Está havendo uma consciência no meio político protagonizado por vários prefeitos de diferentes partidos, que acena com sinais de esperança de um futuro melhor para a humanidade, algo que nos faz acreditar novamente que o sonho não acabou, e que uma realidade mais justa e humana ainda é possível. Estamos aqui destacando a decisão de vários chefes de executivos municipais, que estão optando por vida mais saudável para seus cidadãos ao deixar de investir recursos em supérfluos, no circo, em eventos que, além de nada melhorar na qualidade de vida do povo, são instrumentos para assegurar suas reeleições, apenas isso.
No estado de São Paulo, como em outras unidades da federação, prefeitos estão deixando de gastar em festas caras, em carnaval, para dar fôlego ao sistema de saúde adquirindo ambulâncias, contratando médicos, comprando remédios, pagando melhor os funcionários do setor; estão optando em iniciar obras, como casas populares, e as terminando dotadas de boa qualidade; em melhorar as estradas rurais; em pavimentar ruas com material de qualidade, e não com restos das usinas que produzem o asfalto e, enfim, preferem não gastar com o supérfluo e, consequentemente, em não superfaturar valores para dividir o lucro com o grupo, configurando nisso um assalto à mão armada ao cofre público.
Saudemos os prefeitos que até deixaram de queimar fogos na passagem do ano para investir o dinheiro na saúde ou em outras prioridades. Saudemos as populações destes municípios, que entenderam a decisão de seus prefeitos e até os incentivaram na iniciativa.
Vale ressaltar que, principalmente nos médios e pequenos municípios, nas tais festas de aniversário , o recurso para as comemorações é basicamente do cofre público que, às vezes, não consegue nem pagar salário digno ao seu funcionalismo, quanto mais manter a dignidade de setores como o da saúde, da educação,etc.
Ao contrário, nos grandes eventos nacionais, ou das grandes metrópoles, a parceria é grande além de multimilionária. Por exemplo, o carnaval do Rio de Janeiro é bancado por Embratur, Riotur, associação de hotéis e restaurantes que não deixa de ser uma organização poderosa, e ainda tem a Rede Globo que paga faraônica soma para ter direito às transmissões exclusivas dos desfiles, ela que paga gordos cachês para as escolas de samba, e sem falar ainda em patrocinadores glamurosos como as indústrias de cerveja, entre outras. Aliás, não apenas o carnaval do Rio, todos os grandes acontecimentos, inclusive os esportivos, como Copa do Mundo e Olimpíada, o patrocínio reside na casa dos bilhões, enquanto que as administrações públicas se restringem basicamente aos apoios logísticos.
Não se quer aqui afirmar que o carnaval, uma festa que na teoria brota da espontaneidade festiva do cidadão e que em outras épocas não dependia de recursos públicos, não deva ser realizado, ou a comemoração do aniversário da cidade, mas que tais realizações, diante do sofrimento do povo com falta de atendimento médico decente, principalmente, em algumas localidades com catástrofes naturais, não lesem o cofre público deixando à míngua tudo aquilo que é vital para a sobrevivência do cidadão carente.