mar 12, 2016 Air Antunes Angatuba 1
JORNAL DA ANGATUBA Angatubense de coração, alguém que aqui chegou e acompanhou as várias fases do desenvolvimento do município inclusive contribuindo de sua parte para as mudanças, colaborando naquilo que Angatuba necessitava para enfrentar novos tempos, Natal Cicote completou no último 24 de fevereiro 50 anos de função cartorária. Natural da região noroeste paulista, ele concedeu entrevista ao Jornal de Angatuba na qual relata toda sua saga nesta lida que o popularizou em Angatuba como o “Natal do Cartório” .
A entrevista , na sequência:
Jornal de Angatuba- Angatuba é a típica cidade em que as pessoas conhecem umas as outras com facilidade, e não apenas por amizade simplesmente, mas também pelo trato das atividades que cada um pratica. É esta rede de relacionamento que às vezes dá a impressão de que essa ou aquela pessoa sempre viveu aqui, como é o seu caso. Natal, de onde vc veio, e Angatuba, surgiu na sua vida por causa do serviço cartorário, como e quando foi o início de tudo isso?
Natal– Eu trabalhava em no Cartório de Registro de Imóveis de Votuporanga e cheguei aqui em 07 de abril de 1976 (vai fazer 40 anos), uma vez que o Cartório daqui estava em concurso público. Antes disso, nunca tinha ouvido falar em Angatuba, pensei até que fosse cidade praiana. Aqui chegando a cidade estava muito animada pois o ADA (Associação Desportiva Angatubense) iria disputar a segunda Divisão de futebol profissional. Então não tive problemas de relacionamento, pois comecei a me identificar com as pessoas tanto do lado profissional, como no lado do lazer. À época contava com 24 anos de idade e logo me envolvi com Angatuba nos mais diversos setores de atividade.
J.A. –Voltando um pouco, como e onde você começou a trabalhar em cartório, era também um cartório de imóvel, e antes o que vc fazia?
Natal- Não. Eu entrei para as atividades cartorárias no dia 24 de fevereiro de 1966, num Cartório de Notas (fazia escrituras) que tinha os anexos do Fôro Judicial (trabalhava com processos cíveis e criminais). Na época tinha 14 anos e já tinha sido engraxate e mecânico. Logo que iniciei no Segundo Cartório da cidade de Monte Aprazível aprendi a datilografar e com sido já com 16 anos comecei a ser o “Escrevente de sala” do Juiz, onde fazia audiências e fui me aprimorando em trabalhar em processos. Em julho de 1970 fui trabalhar na cidade de Santa Fé do Sul – já num Cartório que tinha processos de Júri e como anexo tinha o Registro de Imóveis. Daí para frente sempre trabalhei em Cartório que tinham essas especialidades. Em fevereiro de 1971 fui trabalhar no Cartório de Palmeira d’Oeste, que tinha essas mesmas atribuições e onde passei a tomar contato com o “Registro de Imóveis” propriamente dito. Em 1973 passei no vestibular da FADIR (Faculdade de Direito Riopretense) e voltei a trabalhar na minha cidade de origem (Monte Aprazível) que fica muito mais perto de São José do Rio Preto – o que viabilizou meus estudos -. Dois anos depois, fui convidado para trabalhar no Cartório de Votuporanga, cujo Oficial era o Plínio Marin, homem ímpar, escritor de livros da atividade cartorária e um fanático por futebol (construiu o Estádio da Votuporanguense – que leva seu nome, merecidamente). Somente em abril de 1976 é que surgiu Angatuba na minha vida, dando-me oportunidade de crescimento dentro da carreira e onde estou até hoje.
J.A. -Em Angatuba você consegue enumerar quais foram os locais, não precisa ser o endereço exato, em que funcionou o cartório?
Natal- Primeiramente o Cartório foi instalado em frente a casa da Maria Aparecida Lisboa e o Fórum era na esquina da rua Tenente José Marco de Albuquerque com a Salvador Rodrigues dos Santos e, logo em seguida, isto em agosto de 1976 com a inauguração do Fórum, o Cartório foi instalado dentro do próprio prédio, onde trabalhei até 1984, quando então ocorreu a cisão dos serviços – o Judicial e o Extrajudicial – e o Cartório passou a funcionar num prédio muito especial – onde hoje funciona a Policlin -. De lá viemos no endereço onde está até hoje em 1989.
J.A- Você poderia descrever a Angatuba da época de sua chegada, como era o povo, como foram seus primeiros contatos, houve assim alguma dificuldade de adaptação?
