mar 01, 2014 Air Antunes Artigos 1
MAURO SANTAYANA
Temos, sim , por que nos envergonhar do que ocorreu em 1964 e em todos os anos que se seguiram. Todos militares e civis, sacerdotes e ateus, mulheres e homens, de esquerda e de direita, do governo e da oposição, que vivemos aquele tempo, temos, uns menos, outros mais, culpa pela supressão dos ritos democráticos.
Como diriam os anarquistas, não houve inocentes, e, se os houve, eles também cometeram o pecado do conformismo. Responsáveis foram dirigentes políticos de esquerda, que avaliaram mal a correlação de forças e pretenderam queimas etapas, ainda que o fizessem com os melhores sentimentos humanos, como os da igualdade e da liberdade.
A História costuma ser implacável contra os que violam seu ritmo e suas razões. Responsáveis, e com muito maior dolo, foram os que se aliaram aos estrangeiros, esquecendo os nossos interesses nacionais e os nossos valores, e se uniram aos Estados Unidos, no confronto da Guerra Fria, com o argumento de que as fronteiras eram ideológicas e não geográficas.
As nossas razões eram as de não tomar partido algum na disputa entre os brancos nórdicos, e muitos brasileiros, em nome dos ideais de justiça e igualdade, defendiam- mesmo depois do relatório Kruschev contra Stalin – a política externa russa. Devíamos ter tido posição mais ativa no Grupo dos Não Alinhados. Isso não nos impediriam de continuar fazendo negócios com Moscou e com Washington, como, aliás, americanos e soviéticos sempre fizeram entre eles.
Temos, sim, que nos envergonhar. Também foram responsáveis os que aplaudiam, nos estádios, o general presidente, enquanto nas masmorras, jovens e velhos, mulheres e homens, intelectuais, como Mário Alves, jornalistas como Vladmir Herzog, e operários, como Manuel Filho, eram torturados e trucidados. Lembro-me do que me disse dom Paulo Arns, sobre aquele tempo. Contou-me que, ao visitar, em São Paulo, as presas políticas, depois de ouví-las, queixou-se ao diretor do presídio. Ele se desculpou, dizendo que elas exageravam, e que devia descontar uns 50% em suas queixas. Dom Paulo lhe disse, então, que se apenas 5% do que se queixavam fossem verdade, todos os culpados pelo que elas sofriam, incluídos ele e o interlocutor, deviam ser condenados ao inferno. Responsáveis foram os veículos de comunicação que não só aplaudiram a repressão como com ela colaboraram e apoiaram o sistema autoritário, durante o período mais sangrento daquelas duas décadas.
Anistia, voltamos a lembrar, é esquecimento. Mas não podemos negar aos que perderam os seus filhos, pais e irmãos, naqueles anos pesados, o direito de saber onde foram sepultados, e as circunstâncias de sua morte. É da cultura de todos os povos o respeito e a veneração aos mortos. Assim é de seu direito resgatar seus restos e lhes dar sepultura, a fim de a eles levar lágrimas da saudade.
Temos, sim, que nos envergonhar, e muito, todos os que vivemos aquele tempo. Não fizemos o bastante para evitar que homens como Manuel Filho e Vladmir Herzog fossem mortos, da forma como foram, sem nem mesmo o direito à honra do combate.
É hora de venerar os heróis que combateram de peito aberto os inimigos em Guararapes, como lutou e morreu Marcílio Dias, na Batalha do Riachuelo, e como pelejaram os heróis da FEB na Itália, mas, acima de todos, Caxias, o grande pacificador nos desencontros internos, que, uma vez vitorioso, recomendava a imediata anistia política aos revoltosos.
Mauro Santayana foi correspondente na Europa (1969 a 1973). Foi redator-secretário da Última Hora (1959), e trabalhou nos principais jornais brasileiros, entre ele a Folha de São Paulo (1976-82), de quem foi colunista e correspondente na Península Ibérica e na África do Norte.
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jul 06, 2023 0
maio 31, 2023 0
Resumo da ópera: o gollpismo-ditatorial terminou no Banco Perpétuo dos réus da “Comissão da Verdade”, e o partidarismo-eleitoral terminou no Banco dos Réus do STF. E agora, Josés, Joãos e Marias ? Mas os PIGs nativos não se dão por achados, e já estão tentando inventar outros mais “salvadores da pátria”. Desta feita já estão se enveredando para os lados de Joaquim Barbosa. E a FSP/UOL já faz até enquetes para saber se o mesmo deve ser ou não candidato na próxima eleição. Fala sério, que país é este, Renato Russo ? Pela enquete, vê-se que o partidarismo-eleitoral e o gollpismo-ditatorial, com o PIG à bordo, velhacos, estão em palpos de aranha, não têm mais canidatos, nem pela via 171 e nem via gollpismo. Tá feita a coisa na casa do partidarismo-eleitoral e do gollpismo-ditatorial. Será que a casa está caindo ? Será o estágio final da decadência terminal ? Serão os estertores da decadência dos modellos. CHEGA DOS MESMOS e suas mesmices.XÕ Tio Sam. Agora nós temos o Projeto Novo e Alternativo de Nação e de Política-partidária-eleitoral (RPL-PNBC-ME), amadurecido, testado e aprovado,ao longo dos últimos vinte anos, não prescisamos mais de “salvadores da pátria” de última hora. Agora estamos blindados. Não cairemos mais em novos 171 eleitorais. Xô Tio Sam, vá cuidar de limpar o seu próprio quintal que tb está sujo à beça, muito mai do que o nosso que, doravante, será passado à limpo, como propõe o HMM,com RP-PNBC-ME. Esta sim deveria ser a enquete não isso que aí está, UOL ?