abr 02, 2014 Air Antunes Ilustrada 0
Gilberto Freyre é um nome imprescindível para referenciar o Brasil na história, na cultura, na miscigenação. Quando o autor de O Xará de Apicucos, Gilberto Felisberto Vasconcellos, esteve em Angatuba , em 2007, para palestra e referiu enfaticamente Darcy Ribeiro, logo foi pensado retorno para que ele palestrasse acerca de Gilberto Freyre, retorno que não aconteceu mas que sempre se fará necessário. Aliás, tanto quanto reestudar Freyre, é importante para um entendimento mais apurado de Brasil, revisitar nomes como Florestan Fernandes, Antônio Cândido, Ariano Suassuna, Câmara Cascudo, tantos outros que expõem galhardamente um Brasil que poucos brasileiros conhecem mas que, não obstante, é o real.
Freyre, em seus aprofundamentos étnicos, destacou que o Brasil ao oficializar a abolição da escravatura , automaticamente, transferiu o negro da senzala para a favela. É fato que o favelado, vítima de um abismo social e econômico de dimensão incalculável, pouco se diferencia dos escravos em suas senzalas.
O xará de Apicucos é, além de uma extrema avaliação de fato sociológico do qual não podemos ignorar, um primor de estilo no qual Vasconcellos abrilhanta a narrativa de forma instigante. Com dedicatória ao cineasta Júlio Bressane, editado pela Editora Casa Amarela, O Xará de Apicucos é um forte fator de identificação entre as convicções ideológicas do seu autor e de Freyre , tanto que o “xará” do título é algo mais do que o fato de ambos chamarem Gilberto. Apicucos é o nome da cidade natal de Gilberto Freyre, em Pernambuco.
O autor de O Xará de Apicucos, Gilberto Felisberto Vasconcellos, é sociólogo, jornalista , escritor e professor adjunto da Universidade Federal de Juiz de Fora. É um intelectual que também mergulhou nos estudos sobre a Escola de Frankfurt, psicanálise, literatura, Karl Marx, György Lukács e teoria da dependência. Considerado aluno prodígio, doutorou-se pela Universidade de São Paulo em 1977 com a tese A Ideologia Curupira: uma análise do integralismo à luz da obra do professor Fernando Henrique Cardoso. A propósito, posteriormente, Vasconcellos tornou-se crítico mordaz à política de FHC.
O Xará de Apicucos- um ensaio sobre Gilberto Freyre
“No sul do país, o negro é tema ou objeto de reflexão sociológica rigorosa- porém não é língua, mesmo quando focaliza a ficção do século passado em torno da apotegma segundo o qual não há amor que dura sem mucama. Gilberto Freyre está para o Brasil assim como Sartre está para a França, segundo Darcy, no prefácio latino-americano de a Casa Grande & Senzala, em que ele acaba por fazer a psicanálise de si mesmo ao dividir o xará em dois: um artista e outro cientista. A admiração de Darcy cobra-lhe essa divisão fundada na volúpia de escrever. Há determinados momentos no prazer do texto em que a ciência claudica- vence o estilo!”
O Xará de Apicucos, para os angatubenses interessados, é encontrado na biblioteca pública municipal.
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