maio 14, 2017 Air Antunes Artigos 0
ANA REGINA NOTO
O transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH) é um diagnóstico caracterizado por desatenção, hiperatividade e impulsividade. Geralmente tem início na infância, podendo comprometer o desempenho escolar, a autoestima, o sono e as relações pessoais. Com o passar dos anos, dependendo de uma série aspectos, pode influenciar a vulnerabilidade para o uso arriscado de álcool e de outras drogas.
A prevalência de TDAH é cerca de 3% a 8% entre da população escolar. Ocorre entre meninos e meninas na mesma frequência. A identificação dos casos de desatenção e hiperatividade varia de acordo com a cultura e o contexto, assim como com a pessoa que avalia. Ou seja, uma pessoa pode considerar como excessivo um comportamento que outra vê como natural. Em contextos escolares que exigem alto desempenho e disciplina, casos de TDAH tendem a ser identificados como um problema maior.
No início da idade escolar, o TDAH é caracterizado por maior dificuldade de manter o foco de atenção e constantes episódios de distração. Na adolescência, pode estar acentuada a inquietude e a dificuldade da memorização dos conceitos escolares. Se não estiver cuidado, o adolescente pode estar mais vulnerável a comportamentos de risco, como acidentes e uso precoce de álcool ou outras substâncias.
Não se sabe muito bem como e porque a associação com o uso de drogas acontece. Talvez possa ser buscado como forma de automedicação para aliviar os sintomas do TDAH. Outros consideram que os dois comportamentos são expressões das mesmas vulnerabilidades , como, por exemplo, aspectos genéticos e psicossociais. Porém, quando ocorrem juntos, o TDAH e o uso excessivo de álcool ou outras drogas aumentam os riscos para a saúde e qualidade de vida na adolescência.
Os cuidados com as pessoas com TDAH implicam abordagem múltipla, com início assim que os primeiros problemas foram identificados. As intervenções são de natureza psicossocial, psicoeducacional e médica. As famílias devem buscar informação profissional e orientação em relação como lidar com as demandas do filho no dia a dia. O mesmo cuidado deve envolver o sistema educacional. A escola deve participar do processo de cuidado ou, em alguns casos , até a mudança do contexto escolar deve ser considerada. Acompanhamento psicoterápico é recomendado . O uso de medicamentos, se necessário, deve ser cuidadosamente ponderado. São frequentes os casos de uso excessivo ou indevido . Por exemplo, quando equivocadamente usados como forma de contenção química para forçar a criança a se enquadrar em um sistema de alta exigência disciplinar. O equívoco é que, nesses casos , aconselha-se a mudança de contexto ou orientação ambiental como primeira opção.
No Brasil, a Associação Brasileira do Défict de Atenção (ABDA), criada pelos próprios portadores de TDAH, tem o objetivo de disseminar informação e apoio para as famílias. Também existem vários núcleos de pesquisa e estudo em universidades brasileiras. Saber identificar e cuidar adequadamente é um grande diferencial para o desenvolvimento saudável, favorecendo as condições de vida dos portadores de TDAH e de seus familiares.
Ana Regina Roto é professora adjunta do departamento de psicobiologia da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e coordenadora da Campanha Nacional sobre Drogas nas Escolas Superiores.
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