dez 18, 2017 Air Antunes Ilustrada 0
“À primeira vista, os Bragança quase pareciam caricaturas da realeza europeia da época. (….) Entretanto, esmiuçando mais suas histórias, deparamos uma família mergulhada na infelicidade, na insegurança e na frustração, fragmentando-se sob as pressões da era napoleônica”, escreve o jornalista australiano Patrick Wilcken no livro Império à deriva.
Em 1785, com apenas dez anos, dona Carlota Joaquina de Bourbon, princesa espanhola, foi escolhida para casar com d. João , com 18 anos, que ela odiava desde que o conhecera. Na hora do casamento, extravasou seus sentimentos com uma violenta mordida na orelha de d. João. E assim seria pelos quarenta anos seguintes. Apesar de tudo, tiveram nove filhos. À d. Carlota foram atribuídos vários amantes.
O historiados Oliveira Lima, carregando nas tintas, escreveu que “em d. Carlota de feminino havia apenas o invólucro. A alma poderia chamar-se de masculina, não tanto pelo desejo imoderado de poder e pelo cinismo, quanto pela pertinácia em alcançar seus fins e pela dureza. Os filhos herdaram-lhe a vida, o excesso de vigor animal, que ela nunca conseguiu, porém, inocular no marido, pacífico e comodista”.”
O casal não era modelo de beleza. D. João, de tez morena, baixo e gordo, cabeça grande e membros troncudos, tinha de aristocráticos apenas as mãos e pés pequenos. Unia o prazer espiritual da música litúrgica à paixão de ingerir grandes quantidades de carne, de veado e aves de caça. D. Carlota era baixa (menos de 1m50), de feições andalusas morenas irregulares, com excesso de pelos em volta dos lábios finos. Conspirou até para impedir a ascenção do marido ao trono e para assumir a regência. Na morte de d. João em 1826, aos 59 anos, acometido de vômitos, suspeitou-se de que ela o tivesse mandado envenenar.
Na avaliação de Oliveira Lima, “da dinastia nacional continua ele a ser o favorito. D. Pedro I impõe-se pela sua energia e bravura: d. Pedro II inspira mais veneração e fervor pela sua elevação moral e acrisolado patriotismo, mas com d. João o sentimento público faz menos cerimônia. Olha-o com uma certa dose de reconhecimento, um poucochinho de compaixão e uns toques de proteção”. Da publicação “A Construção do Brasil”.
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