum guerreiro, como seu pai esperava. O desgosto de Caurê foi imenso!
Chamou a filha e quis saber quem era o pai da criança. Saíra não dizia nada. O pai, então, resolveu que ela deveria ser expulsa da tribo para viver confinada numa oca no meio da mata. Dalí, ela só poderia sair depois de se livrar da criança.
Passados os meses da gestação, nasceu uma menina de pele muito branca, que causou surpresa e deslumbramento em Saíra e Cauré. O avô, vendo a criança, que foi chamada Mani, esqueceu a vontade de matá-la e passou a amá-la”.
Passaram-se quatro épocas das chuvas e Mani ficava cada vez mais formosa. Mas, de repente, numa manhã de sol, a menina morreu , causando o desespero de seus familiares. Era costume da tribo Ipurinã cremas seus mortos. Cauré, no entanto, quebrou a tradição e enterrou Mani na entrada de sua oca.
Passaram-se quatro luas e, da terra onde Mani foi sepultada, nasceu uma planta que o índio se pôs a cultivar.
Depois de um certo tempo, essa planta perdeu todas as suas folhas e Cauré acreditou que ela havia morrido. Triste, resolveu, então, arrancá-la do chão. Ao puxá-la, desenterrou suas raízes, bem brancas como Mani. Essa raiz recebeu o nome de Manioca, que quer dizer: casa ou transformação de Mani. Assim, o povo Ipurinã conheceu e aprendeu a usar a mandioca.