Nós somos seres egóticos.. Nós, em essência, somos um ser subjetivo que possui milhões de anos. Não possuímos consciência de todo o passado porque tais informações foram depositadas, por nós, em uma parte da memória que fica inconsciente para o atual papel que desempenhamos. Não somos o corpo físico e nem uma alma vivente e sim um ser egótico que foi se formando nos planos da materialidade.
Os egos possuem a chave para abrir esse arquivo secreto da memória milenar, mas prefere não abri-lo, pois possui um prazer sem limites em representar os seus atuais papéis, sempre jogando para a parte submersa da mente as representações que deixou de vivenciar.
Uma simples reversão da nossa percepção exterior para um olhar interno provoca o emergir de toda a nossa memória passada, pois, ela é uma energia viva que nunca se apaga. Os obstáculos que impedem a visão da interioridade são as sedimentações dos atuais papeis egóticos que são representados nesse atual período, mas essas barreiras ou obstáculos, muitas vezes são quebrados com o auxílio das plantas sagradas.
Podemos também dizer que as memórias passadas estão submersas devido à própria vontade do ego para não se ver frente a frente com os milhões e milhões de papeis que foram desempenhados, que podem ser traduzidos por tristezas atrozes para o ego, assim sendo é mais leve viver a atual representação sem nenhuma volta ao passado anterior a atual vida do ego. Um simples ato hediondo que praticamos nessa vida, poucos anos passados, podem nos trazer tristezas profundas, imagine, portanto, milhões de atos e ações que se perdem nas brunas do tempo. A própria defesa egótica coloca todo o passado anterior a essa vida no estado de hibernação.
Toda a nossa história passada está, portanto, submersa no inconsciente que é representado na mitologia grega pela caixa de Pandora, sendo que Pandora foi à primeira mulher criada por Zeus e recebeu uma caixa que continha todos os males que não podiam ser desfeitos. Foi avisada para não abri-la, mas não resistindo à curiosidade abriu a caixa deixando todos os males escaparem, passando a ser afligida por eles. A liberação da antiga memória não melhora as condições da atual vida do ego, mas aumenta as diversidades devido às dores profundas que passam para o nível consciente.
O ego sempre foi e será ego, tendo uma vida impossível de passar por transformações, pois sua própria estrutura é a materialização de vivências conjunturais e efêmeras.
Marcos Spagnuolo Souza, graduado em Administração de Empresas pela Faculdade de Ciências Administrativas, graduação em História pela Faculdade Belo Horizonte. Especialização em História, Filosofia e Sociologia. Mestre em História pela Universidade Federal de Goiânia. Doutorado em Filosofia da Educação – American World University. Sócio diretor do Instituto de Pesquisa do Noroeste Mineiro LTDA. Professor Universitário