A prisão de 11 dos réus da Ação Penal nº 470, ocorrida na noite do último sábado, em nada altera nossa convicção quanto aos fatos que deram origem a mesma.
As denúncias de compra de apoio político no Congresso e de uso de dinheiro público para o sustento de tais acordos passaram a grande distância de serem comprovadas, a ponto de o Ministro relator do processo ter lançado mão de interpretações inéditas de teorias do direito penal.
O desprezo ao princípio da ampla defesa dos acusados, que não tiveram respeitado o direito fundamental a um julgamento justo e com duplo grau de jurisdição, a aplicação inovadora de uma nova interpretação da teoria do domínio dos fatos como único ou principal argumento para a justificativa de condenações, a determinação do início do cumprimento de pena sem que o processo tenha sido definitivamente concluído, tudo isso nos leva a crer que a defesa dos réus deverá avançar até a Corte Interamericana de Direitos Humanos, para que, enfim, tenham uma avaliação justa e imparcial dos fatos.
Os equívocos do STF não calarão nosso sonho de construirmos um país justo e solidário. O fim da AP 470 está distante e continuaremos a lutar pela verdade e pela justiça.
Aqueles que festejam as prisões de hoje, são os mesmos que engavetavam as denúncias de outrora, são os amigos da Casa Grande, os que exploraram nossas riquezas por quinhentos anos e que ainda se ressentem das sucessivas derrotas que vêm sofrendo nas urnas.
Por fim, reiteramos nossa convicção na necessidade urgente de realizarmos no Brasil uma profunda reforma nos sistemas político e eleitoral. São esses sistemas, construídos por aqueles que hoje se regozijam pela prisão de defensores da democracia, que permitem e estimulam a corrupção no país.