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Padres: mensageiros de Deus ou dos interesses políticos ?

nov 24, 2014 Air Antunes Artigos 9


Padre em plena missa pede para fiéis não votar em Dilma Roussef. Mais recentemente outro padre afirma de seu púlpito que “Dilma é um demônio”.  Determinado político e seus aproximados querem a influência do padre na decisão do eleitorado e, então, o “representante de Deus” opta em atender. Há quem ache difícil não atender quem tem mais dinheiro. Esses são apenas alguns casos atuais em que o clero atua como militância política, nada diferente do que corre no país desde o seu descobrimento. O clero sempre foi, continua sendo, elemento de fundamental importância nos destinos políticos do país mas, nessa vinculação, houve pouco ou praticamente nada em algo que se revertesse a favor dos pobres. Aliás, pobres são a principal matéria prima no fazer político dos “coronéis” existentes até nos dias atuais, de políticos corruptos e daqueles que jamais querem que o povo se politize, que se eduquem, porque como disse o ex-ditador da Nicarágua, Anastázio Somoza, “governar um povo burro torna as coisas mais fáceis para o governo”.

Nesta nefasta intervenção de padres (também muitos bispos) na política, a opção deles  quase sempre recaem sobre quem mais tem bens materiais, e assim as palavras de Mamon, o “deus do dinheiro”, fala mais alto do que as palavras de Cristo, no Novo Testamento, quando o filho de Deus ensina a “repartir o pão”, a se apegar menos à matéria do que no espiritual.

No filme “O Dragão da maldade contra o santo Guerreiro”, clássico do Cinema Novo, de 1969, dirigido por Glauber Rocha, o personagem Antonio da Mortes, um jagunço sanguinário, chega a uma cidade do sertão nordestino para matar Coirana,  cangaceiro que busca a justiça social. O jagunço foi contratado por um poderoso coronel que domina toda a localidade, mas quando chega não o encontra o mandante, e ele quer  receber antes de fazer o serviço. Quem resolve o problema é o padre, que pega o dinheiro da oferta dos fiéis  da humilde capela e adianta ao facínora.

No estado de Minas Gerais havia uma a expressão, “comi igual um padre”. Isso decorre dos padres das cidadezinhas estarem sempre à mesa dos lautos almoços e jantares dos poderosos, almoço na casa de um coronel, jantar na casa de outro, lapidando assim a pretensão política daqueles que querem o povo sempre atendendo a máxima do “é só bater no cocho que o gado vem”, com a gravidade de que nunca esboçam qualquer esforço para que o povo se eduque, que tenha cultura e vida digna.

Caetano Veloso em “Podres Poderes” discorre, “Será que nunca faremos confirmar/ A incompetência da América Católica/Quem sempre precisará de ridículos tiranos (….) Será que esta minha retórica/Terá que soar, terá que se ouvir/Por mais zil anos/ …Enquanto os homens exercem / seus podres poderes/índios e pobres e bichos/Negros e mulheres/E adolescentes/Fazem o carnaval“.  Se a preocupação da Igreja fosse mais pelos pobres e não houvesse bajulação alguma aos coronéis, Caetano não teria composto esta canção e estaríamos privados dessa sua arte, o que não teria problema algum diante de um povo que não estaria privado de necessidades. A igreja também não seria o maior latifundiário do mundo e a “América católica” com certeza viveria requintes de “América norueguesa”, “América suíça”, ou seja  de “América desenvolvida”.

Alguns padres nos dias de hoje representam fielmente o clero quando esse nada fez para erradicar a escravidão, quando apoiou o nazismo e fechou os olhos para o holocausto contra o povo judeu, quando apoiou a ditadura militar e não se pronunciou contra as torturas. Lembremos de Mateus 7:15-20 ,que afirma: “Guardai-vos dos falsos profetas, que vêm a vós disfarçados em ovelhas, mas interiormente são lobos devoradores. Pelos seus frutos os conhecereis. Colhem-se, porventura, uvas dos espinheiros, ou figos dos abrolhos? Assim, toda árvore boa produz bons frutos; porém a árvore má produz frutos maus. Uma árvore boa não pode dar maus frutos; nem uma árvore má dar frutos bons. Toda árvore que não produz bom fruto é cortada e lançada no fogo. Portanto, pelos seus frutos os conhecereis”.

