Tem sido corriqueira ultimamente, em Angatuba, a difusão de noticiários em maior intensidade, algo que transcende a própria capacidade dos órgãos de comunicação registrados do município em divulgá-los. Devemos considerar que numa cidade de quase 25 mil habitantes as fontes não são muitas, elas se resumem praticamente em prefeitura, câmara municipal e em esporádicas vezes a polícia local em todos seus âmbitos com os acontecimentos representados por roubos e acidentes de trânsito, e ainda nas agendas dos acontecimentos emitidas por quem os promovem. Mas também não será pela exiguidade das fontes que os temas precisam ser explorados a bel prazer pelo noticiador, em especial destes que ignoram as perguntas básicas do jornalismo ( o que?; quando?; onde?; e por que?) mesmo porque o que eles pretendem mesmo é ser parte integrante da trama, não se restringem a ser apenas o narrador. O fazem até movidos por interesses próprios, porque têm “birra” do prefeito ou seja lá de quem mais ou são parte integrante de algum grupo político que tenta descaracterizar e até ridicularizar a atual administração, e nisso tudo exibindo, sem qualquer constrangimento, vocabulário escasso e erros de português de que fazem doer até a alma. Enfim, é um verdadeiro terrorismo gramático noticioso, um festival de sensacionalismos.
Com o advento das redes sociais, o Facebook em especial, tais mídias, lembrando aqui Umberto Eco, “deram o direito à fala a legiões de imbecís que, anteriormente, falavam só no bar…enquanto agora têm o mesmo direito à fala de que um ganhador do Prêmio Nobel”. Enquanto jornalismo, este adultera-se quando põe no mesmo plano o espetáculo, o entretenimento e o discurso do público, no caso, comentários dos mais ordinários; interagir sim, mas esculhambar não faz parte de natureza civilizada. Não se pode noticiar algo apenas pra ver uma situação “pegar fogo” , antes de ser observado o que realmente proporcionou o fato, isso é irresponsabilidade, é mau-caratismo, é a caracterização de uma guerra que só visa abater alguém ou alguma instituição, nada mais que isto. Não importa se a mídia é impressa ou eletrônica e mesmo devidamente registrada, a irresponsabilidade jornalística é uma situação de gravidade sem tamanho e, pior ainda, a tal gravidade se amplia imensuravelmente quando os “escribas” são os oportunistas de plantão que vão ao Facebook em forma de fakes ou do reconhecidamente pseudojornalismo.
Atualmente, no Brasil, há pouca restrição para o direito de noticiar, mas mesmo assim se exige capacidade para tal, o conhecimento da linguagem jornalística, do vernáculo (língua nacional), o conhecimento esmiuçado do fato , conhecimento amplo, técnica de redação jornalística e, principalmente, ética e imparcialidade. Ouvir o outro lado é necessário, a não ser que o “outro lado’ seja como o prefeito anterior que negava informação a quem ele considerava “imprensa do contra”. Também é necessário conferir se a informação é idônea, se ela se compõe de todos os elementos que a tornam de interesse público, se há embasamento documental, ou seja, se já foi oficializado nos diários oficiais do estado, da união, em notas de tribunais de contas ou da justiça, etc. Agora, é complicado levar ao público o que se ouviu no bar, nas esquinas, de uma fonte que não quer se identificar, ou dos famigerados “ouvi falar”, “estão falando”, etc.