out 16, 2017 Air Antunes Artigos 0
GILBERTO FELISBERTO VASCONCELLOS
A reforma da Previdência remonta ao fundador do PSDB, Franco Montoro, pródigo em acumular aposentadorias. Dele proveio o PMDB sibarita que atua de acordo com a financeirização dos centros imperialistas. Essa financeirização do capital exige a superexploração da força de trabalho na periferia. É essa sangria neoliberal que dá no arrocho PEC- previdência, contando com a falta de solidariedade entre os trabalhadores e massa sobrante sem emprego. A história do Brasil ensina que a classe dominante é cruel desde o trato com os escravos.
Os setores cultos e cínicos da classe dominante estão inteirados da impossibilidade de absolver a população trabalhadora. Os tanques e as armas de Israel são utilizados para reprimí-las como acontece no Rio de Janeiro do PMDB fascistóide.
A burguesia brasileira está viciada em repressão policial. O capitalismo for export reprime o subproletariado. O sadorrentista Henrique Meirelles coaduna-se, como se fosse um enlace libidinal feito um para o outro, com Temer, o ex-secretário de segurança de São Paulo.
Inegável é o pendor fascista da pequena burguesia enlouquecida e empobrecida. Nas Forças Armadas das últimas décadas, dirigidas por civis desfibrados e despolitizados, não se vislumbra a liderança popular nacionalista contra a política liberal da finança, como queria o cineasta Glauber Rocha ao apontar para o caráter corruptível da burguesia civil e vende-pátria. Esta não se constrange (e nisso está sincronizada ao espírito bacharel do Supremo Tribunal Federal) com o genocídio do povo.
Trabalhador é bagaço. A burguesia quer lhe suprimir o repouso do domingo. O trabalhador deve economizar para ter sua futura aposentadoria. Antes de ficar velho, melhor é ir para o tombo. A lógica é punir o proletariado: sou miserável porque pequei. Karl Marx tinha razão: as idéias não existem separadas a linguagem. Previdência, prover, preparar-se para quando não tiver mais força para ser explorado.
Afinal, o que é o trabalhador? Para o capitalista o que interessa é o trabalho, não o trabalhador. Henrique Meirelles se julga um trabalhador. Sarcasmo à parte, será que foi por isso que Lula o convidou para dirigir o Banco Central? Meirelles é a personificação típica do subdesenvolvimento, nascido no cafundó de Goiás, representa o capital financeiro da metrópole. O dinheiro que engendra dinheiro acaba por imprimir-lhe traços fisionômicos perversos. Nunca participou do ato da produção, e sim da inatividade do capital especulativo. O vampiro de Goiás é o mentor da reforma da Previdência. Leonel Brizola o apontou como representante nocivo da tirania do capital financeiro internacional.
Lula está na baixa, mas nem por isso um historiador idôneo deve deixar de lado o significado da ruptura de Leonel Brizola com o seu governo, que se deu quando Henrique Meirelles assumiu a direção do Banco Central com o propósito de convertê-lo numa instituição autônoma, sabendo o que ocorreu na Argentina com o Banco Central dirigido pelo anglófilo Raul Prebisch.
O lance memorável foi o seguinte: “Lula”, Brizola disse, “com meirelles no Banco Central meu partido está fora de seu governo”. É curioso que ninguém tenha prestado atenção nesse personagem até então na sombra e desconhecido que de repente surgiu como uma espécie de deus ex machina.
O Bank of Boston não queria que Leonel Brizola participasse do governo Lula. Este fez a opção pelo tecnocrata da financeirização do capital monopolista. Lula aderiu às perdas internacionais. Henrique Meirelles não mudou de uma hora para outra: burguês em Boston e trabalhador em Brasília. Leonel Brizola não levou na brincadeira a preferência de Lula, expulsou do PDT Miro Teixeira, então ministro do governo petista. Viu o governo Lula do ponto de vista do tabuleiro mundial, como gostava de dizer Bautista Vidal. Com Meirelles no Banco Central, o companheiro Lula, despontando na greve do ABC e no sindicato multinacional anti-getulista, não rompeu com o regime econômico instalado em 1964.
O signo colonial corporificou-se com a nomeação de Henrique Meirelles para dirigir o Banco Central, que é o lugar por onde se processa a espoliação internacional no País. É possível imaginar o que rolou no crivo analítico do líder gaúcho lembrando-se do marechal Castelo Branco e do economista Roberto Campos. O homem é o trono , segundo Napoleão Bonaparte. Chegou combalido ao poder, enredado no mesmo mecanismo imperialista do golpe de 64 que consolidou o domínio do capital internacional.
O tecnocrata Henrique Meirelles foi importado do estrangeiro. É o mesmo lance de Roberto Campos com a abertura democrática. Não sabemos se Dilma se perguntou por que perdeu o poder, se é que em algum momento teve o poder. O retorno de Meirelles, ministro da Fazenda, faz a ponte de ligação entre Lula e Temer, sem mencionar o seu perfil anfíbio: metade tucano, metade petista, enfim, petucano.
O capitalismo monopolista apresenta uma dupla face que não existia quando da deposição de João Goulart durante a Guerra Fria: a crise agônica do combustível fóssil e a devastação ecológica do planeta causado pelo CO2 poluindo a atmosfera. Desde 1979 tudo que estava acontecendo entre nós tinha alguma relação com a questão energética e ecológica do capital monopolista. Para didatizar a compreensão quanto à geopolítica do trópico, Bautista Vidal e eu escrevemos o livro “Petrobrás-um clarão na história”. O presidente Geisel, lembrava Bautista Vidal, sofreu amnésia quanto ao Pro-Álcool, o que de mais importante aconteceu em seu governo. De Geisel a Temer, a Petrobrás tem sido a estrela maior da crônica policial.
A Petrobrás internacionalizou o rentismo baseado em produtos primários. O regime da exportação agrobusiness sustentou o programa Bolsa Família. Embora esse programa assistencialista não ameaçasse a classe dominante.
A verdade histórica é a seguinte: o povo tem que trabalhar menos e ganhar mais. O resto é conversa de urubu com bode. De Caros Amigos.
Gilberto Felisberto Vasconcellos, jornalista, sociólogo e escritor
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