jan 27, 2017 Air Antunes Artigos 0
“As redes sociais dão o direito à palavra a uma legião de imbecis que antes falavam apenas em um bar e depois de uma taça de vinho, sem prejudicar a coletividade. (…) Normalmente, eles [os imbecis] eram imediatamente calados, mas agora eles têm o mesmo direito à palavra de um Prêmio Nobel. (….) A TV já havia colocado o ´idiota da aldeia em um patamar no qual ele se sentia superior. O drama da internet é que ela promoveu o idiota da aldeia a portador da verdade. (…..)”
As argumentações são do escritor, filósofo e semiólogo italiano Umberto Eco (1932-2016, ele que, na oportunidade, ainda aconselhou os jornais a filtrarem com uma “equipe de especialistas” as informações da web porque ninguém é capaz de saber se um site é “confiável ou não”.
As redes sociais são hoje um importante instrumento de interação entre qualquer cidadão comum, instituições e, principalmente, os órgãos de comunicação. Ao contrário da mídia impressa, não é necessário esperar o dia seguinte para ter os detalhes de um acontecimento não rotineiro, de uma tragédia, por exemplo, como a que se abateu sobre o ministro do Supremo Tribunal Federal, Teori Zavascki, também relator do Lava Jato no STF. O avião em que viajava caiu por volta das 13h30 de quinta-feira, 19, e no final da tarde o assunto já havia viralizado estrondosamente nas redes sociais. Enfim, a notícia hoje voa como a luz e se dissemina como uma nuvem de gafanhotos na lavoura, pelas redes sociais, que o diga o já banalizado Facebook. Tudo isto é muito bom não fossem os mecanismos espalhadores dos boatos e das notícias difundidas propositadamente para prejudicar uma pessoa ou outra, para desestabilizar uma proposta política e mesmo para iludir o cidadão alienado que acredita em tudo, desde papai noel, mula sem cabeça até em inscrição de casa popular tendo o título de eleitor como o principal documento. Notícia é algo muito sério, é o resultado das respostas às perguntas básicas do jornalismo: Quem?; O que? ; Quando ? ; Onde ?; Por que?. Notícia não se dá à base de especulações de esquinas, de discurso de corneteiros ou com base em ressentimentos pessoais.
Quando o jornalista escreve uma matéria (não confundir com artigo ou coluna), ele transmite o fato com base nas cinco perguntas acima, simplesmente. Ele, na ocasião não narra o fato na primeira pessoa, o faz sem interferir com sua opinião ou com sua indignação. Para dar respaldo à verdade, o jornalista apresenta provas documentais, relata os pronunciamentos de envolvidos na questão noticiosa, nunca vai dar o tom de agressividade, o que não é necessário, de acordo objetivos escusos brotados de sua parcialidade, ou de seu desejo de ‘ferrar” alguém. É lógico que até pode ter uma inverdade, ou um equívoco na matéria, mas isso por conta da fonte, de alguém envolvido que tenha passado uma informação. Se um político diz que não está envolvido num esquema de corrupção quando encontra-se enrolado até o pescoço no ato corruptivo em questão, isso não é problema do jornalista, que até pode rebater em outras matérias, e ainda com base no que outras fontes contestadoras vão dizer.
Voltando às redes sociais, ao Facebook mais especificamente, estes canais têm prestado um grande desserviço à coletividade ao que se refere às noticias. Pessoas se acham no direito de passar informação sem o mínimo de preparo para isto, sem falar na irresponsabilidade que representa o ato. Usam vídeos, textos não porque geralmente desconhecem o vernáculo, ou quando usam, são mensagens curtas, com poucos recursos gramaticais, e que se agravam mais ainda quando o intuito vislumbra a ordinária “indireta”. Se o “comunicador’ é um despreparado intelectualmente, psicologicamente e moralmente, isto é problema dele, mas é inadmissível que uma considerável parcela de internautas dê crédito a tudo isto sem ao menos discernir um momento político, por exemplo, procedimentos que permitem ou não de fazer isso ou aquilo, trâmites exigidos, enquanto que o protagonista das notícias se baseou somente naquilo que sua imaginação frutificou. Quer dizer, isso tudo nos dá a impressão de que muita gente é ingênua ou , pior, de que muita gente até sabe e reconhece a escassez do conteúdo técnico e verídico das tais notícias, mas que, no momento, as referidas acabam sendo armas de defesa do interesse de cada um, infelizmente.
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