Público na expectativa pelo bloco Vai Quem Qué na noite deste sábado (10/02). Foto Nicolli Basile.
O carnaval, em especial este de 2018, vem sendo em vários pontos do país uma espécie de canal de extravasamento popular quanto à política. No nível nacional a folia dos grandes centros, principalmente, tem mostrado manifestações contrárias à luta de classes em que se transformou o país, o povo está indignado contra a falta de imparcialidade do judiciário, contra a mídia tendenciosa sempre a serviço da oligarquia, contra o golpe que impôs um presidente impostor e , consequentemente, um congresso tomado pela corrupção e, finalmente, contra aqueles manifestantes emoldurados com camisetas da seleção brasileira, “paneleiros”, parceirizados com a Fiesp e seus patos amarelos, que agora estão calados, configurando assim que o objetivo não era acabar com a corrupção mas sim com a sequência de um programa de governo de índole socialista.
O extravasamento em nível local, em Angatuba, inserido na edição carnavalesca de 2018, não direciona à questão nacional, tem outro contexto, pretende resgatar a cultura tal como a de décadas atrás, pretende mostrar que festa se faz mais com a espontaneidade popular, com talento e criatividade, do que unicamente com o dinheiro público, e mesmo porque, principalmente no momento político nacional, a crise econômica é uma realidade inquestionável, valendo reiterar que a tal foi fomentada única exclusivamente pelo afã golpista que não aceitava uma política de justiça social que vinha sendo realizada desde 2002. É interessante afirmar categoricamente aos angantubenses que a referida crise é tanta que nem a administração que realizou megas rodeios-shows os realizaria novamente caso continuasse no poder.
Se em nível nacional a indignação prevê o resultado da preferência popular em relação às próximas eleições, em nível local o carnaval edição 2018 prevê o resgate da cultura em todas suas nuances. É certo que o carnaval, tal como se realiza no Brasil, tem uma natureza menos cultural do que turística, para os foliões ele é a oportunidade exclusiva de “foliar” tão somente, de extravasar física e emocionalmente antes que a quarta-feira de cinza chegue para alertar que tudo voltará ao normal a partir dali. No caso de Angatuba o resgate cultural, como citado acima, vislumbra aquela cultura que propiciou o Projeto Cinema no Bairro, as edições da Noite da Seresta, as noites sertanejas, o rock na praça como manifestação da cultura mundial, as oficinas de artes plásticas respaldadas pela Oficina Cultural Grande Otelo de Sorocaba (vinculada à Secretaria de Estado da Cultura), a participação mais efetiva de Angatuba no Revelando São Paulo de edições notáveis no Parque da Água Branca, na capital paulista; as participações angatubenses no Mapa Cultural Paulista em modalidades como teatro, literatura e artes plásticas; as apresentações de peças teatrais de grupos locais e de outras cidades; a banda de música bem estruturada material e artisticamente e alunos angatubenses se formando no Conservatório Musical de Tatuí, e assim por diante.