Publicado pela Chiado Editora, “O Paraíso Perdido”, livro de André Cezaretto que será lançado na Casa da Cultura de Angatuba neste sábado 25 de agosto às 21 horas, é um requinte literário para deguste daqueles que gostam de viajar nos mistérios, em tramas enigmáticas. Enquanto que atende à máxima aristotélica de que o enredo é o elemento fundamental da trama, o autor apresenta outro fator tão sedutor quanto a própria, que é o palco onde tudo se transcorre, a cidade de São Paulo, mas com um detalhe, a paulistana megalópole desde seus pontos e roteiros conhecidos, descritos quase que pedagogicamente, até seus túneis, suas paisagens inóspitas, mosteiros, etc.
A morte de um professor ocorrida misteriosamente fez com que seu velho amigo,igualmente colega de profissão, se debruçasse no caso, espontaneamente, se embrenhando a fundo numa investigação que leva a escritos aparentemente sem sentidos, a símbolos, fotografias e até à antiga planta da cidade de São Paulo. Reiterando, é interessante salientar que a trama é tão envolvidamente perfeita acerca desta São Paulo inimaginável quanto a cerne da questão protagonizada pelo assassinato do professor e a investigação correlata esta que, por sua vez, não irá se identificar com tantas outras marcadas pela rotina e resignadas a um futuro meramente estatístico nos arquivos das delegacias e nas páginas policiais.
Cezaretto, paulistano de nascimento, formado em História pela USP e Mestre em História Social, também um dos criadores do documentário “1932: Histórias de uma Guerra”, ex-professor da escola Planeta de Angatuba, com certeza não economizou seu status de estudioso acadêmico para posicionar criteriosamente o personagem, “professor Luiz”, diante inclusive de detalhes arqueológicos, de solo sagrado indígena, de planta antiga da cidade de São Paulo, de detalhes que poderiam desvendar o enigma da morte de seu amigo, o “professor Caio Rodrigues”.
Não é de se estranhar um esquadrinhamento minucioso que leva o “professor Luiz “ a se deparar entre outros objetos de investigação, com o Mosteiro da Luz, convento fundado no século 18 que tem em anexo o Museu de Arte Sacra de São Paulo; o Mosteiro São Bento, praticamente um símbolo de São Paulo com mais de 400 anos de existência; a Igreja Santo Antônio, localizada na Praça do Patriarca próxima ao Viaduto do Chá, fundada no final do século 16 tendo passado por várias reformas até sua fachada atual inaugurada em 1919; Catedral da Sé, mais especificamente a Catedral Metropolitana de São Paulo, localizada na zona central de São Paulo com construção iniciada em 1913 e concluída tão somente em 1967; Colégio dos Jesuítas, ou Pátio do Colégio que nada mais é do que um sítio arqueológico em que foi erigida a primeira construção de São Paulo; Igreja dos Enforcados, localizada no bairro da Liberdade e construída na segunda metade do século 19 sobre um cemitério; e, também, a Igreja da Boa Morte, localizada no centro de São Paulo, na rua do Carmo, e construída a partir do início do século 19.