fev 08, 2014 Air Antunes Ilustrada 0
O Brasil mudou de regime político ontem, quando um movimento de militares e civis encabeçado pelo general Deodoro da Fonseca destituiu o gabinete do Visconde de Ouro Preto e apeou o imperador dom Pedro II do posto que ocupou por 49 anos. Apesar de preparados para o confronto- canhões foram alinhados diante do Quartel-General da Guerra, onde estavam os ministros-, os revoltosos transformaram o Brasil na mais nova República do continente americano praticamente sem violência alguma. Apenas se registrou um incidente com o ministro da Marinha, Barão de Ladário, que resistiu a uma voz de prisão e acabou ferido a tiros, porém sem maior gravidade. Nomes como o do tenente-coronel Benjamin Constant e dos jornalistas Aristides Lobo e Quintino Bocayuva figuraram desde o início no centro das conspirações, que havia meses também se desenrolavam no Clube Militar. Deodoro superou graves problemas de saúde para atender aos apelos dos colegas de farda e liderar a revolta. Os atos determinando a queda da Monarquia e a instituição da República só foram assinados no final da noite.
Jornal do Senado de 2009 alusivo à Proclamação da República destacou o útimo evento social realizado pela Monarquia. Na íntegra, embaixo.
Dez mil litros de cerveja, 304 caixas de vinhos, champanhe e bebidas diversas, 500 perus e 64 faisões, 20 mil sanduíches e 14 mil sorvetes. Reunidos para um baile na Ilha Fiscal, uma minúscula porção de terra a poucos metros do continente, na Baía de Guanabara, os mais de três mil convidados comeram e beberam à vontade na noite de 9 de novembro de 1889, em um regabofe que tornou-se célebre como o último suspiro do Império.
Inicialmente marcado para 19 de outubro – e adiado por causa da morte do rei Luís I de Portugal, sobrinho de Dom Pedro II- o Baile da Ilha Fiscal era uma homenagem aos oficiais do navio chileno Almirante Cochrane, fundeado bem próximo. A ilha foi enfeitada com balões venezianos, lanternas chinesas, vasos franceses e flores brasileiras.
Enquanto, ao som de uma banda instalada ao bordo do navio chileno, os convidados dançavam valsas e polcas madrugada adentro, não muito distante dali, no centro da cidade, os republicanos reuniam-se no Clube Militar, presididos pelo tenente-coronel Benjamin Constant, tramavam a derrubada do Gabinete Imperial, liderado pelo Visconde de Ouro Preto.
Ao lado da família imperial, o visconde distribuía sorrisos na Ilha Fiscal, ao receber a família imperial no cais. Dom Pedro II chegou fardado de almirante, acompanhado da imperatriz Teresa Cristina e do príncipe dom Pedro Augusto. A princesa Isabel e seu marido, o conde D´Eu, chegaram um pouco atrasados, mas o vestido da princesa foi mais elogiado que o da própria imperatriz.
Outro autor, Marcos Rey, diz no livro Proclamação da República que, ao entrar no salão, dom Pedro teria escorregado e sofrido uma profética queda. Uma semana depois, estaria embarcando para a Europa, afastado do Poder.
Em torno do Baile da Ilha Fiscal, formou-se uma profusa mitologia, que muitos historiadores ainda não conseguiram decifrar. É quase certo que parte dos recursos que seriam destinados para combate à grande seca no Nordeste no ano anterior tenha sido desviada para custear as vultosas despesas da festança. E uma coluna humorística do jornal carioca O Paiz registrou , no dia 12, que o pessoal encarregado da limpeza encontrou, espalhados pelo chão do palacete, condecorações perdidas e até peças de roupas íntimas perdidas.
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