Nesta terça-feira jornais de todo país destacaram a outorga do Prêmio Camões de literatura ao escritor brasileiro Raduan Nassar. Idealizado por Portugal, o troféu literário exclusivo para a língua portuguesa chegou num momento em que Raduan ganha novas traduções, ele que já tinha livros traduzidos na França, Alemanha e Espanha. “Lavoura Arcaica”, “Um Copo de Cólera” e uma reunião de contos, a sua obra, no entanto a dimensão de seu acervo deve ser mensurada, como justificou o júri português que lhe outorgou o prêmio, pela “força poética de sua prosa”. No Brasil a comunidade literária e os amantes da literatura se orgulham por Raduan, no entanto, para a região (Sudoeste Paulista) que já foi cognominada “Somália Brasileira”, “Ramal da Fome”, inclusive na qual ele mora, seria oportuno neste momento enaltecê-lo pelo maior legado que aqui deixou, uma fazenda doada para a instalação do campus universitário Lagoa do Sino, da Universidade Federal de São Carlos UFScar.
Raduan, que neste ano fez uma rara aparição, no Palácio do Planalto, em Brasília, para expor sua solidariedade à presidenta Dilma Roussef, manifestando-se contra o golpe, sem dúvida alguma pode ser considerado aquele que propiciou um dos dois maiores acontecimentos ocorridos na região, o campus universitário Lagoa do Sino. Até, então, nada havia ocorrido de especial desde a chegada dos trilhos da estrada de ferro Sorocabana (um ramal) na região.
Quanto à importância do campus, algo que abriu oportunidades para jovens da região (apenas de Angatuba são em torno de 50), que colocou estas bandas no mapa das grandes universidades, o que há de se lamentar fica por conta do velho ranço regionalista que ignora o comprometimento socialista pelas classes e regiões mais pobres; o compromisso do governo do PT que garantiu a instalação deste bem de imensurável importância.
Quem sabe, o peso da literatura de Raduan vá contribuir também para que, no futuro, a classe política regional e a população viciada no tucanato venham a refletir sobre o quanto ignorantes foram!