set 14, 2022 Air Antunes Artigos 0
Tudo bem que a rainha Elizabeth II, falecida recentemente, era simpática, uma figura pública que reunia qualidades inseridas de charme, elegância sóbria e elogiado caráter estadista. Sua morte movimentou a opinião pública do mundo todo, muita comoção entre as demais celebridades, mensagens de chefes de estado, choradeira plebéia, enfim, muitas páginas nos jornais e revistas e vídeos por toda mídia eletrônica. Com tantas primeiras páginas pelo mundo todo, a morte da rainha e o glamour monárquico mostrados acabam suscitando uma curiosidade em muitos: quem sustenta a monarquia inglesa? Como se sabe, monarquia no mundo todo, onde ainda existe, é formada, teoricamente, por um bando de gente bem vestida, bem alimentada, culta, que vive viajando, e que é sustentado por plebeus de seus países. Mas neste momento vamos nos deter na família real inglesa.
Sabe-se que o gasto ali é enorme. Mesmo na época da pandemia os custos não foram menores como se constatou em 2021. No ano passado houve um repasse de R$ 650 milhões para a realeza, sendo que uma parte desta soma está sendo direcionada para a reforma do Palácio de Buckingham, residência oficial do agora monarca. Prevê-se que a tal reforma vai durar mais 9 anos a partir de 2022. Resumindo, todo o dinheiro para sustentar a família real e manter seu aparato em todo Reino Unido sai do Sovereign Grant, “subsidio soberano” em português. Este subsídio é um imposto que cada plebeu paga sobre um grupo específico de propriedades urbanas e rurais, é como o IPTU de uma casa que não é sua, nem mora nela mas você paga o imposto. Do total arrecadado deste imposto pago por cada plebeu , 25% é destinado para a realeza se sustentar, para realizar suas festas nababescas, manter sua frota de veículos, suas viagens internacionais, suas roupas luxuosas e seus aprendizados acadêmicos. A previsão deste imposto para 2022 é de 86,3 milhões de euros, em reais R$ 549 milhões, 1,3% menos do que em 2021.
Entre os milhares de ingleses contrários a existência da Monarquia em seu país estão Colin Firth, ator que ganhou Oscar fazendo o Rei George 6º, pai da rainha Elizabeth II, no filme “O Discurso do Rei”; Daniel Radcliffe, famoso por interpretar o personagem Harry Potter no cinema; a banda de punk rock Sex Pistols em seu auge também se posicionou contra. Também são contra a monarquia, o cantor Morrissey, ex-Smith; o cantor Noel Gallagher, ex-Oásis; e o cineasta Danny Boyle, entre tantos outros artistas, esportistas, intelectuais, etc.
A justificativa para todos estes montantes destinados à realeza, segundo seus defensores, é a de que a monarquia gera mais lucro do que dispêndio. O culto às tradições atrai turistas do mundo todo para conhecer a Inglaterra, sua monarquia, incluindo castelos, troca da guarda no castelo de Buckingham; para ver a rainha (agora o rei) ou outro membro da realeza mesmo a distância, algo que coincidentemente pode acontecer; adquirir lembranças da coroa inglesa são coisas para as quais qualquer visitante não abrirá mão de gastar. Tem ainda a justificativa de que a família real mantém instituições de caridade assistenciais em toda sua comunidade, etc. e etc.
Qualquer cidadão no resto do mundo, em países que não têm monarquia influindo, poderá se indignar como a forma que se capta o recurso para sustentar a família real inglesa, porém, em alguns casos tais críticas podem gerar o conceito “telhado de vidro”, quem não o tem? O Brasil, por exemplo, tem um gasto para gerir a máquina pública muito maior do que os ingleses têm para fazer funcionar o seu parlamento e o conselho de ministros liderado pelo primeiro-ministro. As despesas com o custeio da máquina pública federal, no Brasil, alcançaram 0,53% do Produto Interno Bruto (PIB) no fim de 2021. Em 2019, por exemplo, Executivo, Legislativo, Judiciário, Ministério Público da União e Defensoria Pública da União gastaram R$ 1,373 trilhão.
O Laudêmio, um custo real brasileiro – No Brasil, pode ser somado também como custo da máquina pública o valor de um imposto chamado Laudêmio, ou a “taxa do príncipe”, mas algo exclusivo apenas aos moradores de Petrópolis. Apesar do país viver uma República desde 1889, a família real brasileira, os Orleáns e Bragança, ainda “mama” no dinheiro público. Quem mora em Petrópolis, onde está sediada a família real, paga o imposto criado por Dom Pedro II, o laudêmio, ou a “taxa do príncipe”. O imposto é cobrado porque a cidade foi o refúgio de lazer de Dom Pedro II durante o Brasil Império, por isso recebeu o apelido de Cidade Imperial. Ainda, de acordo com o laudêmio, quem vende os imóveis e terrenos em lugares mais valorizados da cidade é obrigado a direcionar 2,5% do valor da venda aos descendentes da antiga família imperial. O comprador só recebe a escritura do imóvel quando o imposto é recebido. O valor deve ser pago à vista e é recolhido pela Companhia Imobiliária de Petrópolis, administrada por herdeiros da antiga família real.
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