Contudo, reconheça-se os setores progressistas da igreja como quem realmente apregoa a verdadeira palavra de Cristo em relação ao pobre, saudemos dom Pedro Casaldaglia, dom Helder Câmara, dom Aldo Morelli, dom Paulo Evaristo Arns, Padre Cícero Romão Batista, Frei Betto, Leonardo BCOPIA 1off, e todos aqueles que na missão sagrada apresentam os mandamentos de Deus como apoio na luta contra o sofrimento. Que sejam saudadas as palavras de Cristo e as mensagens do papa Francisco.

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9 thoughts on “Padres: mensageiros de Deus ou dos interesses políticos ?”

  1. Helena 5 de dezembro de 2014 at 12:39 am

    Se realmente isso aconteceu, devemos rever nossos conceitos com relação a esse padre que tão bem recebido foi. A bíblia (palavra de DEUS) diz que Jesus cristo entregou a vida para nos libertar, principalmente os humildes e pobres sofredores, da perseguição maldosa buscando justiça. Sem comparar com JESUS, relacionem:
    Quem deu a vitória para Dilma?
    R: O povo humilde e pobre em sua maioria, os mais próximos da absoluta FÉ…
    Sabemos que não há governo perfeito, mas temos que saber que o governo,por mais que haja problemas, aquele que defende os pobres, humildes e sofredores com certeza está mais próximo de DEUS.
    Porque Dilma teve o voto , em sua maioria dos menos favorecidos?
    R: porque não deu as costas aos nossos irmãos.
    Dilma, mesmo politicamente mostra espiritualidade convincente pelo foco de atitude. A VOZ DO POVO A VOZ DE DEUS…

    Reply ↓
  2. Fiel Católico 25 de novembro de 2014 at 7:52 pm

    Estou ficando descontente com algumas coisas que estou vendo dentro da igreja, e o padre não está nem aí, ele até apoia. É melhor ficar quieto, a corda sempre rompe do lado do mais fraco.

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  3. Maria Helena 25 de novembro de 2014 at 4:03 pm

    Olha eu estava nessa missa de Domingo a noite e realmente ele disse que a Dilma è filha do encardido, nossa fiquei indignada, tudo bem que eu não votei na Dilma,mas o padre deveria respeitar quem votou nela.

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  4. Air Antunes 25 de novembro de 2014 at 11:15 am

    Acho dispensáveis as intervenções políticas de um padre, na missa, especialmente quando elas se configuram tendenciosas, mas este espaço é democrático e está aberto a quem quiser justificar seus prós e seus contras, de forma educada e diplomática, logicamente.

    Reply ↓
  5. Prof. Simões 25 de novembro de 2014 at 12:00 am

    Pensei que, ao menos aos olhos da Igreja, todos fossem filhos de Deus… Portanto, quem destoa dessa pregação serve, sim, a outros interesses, mais afetos às urnas do que à espiritualidade…

    Reply ↓
  6. Alcides 24 de novembro de 2014 at 6:59 pm

    Será verdade isso ? Não acredito que a nossa Igreja Católica tenha virado tb palanque eleitoral da extrema direita reacionária, embora tenha passado por Angatuba padres de todos os tipos, consta até que um deles amaldiçoou a cidade para todo o sempre, com a tal “praga do padre”.

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  7. luiz antonio machado 24 de novembro de 2014 at 3:30 pm

    que horror se isso for verdade,que esse padre parece de nome Rogerio,falou que Dilma e filha do demonioé necessario que os superiores dele saibam disso e inclusive a presidenta Dilma.

    Reply ↓
  8. Fiel Católico 24 de novembro de 2014 at 2:55 pm

    Eu também fico chateado com isso Liliane. A igreja de Angatuba, se depender do padre, vai virar cabo eleitoral do prefeito que está aí, se é que já não virou.

    Reply ↓
  9. Liliane 24 de novembro de 2014 at 2:42 pm

    Ontem na missa o padre falou que a Dilma é filha do encardido, fiquei chateada com essa atitude,não é a primeira vez que o senhor padre faz esse tipo de comentários em suas homilias.

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