Natal- Angatuba era muito mais tradicionalista do que é hoje, pois à época havia poucas pessoas “de fora” residindo aqui, mas, com a inauguração da Papelok (hoje Klabin), tudo foi mudando paulatinamente. À época a cidade era provida de asfalto somente no entorno da Matriz, tudo o mais era terra. Era época de eleição municipal, tendo sido eleito Francisco José Rodrigues (o conhecido “Zé da Carmela), sucedendo o então prefeito Alfio Verardi. Com a vinda da Sabesp, foi criada uma melhor infraestrutura. Terminei o curso de Direito na FKB em Itapetininga, para onde viajávamos de Kombi e pude fazer grandes amigos com os quais convivo diariamente.
J.A.-O desenvolvimento do trabalho no próprio cartório também apresenta muitas mudanças, hoje, por exemplo, é tudo informatizado, mas houve uma época em que tudo se restringia às velhas máquinas de escrever, além de outras facilidades que não existiam. Conte-nos tudo isso.
Natal- É. Não era nada fácil, escrevia-se com caneta tinteiro ou à máquina (haviam ótimos datilógrafos), vindo a evolução inicial com impressões em gelatinas e só depois é que vieram os computadores. A informatização trouxe grandes benefícios não só prá nós que trabalhamos no Cartórios, mas também para a população, pois o que antes registrava-se em trinta dias, hoje registra em até dois dias.
J.A.-E seus primeiros colegas de trabalho, em Angatuba, quem eram eles, alguns estão por aquí ?
Natal- Além de colegas, fiz grandes amigos dentro de minha atividade. Sei que poderei ser traído pela memória, mas inicialmente foi trabalhar conosco o então professor Jonas Lúcio Ramos (o Jonão), o Dr. Valdevino Rodrigues e José Prado de Souza (in memorian) eram os Oficiais de Justiça. Colegas inesquecíveis, como a Marisa (esposa do Dr. Valdevino) e Neusa Zacarias, a Valdeli Ramos (Nenê), a Divanira e Lucy Assunção, Luzia Lopes Machado, Dr. Evaldo Rodrigues (hoje Delegado de Polícia), Sônia e Airton Vieira (já aposentados e empresários de sucesso), a Hilda Pires de Lemos, o Castelinho, Miltinho e os atuais Luiz Cicoti, Luiz Felipe, Egnaldo (Gui), Juliano e Juliana. Não poderia deixar de citar colegas com os quais convivi do Cartório de Notas, O Nilton, Alessandra, Emilia e os irmãos (não de sangue) Valdir Antonio Cerri e Adherbal Miranda Júnior.
J.A.– A conclusão disso tudo, Natal, como explicar o que representou e representa hoje Angatuba para você, afinal a luta continua, não é?
Natal- Há tempos atrás fui agraciado com o título de “Cidadão Angatubense” o que me traz muita honra e responsabilidade. Tenho 64 anos de idade, 50 deles em Cartório e 40 em Angatuba, daí denota-se que posso e me sinto muito mais angatubense. Praticamente minha família (muito numerosa) já esteve me visitando. Meus pais gostavam muito daqui. Desta terra sinto gratidão, fiz grandes amigos (alguns já se foram e dos quais tenho muita saudade, assim como de familiares), gratidão esta que estendo ao meu irmão Luiz André Cicoti – com quem trabalho desde que vim para Angatuba e também à minha sempre dedicada companheira de todas as horas, minha esposa Antônia Aparecida de Oliveira Cicote, a quem devo grande parte de meu equilíbrio.
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Bom sujeito, bom caráter, grande cidadão angatubense. A primeira Kombi a gente nunca esquece. Não foi nada fácil, pelo contrário foi uma época em que viver implicava em tirar leite de pedras, mas foi uma época que ajudou a temperar a personalidade de cidadãos do melhor e mais alto nível, como é o caso do Natal, que não falou aí na entrevista mas foi também jogador de futebol. A primeira Kombi não era nova mas era super conservada e a manutenção impecável, e até turbinada, embora no inverno entrasse pelos pedais do freio, embreagem e acelerador um vento tão frio que congelava até os pés do motorista, mas os passageiros, todos gente fina e hoje ilustres ( alguns, infelizmente já nos deixaram , Antônio Cesar e Dioracy Ribeiro), não podiam reclamar do tratamento vip, da pontualidade britânica, e muito menos do serviço de som ambiente, tocado por um Roadstar , reversível, de última geração, do qual eram assíduos frequentadores os melhores da época: ABBA, Bee Gees, The Carpenters, Ray Conniff …, pilotados por um Leão apaixonado por uma Rosa. Bons e e inesquecíveis tempos. Forte abraço, Amigão, Natal Cicote, saúde, paz, felicidade e muitos anos de vida, extensivo aos seus.