Devido a problemas financeiros a prefeitura de Angatuba não conseguiu passar pela câmara projeto que viabilizava verba para as escolas de samba Maracatu e Liberdade. Cada escola receberia R$ 35 mil, e por conta disso o domingo carnavalesco ficou restrito apenas ao show de uma banda na praça da matriz. No sábado, o alvoroço ficou por conta do bloco Vai Quem Qué, que não saia desde 2009. Apesar de toda propaganda fomentada, da decoração bastante vistosa e colorida nos caminhos carnavalescos, ainda houve críticas e, como sempre, divididas pelos que querem ajudar e por aqueles que querem ver o circo pegar fogo. Mas é bom destacar aqui, que uma administração pública municipal está muito acima do carnaval que ela promove, seja a festa de qualidade ou não. Ou seja, não é a performance carnavalesca que irá ser parâmetro de avaliação para definir se uma gestão pública é boa ou não, inclusive é bom ressaltar que muitas prefeituras concedem apenas apoio logístico à festa, raríssimas repassam verbas. Parafraseando Geraldo Vandré quando disse numa edição do Festival Internacional da Canção, por volta de 1967, que “a vida não se resume a festivais”, podemos dizer que a vida não se resume a carnavais.
Todos sabem, ou deveriam saber, que a atual administração municipal herdou uma herança maldita, alguma coisa capaz de desestabilizar as finanças do município por muitos anos, só quem está lá dentro conhece a real situação, um tsunami conseguiu atingir Angatuba deixando sequelas das mais profundas. Não há dúvida alguma de que o tradicional carnaval angatubense, tão dependente dos cofres públicos, tão sequioso pelo peixe dado e não pela vara de pescar, também iria sentir o impacto. A prefeitura, naturalmente, fez e faz o que podia fazer, não mais do que isso, não se pode gastar o que não tem, e é até imoral a produção de um carnaval glamuroso quando muito tem que se fazer pela saúde, quando se tem que concluir as obras das 212 casas que a administração anterior deveria ter concluído em 2011; quando se tem que pagar estudantes (mesmo que não seja obrigação oficial) que viajam diariamente para outras cidades; quando se tem que recuperar as ruas da cidade pessimamente restauradas pela gestão passada e assim por diante.
Pelo lado da administração, é lógico que repensar detalhes nunca é demais, a idoneidade precisa manter-se ilibada, afinal de contas a honestidade foi o jargão principal da campanha. A gestão atual jamais pode ser acusada , ou denunciada, por crimes não cometidos, por irregularidades da gestão anterior cujas a população não tem conhecimento, ao menos em sua totalidade. Não pode ser esquecido também que a gestão vigente se fez por via ideológica e não por interesses de grupo ao estilo “bezerrada”.
Pelo apoio dado por pessoas decentes, pelas melhores cabeças desta cidade, a atual administração pode se considerar mais forte do que os blá blá blás acerca do carnaval, é mais forte do que o carnaval local e o de Campina do Monte Alegre juntos e misturados; do que os incultos e mal intencionados fakes; do que a orquestralização inimiga tão intensa e constante; do que a crise financeira, e, confia-se, mais forte do que tudo aquilo que tenta manchar seu caráter e sua moral.