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Por que ensinar valores?

dez 13, 2013 Air Antunes Artigos 0


           

 CELSO ANTUNES  

 

Celso Antunes(1)Dizer  a  uma  criança  de cinco anos para que coma  salada,  porque  salada  “faz  bem”  não a induz a devorá-la. Se o fizer, fará para  agradar  a  mãe ou, pior ainda, comerá  salada “apesar de detestá-la”, porque ainda que não ouse  revelar,  tem   medo  da  mãe.   A  criança não gosta  das  saladas  não     porque  a  química  que compõe seu  organismo  a  rejeita , mas   sim   porque  não compreende porque deve comer salada. As palavras da mãe não garantem a convicção  e  em  seu nível de conhecimento, comer   salada  não faz qualquer sentido, ao contrário, por exemplo, de entupir-se de guloseimas. Em verdade, quem  recusa  a  salada  na  criança   não são as  suas células gustativas que caracterizam o paladar, mas seu cérebro, pois o cérebro humano jamais aceita o que não lhe faz pleno sentido.

A referência à salada e a circunstância da criança são apenas   exemplos    simbólicos. Em  qualquer idade, somente gostamos do que possui sentido e por esse motivo não somos capazes de decorar um punhado de palavras     esdrúxulas,    como   por exemplo “murufratagitrari, ,    brucutrape, saratripiu”, mas guardamos  com  carinho o recado gostoso de que “amanhã será domingo de sol e a praia nos espera”. Se pensarmos  bem, a aparente dificuldade  da  memória para registrar  os   dois recados acima  é  absolutamente a mesma, mas  fixamos  a  segunda  e   não  a  primeira  porque a segunda faz sentido. Em síntese, o “combustível” do cérebro humano é sempre a “significação” e quando tentam nos enfiar  na  memória   frases     sem   essa essência, reagimos como reage a criança diante da salada imposta.

É por esse motivo que é importante ensinar valores.

Os valores não são, como habitualmente se pensa, atributos desejáveis ao ser humano, ou fundamentos da dignidade da pessoa, ou objeto de escolhas morais, ou qualidade que pode fazê-lo mais ou menos bonito no contexto social.   Ao   contrário,    os  valores são os alicerces da humanidade, a essência da preservação da espécie e o “alimento” que integra   e   faz    prosperar os grupos sociais.   Mais   que  isso, “Valores” são, em última instância, aquilo que pode ser  vivenciado como algo que faz sentido e, dessa forma, como tudo quanto dá razão à vida. A vida biológica do homem, tal como  a  vida  biológica  da  mosca,  não  necessita   ser vivida. Representa simplesmente uma circunstância evolutiva, um acidente orgânico e, dessa forma, basta durar apenas o tempo para  se      reproduzir. Com  essa  missão  orgânica  concluída,  a  vida  não tem mais  motivo  e  morrer  ou não constitui apenas um acidente que termina um outro que a gerou.

Mas, o homem não é apenas constituído por uma vida biológica. É uma  vida que alcança a plenitude do sentido porque ama, sofre, constrói,  se zanga, se surpreende, foge da tristeza, anseia pela felicidade, cultiva  a  simpatia,  exibe   compaixão, embaraça-se, assusta-se com a culpa, cresce com o orgulho, mortifica-se com a inveja e por isso tudo causa espanto e admiração, indignação ou desprezo. Sem sentir-se “inundado” pelas emoções  e  pelos  valores, a vida não é vida  e se fosse possível não tê-los, bastava ao homem passar pela vida  e não viver”.É por esse motivo, insistimos, que é importante ensinar valores.

Mas se não  se  duvida  dessa  importância, é essencial que se descubra que ensinar valores tal como se insiste com a criança que coma  salada, implica em sua rejeição ou, pior ainda, em um domínio sem  compreensão, uma  aprendizagem  sem  significação,  logo    rejeitada  pelo  cérebro.

Valores não se ensinam, pois, com conselhos.

Nada contra os conselhos. Se bonitos e bem intencionados até que não ficam  mal em quem quer que seja. Mas, acredita-se que possam ser “apreendidos” representa  uma  outra  história. Os valores, tal como as saladas, precisam de momentos certos para serem mostrados e, sobretudo, necessitam de exemplos para serem explorados, circunstâncias  específicas  para  que  sejam  compreendidos, ambientes emocionalmente  preparados  para  que  sejam  discutidos.   Assim como não  se  discute  a  boa intenção da mãe em tentar empanturrar seu filho de cinco anos de saladas, também não se discute a intencionalidade de se ensinar valores de forma discursiva. Isso até pode ser satisfatório para a consciência de quem transmite, mas certamente é inútil para o cérebro de quem acolhe. Se é que acolhe.

Celso Antunes– Escritor, bacharel e licenciado em Geografia pela Universidade de São Paulo;  especialista  em  Inteligência  e           Cognição  e  Mestre  em  Ciências Humanas; membro da Associação Internacional pelos Direitos da Criança Brincar (Unesco), único brasileiro  participante  do   Projeto   Embajadores de Lá Educacion, que promove, em diferentes países, um movimento a favor de uma transformação  no  contexto pedagógico mundial.

 

 

 

 

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